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quarta-feira, julho 21, 2010

PARA OS AMIGOS, SIGILO; PARA OS INIMIGOS, DEVASSA. (Não deixe de ler este post)

Há pouco, alertado por um leitor do blog, fui ao site do Estadão e milagrosamente encontrei um artigo que diz tudo, assinado pelo chefe dos editorialistas do Jornal da Tarde (Grupo Estadão), jornalista e escritor José Nêumanne. Faço a transcrição após este prólogo, não sem antes fazer notar que é necessário perscrutar com inaudita atenção sites, blogs e jornais da grande imprensa nacional para encontrar algo que valha a pena ser lido, que retrate a realidade e que cumpra a função do jornalismo que é se ater aos fatos e não aos delírios ideológicos ou ao deletério e vergonhoso oportunismo.

O artigo de Nêumanne foi diretamente ao ponto, sem falar no fato de que é um texto denso, tem estilo. Não aquele estilo vazio falacioso, utilizado para fazer crer que o articulista é isento e imparcial. Ora, a isenção e a imparcialidade têm de ter compromisso com os fatos. E não adianta a plasticidade de um texto se o seu conteúdo é vazio, quando não puramente interesseiro e mentiroso como temos visto como nunca antes na história deste país na imprensa brasileira.

A mixórdia intelectual é tão grande que, por exemplo, o grupo Folha de São Paulo em todos os veículos que oferece ao público brasileiro, não possui em seus quadros nenhum articulista, nenhum editorialista, nenhum jornalista da estatura de José Nêumanne.

O Brasil emburrece a olhos vistos. A estupidez e o kitsch deram-se as mãos. Assiste-se de forma patética e melancólica o triundo da maldade e sobretudo da mentira, enquanto o jornalismo brasileiro se esvai pelo ralo do esgoto feito chorume.

Leiam o artigo de José Nêumanne, cujo título é o mesmo que dou a este post. Dedico este post aos jornalistas da Folha de São Paulo e também do próprio Estadão:


Nem a chuva nem o fenômeno do encolhimento da multidão (o PT esperava 100 mil, mas só mil pessoas foram a seu comício no Rio, sexta-feira) arrefeceram a disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de desrespeitar o "império da lei", definição de qualquer democracia que se preze. Diante dos mil gatos molhados pelos pingos da chuva que o aplaudiram, mas ignoraram a presença de sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff (PT), Sua Excelência vociferou contra "uma procuradora qualquer aí" que, segundo ele, tenta inibir sua presença na campanha.

Só que essa violação do juramento que ele fez em 1.º de janeiro de 2003 e repetiu quatro anos depois ? o de obedecer e fazer cumprir o sistema legal sob a égide da Constituição da República ? não se manifesta apenas nas palavras do chefe supremo do petismo no poder, mas mais ainda nas ações de seus correligionários. Para ficarem no poder eles têm feito tudo e mais um pouco. E não serão o pudor nem as normais legais que os inibirão. Comprova-o o caso Eduardo Jorge Caldas Pereira. Esse cidadão era secretário-geral da Presidência nas gestões de Fernando Henrique Cardoso e hoje é vice-presidente do PSDB, legenda pela qual o ex-governador de São Paulo José Serra disputa a chefia do governo que Lula ocupa e quer, de qualquer maneira, entregar à sua ex-ministra Dilma.

Em 2001, na vigilante e competente oposição que fazia, e que o PSDB e o DEM não sabem repetir depois que Lula assumiu o governo, o PT escolheu esse tucano de pouco poder e menos visibilidade como alvo de investigações a respeito de malversação do dinheiro público. Os petistas acusavam-no de chefiar uma rede de influências para beneficiar empresas. A denúncia foi encampada pelos procuradores da República Luiz Francisco de Souza, que passou a ser chamado de Torquemada, sobrenome do frade dominicano, caçador de bruxas, perseguidor de judeus, inquisidor-geral nos reinos de Castela e Aragão e confessor da rainha católica Isabel, e Guilherme Schelb ? ambos muito conhecidos à época pela pertinácia com que perseguiam "malfeitores" na gestão pública.

As denúncias foram publicadas pela Folha de S.Paulo, processada pelo acusado. Em 2006, o jornal foi condenado pelo juiz Fabrício Fontoura Bezerra a pagar-lhe R$ 200 mil, porque ele nunca sequer chegou a ser acionado na Justiça por tais acusações. Ao longo de cinco anos, segundo relatou o juiz na sentença, as investigações abertas contra ele pelo Ministério Público Federal, pela Receita Federal, pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Fiscalização e Controle do Senado Federal e pela Corregedoria-Geral da União nunca encontraram algum crime que pudesse haver cometido.

