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segunda-feira, outubro 27, 2008

Serra cresce; Lula, Aécio e o PT enfraquecem.

Do resultado deste segundo turno eleitoral saem várias lições políticas: a primeira, sem dúvida, é que a democracia continua sendo o melhor regime político e quanto mais eleições, muito melhor.

A segunda reafirma a primeira e nega a qualquer facção ideológica uma pretensa hegemonia. Lula pode ostentar até 80% de aprovação, que seja, mas estas eleições mostraram que prevalece a diversidade política, para usar um designativo tão caro àqueles que imaginavam ter o poder absoluto.

Portanto, nunca antes neste país se viu tanta diversidade assim. Não de raças e cores, de bichos e de florestas, mas diversidade essencialmente política, a mostrar que qualquer arremedo autoritário de Lula e seus sequazes, a bordo daquilo que denominam “reforma política”, será refutado pela maioria da sociedade brasileira.

Outro ponto importante. O eixo de suporte ao poder durante toda a história da República, fincado nos grotões sob fidelidade canina do voto do cabestro é hoje o fiador do poder daqueles que se auto-proclamam progressistas. Refiro-me à performance do petismo nas áreas social e culturalmente mais tacanhas do Brasil. Logo ele, o PT, outrora vestal da ética que condenava o coronelismo, transformou-se numa agremiação política que se sustenta numa pretensa política de promoção social, a qual não passa de marketing ordinário baseado nos valores do politicamente correto. Por isso logrou sucesso com base numa política do passado.

Produto do desenvolvimento capitalístico, de base sindical e que se desenvolveu na área mais industrializada da Nação, o PT migrou para os grotões, enquanto a parcela mais esclarecida da população, aquela mesma que empurrou Lula para o segundo turno nas últimas eleições presidenciais deu sinais inequívocos de que se reorganiza e galvaniza as aspirações de um setor de classe média antes sintonizado com as propostas que ecoaram a partir da luta sindical paulista.

A mesma São Paulo que deu vida ao PT emerge desta eleição sinalizando para a Nação que deseja avançar na democracia. Sim, na democracia e não no democratismo pregado pelo PT.


Sinaliza que deseja a lei e à ordem e não o desrespeito sistemático à Constituição, o deboche das instituições democráticas, como os escândalos do mensalão, dos dossiês, dos grampos telefônicos, das operações espetaculosas da política federal, das greves, das badernas e das invasões de propriedades privadas.

Não são os grotões que estão falando alto. É São Paulo, o coração econômico e cultural do Brasil. São Paulo sozinho é um país, um país desenvolvido, como de resto é o Sul brasileiro.

A vitória de Gilberto Kassab em São Paulo é como virar a página da história política do Brasil. Não pelos simples fato de derrotar Marta Suplicy e seu petralhas. Isto não é um jogo, ainda que processo eleitoral possa ter, vá lá, o seu aspecto lúdico.

Além de São Paulo, que é o emblema desse rotundo não às políticas clientelísticas e demagógicas de viés carismático, vem do Rio de Janeiro o recado mais limpo das urnas: Fernando Gabeira, sozinho, sem máquina partidária e/ou governamental, por pouco não liquidou a fatura.

O governo do Estado do Rio e o Poder Central tiveram que jogar tudo para evitar a derrota de Eduardo Paes, esse menino já conhecido, apesar de contar apenas com 38 anos de idade, como o maior trânsfuga da política brasileira. Tanto é que ao comemorar à meia-boca a sua vitória, dirigiu encômios à Lula, sob o olhar meio sem muita graça do governador Sérgio Cabral.

Enquanto isso, em Belo Horizonte o prestígio pessoal de Aécio Neves acabou conseguindo anular o oponente de Márcio Lacerda, o surpreendente Leonardo Quintão, que chegou perto de derrotar o governador e o prefeito da capital mineira. Lá também a vitória de Lacerda não significou para Aécio, nem de longe, o que a performance de Kassab representou para José Serra.

A vitória de Kassab em São Paulo foi limpa, sem acordos com o PT, enquanto em Belo Horizonte a vitória obtida por Aécio com seu candidato está maculada pela fétida nódoa petralha, pela aposta na hegemonia de um só pensamento e numa unidade que aniquila a diversidade política que é a essência da democracia.

A rigor, o PT perdeu ou não chegou a pelejar no segundo turno eleitoral nas principais cidades do Brasil.


Em Porto Alegre, velho reduto do petismo, os gaúchos disseram não em sua maioria ao PT e aos ditos esquerdistas que gravitam em torno dele. Aqui em Florianópolis o PT sequer chegou perto de ir ao primeiro turno, embora tenha conseguido vencer em Joinville, mas perdeu na Capital e em cidades importantes como Blumenau, Rio do Sul, Jaraguá do Sul e Chapecó.

Na Bahia, governada pelo PT, o candidato vitorioso foi do PMDB. E assim por diante.

No Sul, incluindo São Paulo, ficou assim: Porto Alegre e Florianópolis têm prefeitos do PMDB; Curitiba do PSDB e São Paulo do DEM.

Vendo o processo político brasileiro, ainda no calor dos resultados eleitorais do segundo turno, é possível tirar então algumas conclusões com vistas às eleições presidenciais de 2010: quem sai mais forte dessa contenda é, sem qualquer dúvida, o Governador José Serra.


O maior capital político hoje está nas mãos do governador paulista. Salvo pelo gongo, Aécio ainda vai espernear mas lhe sobra, no máximo, a eventual condição de vice-presidente na chapa de Serra.

E o PT o que fará? Nessas alturas poderá até mesmo costurar um esquema com Aécio. Entretanto, a tentativa à mineira parece não ser a estratégia mais adequada.


