Pouco antes de deixar a prisão, no dia 19 de fevereiro, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) fez um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. ISTOÉ teve acesso às revelações feitas pelo senador. Ocupam cerca de 400 páginas e formam o mais explosivo relato até agora revelado sobre o maior esquema de corrupção no Brasil – e outros escândalos que abalaram a República, como o mensalão.
Aqui a parte inicial da reportagem-bomba da revista IstoÉ. É impressionante e devastadora:
Com extraordinária riqueza de detalhes, o senador descreveu a ação decisiva da presidente Dilma Rousseff para manter na estatal os diretores comprometidos com o esquema do Petrolão e demonstrou que, do Palácio do Planalto, a presidente usou seu poder para evitar a punição de corruptos e corruptores, nomeando para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) um ministro que se comprometeu a votar pela soltura de empreiteiros já denunciados pela Lava Jato.
O senador Delcídio também afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha pleno conhecimento do propinoduto instalado na Petrobras e agiu direta e pessoalmente para barrar as investigações - inclusive sendo o mandante do pagamento de dinheiro para tentar comprar o silêncio de testemunhas. O relato de Delcídio é devastador e complica de vez Dilma e Lula, pois trata-se de uma narrativa de quem não só testemunhou e esteve presente nas reuniões em que decisões nada republicanas foram tomadas, como participou ativamente de ilegalidades ali combinadas –a mando de Dilma e Lula, segundo ele.
Nos próximos dias, o ministro Teori Zavascki decidirá se homologa ou não a delação. O acordo só não foi sacramentado até agora por conta de uma cláusula de confidencialidade de seis meses exigida por Delcídio. Apesar de avalizada por procuradores da Lava Jato, a condição imposta pelo petista não foi aceita por Zavascki, que devolveu o processo à Procuradoria-Geral da República e concedeu um prazo até a próxima semana para exclusão da exigência. Para o senador, os seis meses eram o tempo necessário para ele conseguir escapar de um processo de cassação no Conselho de Ética do Senado. Agora, seus planos parecem comprometidos.
As preocupações de Delcídio fazem sentido. Sobretudo porque suas revelações implicaram colegas de Senado, deputados, até da oposição, e têm potencial para apressar o processo de impeachment de Dilma no Congresso. O que ele revelou sobre a presidente é gravíssimo. Segundo Delcídio, Dilma tentou por três ocasiões interferir na Lava Jato, com a ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de promover a soltura de réus presos na operação”, afirmou Delcídio na delação.
A terceira investida da presidente contou com o envolvimento pessoal do senador petista. No primeiro anexo da delação, Delcídio disse que, diante do fracasso das duas manobras anteriores, uma das quais a famosa reunião em Portugal com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, “a solução” passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o STJ. “Tal nomeação seria relevante para o governo”, pois o nomeado cuidaria dos “habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ”. Na semana da definição da estratégia, Delcídio contou que esteve com Dilma no Palácio da Alvorada para uma conversa privada.
Os dois conversavam enquanto caminhavam pelos jardins do Alvorada, quando Dilma solicitou que Delcídio, na condição de líder do governo, “conversasse como o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo”, da Andrade Gutierrez. Conforme acertado com a presidente, Delcídio se encontrou com Navarro “no próprio Palácio do Planalto, no andar térreo, em uma pequena sala de espera”, o que, segundo o senador, pode ser atestado pelas câmeras de segurança. Na reunião, de acordo com Delcídio, Navarro “ratificou seu compromisso, alegando inclusive que o dr. Falcão (presidente do STJ, Francisco Falcão) já o havia alertado sobre o assunto”.
O acerto foi cumprido à risca. Em recente julgamento dos habeas corpus impetrados no STJ, Navarro, na condição de relator, votou pela soltura dos dois executivos. O problema, para o governo, é que o relator foi voto vencido. No placar: 4x1 pela manutenção da prisão.