Eduardo Jorge representou ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra os procuradores cujas suspeitas se tornaram matéria-prima das publicações que o juiz considerou caluniosas. Em 2007, esse conselho os suspendeu por 45 dias e, dois anos depois, a pedido do persistente Eduardo Jorge, reconheceu ter sido este vítima de perseguição pessoal por ambos. Desde então, ninguém mais ouviu denúncias de nenhum deles.

E não têm faltado, em sete anos e sete meses de República petista, assuntos que eles pudessem investigar, se seu objetivo fosse de fato o interesse público. Souza e Schelb, por exemplo, nunca se propuseram a apurar se é verdadeira a delação do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ), de compra de apoio parlamentar pelo governo no episódio ? sub judice no Supremo Tribunal Federal (STF) ? conhecido como "mensalão". Da mesma forma, a isenção missionária de ambos não os levou a denunciar os responsáveis pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Pereira, cujo único delito conhecido é o de ter testemunhado que vira o então ministro da Fazenda Antônio Palocci, do PT, frequentar assiduamente uma mansão suspeita em Brasília.

O doce ostracismo em que vive hoje essa dupla que já foi malvada só perde para a completa impunidade gozada por Waldomiro Diniz, cujo crime confesso de tentar achacar um empresário da jogatina nunca foi investigado pela solerte Polícia Federal (PF) nem pelo ex-implacável MP do Distrito Federal. Mas isso não quer dizer que as sentenças favoráveis ao vice-presidente nacional do PSDB tenham arrefecido o ânimo dos contumazes quebradores do sigilo de adversários dos arapongas militantes a serviço do PT no poder. Desta vez, cópias das declarações do Imposto de Renda (IR) de 2005 a 2009 de Eduardo Jorge integravam um dos quatro dossiês preparados pelo "grupo de inteligência" da campanha de Dilma.

O secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, foi convocado a depor na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, à qual disse que já foram identificados os servidores responsáveis pelos "cinco ou seis" vazamentos ocorridos. A imprecisão dessa "informação" já denota por si só o pouco-caso com que ele lidou com as explicações que tinha de dar aos senadores. E também se negou a dar seus nomes antes do fim das investigações, prometido para 120 dias. Ou seja, para depois do segundo turno da eleição presidencial, disputada por um candidato do partido do qual a vítima da quebra de sigilo é dirigente e pela candidata para quem trabalhavam os suspeitos de terem violado esse direito pétreo do cidadão. Neste ínterim, o corregedor-geral da Receita, Antônio Carlos Costa d"Ávila Carvalho, reduziu pela metade (e, mais relevante, para antes do pleito de outubro e novembro) o prazo dado pelo secretário: 60 dias.

Até o terrível comissário Laurenti Beria, que a serviço de Stalin se comprazia em atirar na nuca de "inimigos do povo", morreria de inveja dos colegas petistas que violam o sigilo alheio em terminais de computadores e usufruem o inviolável direito de serem mantidos em segredo pelo espírito de corpo do chefe direto e pelo desprezo a tudo o que não lhe convier do chefão geral.

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5 comentários:

Anônimo disse...

Alô Aluizio
Este Eduardo Jorge vai acabar ficando rico às nossa custas.
Vai ganhar tanto processo contra o "governo"que nós é que pagaremos e não a máfia lá instalada.
E ninguém irá prêso.
abraços

karlos

Anônimo disse...

O Cartaxo apresentou a tese de que falar o nome da servidora seria quebrar o seu sigilo. Mas o sigilo já teria sido quebrado pela funcionária, a mando de alguém superior, evidentemente, e o que estão fazendo de fato é conferir foro privilegiado à servidora faltosa. O Babalorixá da Banânia acabou de falar na TV a mesma tese idiota, misturando alho com bugalhos, em que se procura expandir o sigilo fiscal aos servidores faltosos que quebram este sigilo, como se foro privilegiado tivessem. Dá realmente para entender que a ordem partiu, uma vez mais, da própria Dilma, da maoísta-destemperada em carne e osso.

Alexandre, The Great disse...

Se isto não é um Estado Ditatorial, então defina um, por favor.

Anônimo disse...

O Sr. José Nêumanne se esqueceu de acrescentar que os procuradores foram suspensos por 45 dias mas seus salários não!!

Anônimo disse...

O EStado policial petista.
O Texto, Amorim, excelente.
Escreve muito bem, relatou os fatos de uma maneira claríssima.
Parabens. Ainda existem bons jornalistas,raro, mais existem.