Restará a Lula e seus sequazes, como nunca antes neste país, tratar de administrar a fantástica crise financeira que vai corroendo tudo e que desnuda a real situação do Brasil.

A liderança carismática é sempre problemática. O líder, para obter o consenso e o apoio das massas, é obrigado a protagonizar seguidas façanhas, até mesmo aquelas tidas como sobrenaturais. Mas homens, carismáticos ou não, são apenas homens. Um dia tudo se acaba e tudo se renova num torvelinho sem fim.

É a vida.

13 comentários:

Anônimo disse...

Perfeita sua análise.

Não se engana o povo todo em todo o tempo. Um dia a casa cai. E ela começou a desabar para os petralhas.
Vc tem parte importante nessa vitória da Democracia.

Alexandre, The Great disse...

Bela análise, Aluízio!
A crise mundial ainda irá desvendar muitos "véus" que embaçam a vista da maioria dos brasileiros. E, a cada dia, o rei ficará nu diante de mais pessoas.

Sobre liderança carismática posso dizer que a ÚNICA de que se tem notícia de haver transcendido o ídolo e se transformado em racional-legal foi aquela exercida há 2 mil anos atrás.

Unknown disse...

No início a elite e a classe média de São Paulo votava no PT, hoje o PT perdeu a elite, a classe média e os trabalhadores de São Paulo. Perdeu também seu berço, Santo André derrotou o PT com um candidato fraco, só não perdeu em São Bernardo porque gastou lá o que se gastaria para eleger um presidente.

Boa semana

Beijo

Agora esse 80% de popularidade, não desce.

Anônimo disse...

Embora eu não tenha ido votar em São Paulo, paulista que sou da safra de 1948, fiquei extremamente feliz ao constatar a surra que a dona flor e seus dois maridos levaram.
Hoje cantarei como os Rolling Stones - Satisfaction
Oh! happy day!

tunico disse...

Aluizio, embora os cientistas políticos ligados a quantidades e estatíticas, digam que o PT cresceu, na realidade o que assistimos foi a vitória da qualidade. Todo o Centro Oeste-Sul-Sudeste em seus grandes centros, rejeitou o petismo na pior acepção desta palavra. Aqui em São Paulo, o petismo desapareceu literalmente nas grandes cidades do interior como Santos, Sorocaba, Campinas,Ribeirão Preto, cidades com mais de 500.000 habitantes. No ABCD, os petralhas ficaram só com o B e o D. Perderem (e feio) em Santo André, terra de Celso Daniel, foi sintomático.
Por fim, o grande vencedor político na realidade foi o PMDB.Assim, Lula et caterva podem botar as barbas de molho pois estão literalmente nas mãos do PMDB essa agremiação "saco de gatos" que agora vai exercer até 2010 a maior chantagem fisiológica jamais vista neste país.

Anônimo disse...

Grande Aluizio

E o PUN?
Virou PUM!

Fogo nos botocudos. SEMPRE!

patriota

Stefano di Pastena disse...

Excelente análise, Aluízio. Definitivamente, você não faz parte daquele partido que o Reinaldão esculhamba hoje em seu blog, o PCB (Partido dos Colunistas Brasileiros)...Começando pelo intragável Gaspari, TODOS acham que o PT saiu-se bem nas eleições...Patéticos, nojentos, cínicos!

Anônimo disse...

VAMOS COMEMORAR.... dia 27 de outubro !

O DIA NACIONAL DA HIPOCRISIA,

QUE FOI SUGERIDO PELO LUIS IGNACIO...

vamos homenageard maior hipócrita 'nestepais' desde que

Cabral aportou por aqui!!!! e lembre-se, hoje é dia do seu aniversário,

nada mais justo para comemorar o dia >




repasse para seus amigos!!!!! vamos fazer este dia inesquecível!!!!

Anônimo disse...

Quem também saiu enfraquecida nessa eleição foi a "mãe" Dilma. Todos os candidatos em que ela subiu no palanque se ferraram.
Como disse o Reinaldão, parece que ela não transfere o que nunca teve, votos.

Anônimo disse...

Amigos.

O PeTralha LULA (molusco) já esta tomando café frio no seu palácio.

E não adianta reclamar.

Bacaria

Anônimo disse...

Aluízio,

Gostaria de entender sua antipatia com o Aecio - sei que o cara não é nenhum santo, contudo, ele é infinitamente "menos pior" que o Serra que não passa de um Lula de boca fechada (mesma arrogância, prepotência, ignorância e principalmente autoritarismo). O novo modelo de nota fiscal de São Paulo é um tapa na cara da liberdade econômica.

Sinceramente, caso Serra vença a eleição em 2010 os brasil seguirá uma bangüela rumo ao socialismo bolivariano...

Espero estar errado...

Anônimo disse...

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Não sei qual a diferença que fará no geral, mas só em saber que esse verme pertence ao PT e à turma do "simidão" e foi derrotado com a minha ajuda, é um prazer indescritível. Fora Pinheiro, fora verme!
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Aluizio Amorim disse...

Não tenho antipatia em relação ao Aécio. O que eu estou dizendo é o óbvio. Ou seja, analiso em cima de fatos. Esse estranho cruzamento de oposição X petismo é um tapa na cara do que resta de inteligência no Brasil. E foi refutada por boa parte do eleitorado de Belo Horizonte. Outro dado que apresento e que não tem nada de original é outro fato que está na cara: seja bom ou ruim, o fato é que José Serra saiu-se fortalecido do processo eleitoral.
Agora querer colocar José Serra no mesmo patamar de Lula, em termos de conhecimento e inteligência, aí não dá, né?
E querer dizer que Serra continua patinando no esquerdismo é outra bobagem, justamente porque ele não é um idiota, ainda que possa ter muito defeitos.