A ação de uma presidente da República no sentido de nomear de um ministro para um tribunal superior em troca do seu compromisso de votar pela soltura de presos envolvidos num esquema de corrupção é inacreditável pela ousadia e presunção da impunidade. E joga por terra todo seu discurso de “liberdade de atuação da Lava Jato”, repetido como um mantra na campanha eleitoral. Só essa atitude tem potencial para ensejar um novo processo de impeachment contra ela por crime de responsabilidade.
Segundo juristas ouvidos por ISTOÉ, a lei 1.079 que define os crimes de responsabilidade diz no artigo nono, itens 6 e 7, que atenta contra a probidade administrativa – e é passível de perda de mandato – usar de suborno ou qualquer outra forma de corrupção para levar um funcionário público a proceder ilegalmente ou agir de forma incompatível com a dignidade, a honra e o decoro. O que também poderá trazer problemas para Dilma é o trecho da delação de Delcídio a respeito da compra da refinaria de Pasadena, no Texas, considerada um dos negócios mais desastrosos da Petrobras e que foi firmado em 2006 com um superfaturamento de US$ 792 milhões, quando Dilma presidia o Conselho de Administração da estatal.
A versão da presidente era de que ela e os conselheiros do colegiado não tinham conhecimento de cláusulas desfavoráveis a Petrobras, mas Delcídio no anexo 17 da delação é taxativo: “Dilma tinha pleno conhecimento de todo o processo de aquisição da refinaria”. “A aquisição foi feita com conhecimento de todos. Sem exceção”, reforçou o senador. Não seria a primeira vez que Delcídio desmentiria Dilma na delação. No anexo 03, o senador garante que ela teve participação efetiva na nomeação de Nestor Cerveró para a diretoria da BR Distribuidora, contrariando o que ela havia afirmado anteriormente.
No relato aos procuradores, Delcídio disse que “tem conhecimento desta ingerência (de Dilma), tendo em vista que, no dia da aprovação pelo Conselho, estava na Bahia e recebeu ligações de Dilma”. Ex-diretor internacional da Petrobras, Cerveró foi preso em janeiro de 2015, acusado de receber propina em contratos da estatal com empreiteiras. Até então, a indicação de Cerveró era atribuída a Lula e José Eduardo Dutra, ex-presidente da BR Distribuidora, falecido no ano passado. Mas segundo Delcídio, a atuação de Dilma foi “decisiva”. A presidente ligou para ele duas vezes.
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Na primeira, a presidente telefonou “perguntando se o Nestor já havia sido convidado para ocupar a diretoria financeira da BR Distribuidora”. “Depois, ligou novamente, confirmando a nomeação de Nestor para o referido cargo”, o que se concretizou no dia 3 de março de 2008. Cerveró foi o pivô da prisão de Delcídio. Em 25 de novembro do ano passado, pela primeira vez desde 1985, o Supremo mandava prender um senador no exercício do mandato. Um dos motivos apontados pelo ministro Teori Zavascki foi a oferta de uma mesada de R$ 50 mil para que Cerveró não celebrasse um acordo de delação premiada.
Na delação, Delcídio não só forneceu detalhes do pagamento como fez uma revelação bombástica: disse que o mandante dos pagamentos à família Cerveró foi o ex-presidente Lula. O senador petista trata do tema no anexo 02 da delação. Segundo Delcídio, Lula pediu “expressamente” para que ele ajudasse o amigo e pecuarista José Carlos Bumlai, porque ele estaria implicado nas delações de Fernando Baiano e Nestor Cerveró. Bumlai, segundo o senador, gozava de “total intimidade” e exercia o papel de “consigliere” da família Lula – expressão usada pela máfia italiana e consagrada no filme “O Poderoso Chefão” para designar o conselheiro que detinha uma posição de liderança e representava o chefe em reuniões importantes.
A transcrição da delação pelos procuradores diz no que consistia a ajuda exigida por Lula a Bumlai: “No caso, Delcídio intermediaria o pagamento de valores à família de Cerveró”. Na conversa com o ex-presidente, de acordo com outro trecho da delação, Delcídio diz que “aceitou intermediar a operação”, mas lhe explicou que “com José Carlos Bumlai seria difícil falar, mas que conversaria com o filho, Maurício Bumlai, com quem mantinha boa relação”. O acerto foi sacramentado. Depois de receber a quantia de Maurício Bumlai, a primeira remessa de R$ 50 mil foi entregue em mãos pelo próprio Delcídio ao advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, também preso pela Lava Jato.
Os repasses de dinheiro se repetiram em outras oportunidades, de acordo com Delcídio, por meio do assessor Diogo Ferreira. O total recebido foi de R$ 250 mil. Para os procuradores que tomaram o depoimento de Delcídio, a revelação é de extrema gravidade e pode justificar a prisão do ex-presidente Lula. Integrantes da Lava Jato elaboram o seguinte raciocínio: se o que embasou a detenção de Delcídio, preventivamente, foi a tentativa do senador de obstruir as investigações, atestada pela descoberta do pagamento a Cerveró, o mesmo se aplicaria a Lula, o mandante de toda a artimanha.
Não seria a primeira vez que, durante a delação aos integrantes da Lava Jato, Delcídio envolveria Lula na compra do silêncio de testemunhas. De acordo com o senador, Lula e o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Antonio Palocci, em meados de 2006, articularam o pagamento a Marcos Valério para que ele se calasse sobre o mensalão. O dinheiro, um total de R$ 220 milhões destinados a sanar uma dívida, segundo Delcídio, foi prometido por Paulo Okamotto. Aos procuradores, o senador relatou uma conversa com Lula em que ele o alerta: “Acabei de sair do gabinete daquele que o senhor enviou a Belo Horizonte (Okamotto). Corra, Presidente, senão as coisas ficarão piores do que já estão”.
Na sequência, Palocci ligou para Delcídio dizendo que o Lula estava “injuriado” em razão do teor da conversa, mas que ele (Palocci), a partir daquele momento, “estaria assumindo a responsabilidade pelo pagamento da dívida”. Valério, de acordo com o senador petista, não recebeu a quantia integral pretendida. De todo o modo, diz o trecho da delação, “a história mostrou a contrapartida: Marcos Valério silenciou”. Ainda sobre o mensalão, Delcídio – ex-presidente da CPI dos Correios – disse ter testemunhado na madrugada do dia 5 de abril de 2006 as “tratativas ilícitas para retirada do relatório (final da CPI) dos nomes de Lula e do filho Fábio Luís Lula da Silva em um acordão com a oposição”. Assim, segundo o anexo 21 da delação, Lula se salvou do impeachment. Clique AQUI para ler a Reportagem Completa
20 comentários:
O Antagonista há 1/2 hora: PF pede a Moro que decrete a Preventiva de Feira e Xepa!!! UAU!!!
Dilma deve renunciar e Lula tem que ser preso.
Aí o Brasil se reinventa.
E os ratos começam abandonar o barco e alguns a roer que sobrou do casco como é caso da "Isto É", políticos e muitos empresários! Os militontos que abram os olhos porque vai sobrar ainda para eles....
Virge Maria, a coisa agora empretou de vez! A cosa nostra vai alegar falta de provas, que é só um cara magoado querendo detonar meio mundo apenas como testemunha. Espero que o MPF e a PF tenham se cercado de provas garantidoras da autenticidade desse depoimento, como documentos, e-mails, degravações e conversas telefônicas, porque o Judiciário, nas últimas instâncias com sabemos, é meia-boca. Mas, claro, mais verossímil que essa delação, impossível! CORRAM PRA CUBA, LULA E DILMA!!! (lídia)
Mais de 13 anos demoraram pra descobrir o que ja' sabiamos, nao e' nao, Aluizio?! Acreditar num ex sindicalista e numa guerrilheira, so' mesmo na terra do futebol, carnaval,bbb e muita, muita, muita malandragem!!!
Aluízio,
Li o artigo na íntegra. É simplesmente estarrecedor o que está acontecendo neste país. Todos os motivos óbvios, claros e gritantes estão postos para que se tome medidas corretivas e drásticas imediatamente. Urge a cassação imediata de Dilma e Temer, prisão de todos os envolvidos (Lula principalmente), a extinção do PT e banimento de todos os partidos de viés socialista-marxista do território brasileiro, bem como de toda sua teoria ultrapassada e perniciosa. Quanta escória!
Índio Tonto/SP
Parece que finalmente temos uma luz no final do túnel. Que Deus abençoe e proteja os brasileiros honestos desse Terra de Santa Cruz.
Chamem o japonês urgente!Ele vai ter mmmuuuiiiito trabalho pra fazer!É o fim!O camburão já está a caminho????
Confesso que e' assustadora a delacao. Os blogs petistas estao divulgando que Delcidio vai soltar nota negando tudo. Sera' que a ISTOE veicularia em seu site algo tao grave sem ter certeza da veracidade dos fatos? sera' que o que a revista informa nao consta nos documentos dos procuradores da lava jato? sera' que haveria tanto amadorismo assim para se expor instituicoes tradicionais com noticia tao impactante e falsa? sinceramente, nao creio. Precisamos aguardar um pouco mais. O pt nao brinca em servico. Vai querer desmoralizar a lava jato e a revista
Depois desta denuncia,não falta mais nada.O cara é um arquivo que deve ser preservado.Se ele falou tudo isso,é porque sabe mais.Taí a razão de trocarem o ministro cardoso pelo baiano,que já vem com seus pixulecos no bolso.Elles correm contra o tempo na tentativa de salvar a cara do molusco cachaceiro e da anta sapiens.Breve veremos um festival de canibalismo entre eles,e para nossa alegria,já estão em extinção.
"Corra ex-presidente,senão as coisas vão ficar pior do que já estão".
A atual presidanta também tem que correr,todos para cuba antes que o japones da PF dê uma pedalada na sua porta.Será que vai dar tempo de fugir?
Espero que não.
.'.
caro Aluizio,
muito bom que ajudou a viralizar toda essa matéria, pois já surgiram contra-informações -- O Globo, Wadih Damous, homem de Lula, afirmou que Delcídio Amaral irá divulgar nota desmentindo que assinou acordo de delação e as afirmações que constam na Istoé
hoje pela manhâ, tive muita dificuldade de acessar o site da istoé, consegui capturar o texto da pagina e salvar pra poder ler.
ou o site estava sendo "muito acessado" ou estavam tentando derrubar.
dessa forma, quanto mais isso se espalhar e ficar registrado por aí, melhor, pois o povo fica sabendo o que a justiça precisa "investigar" e aplicar as leis cabíveis.
Essa capa me lembra aquela capa da veja na véspera da eleição de 2014, não deu em nada, e agora duvido muito, amanhã o assunto já será outro.
Ah que vontade que me deu em continuar a ser bichona que eu sou...
Esses DERROTISTAS nos comentários são patéticos. Não precisamos de vcs perdedores!!!
Eleições nos Estados Unidos.
"Mitt Romney: Trump é um impostor misógino e desonesto"
Mitt Rommey é aquele candidato republicano que perdeu feio contra o Obama. Agora está chamando os próprios eleitores republicanos que votaram no Trump de idiotas. O eleitor mudou, não se ganha mais eleição só com votos de protestantes, evangélicos ou conservadores recalcitrantes.
Lula deve ser preso, Dilma renunciar...
e depois se presa também...
O PT como sempre nega, nunca existiu isso, obra dos que querem derrubar o partido, melhor, acabar com a quadrilha organizada, mas eles sabem que são uns bandidos e golpistas de primeira qualidade - mas como bons atores, sabem se disfarçar, e como!.
Dia 13, todos devem sair para as ruas e berrarem contra os da facção criminosa PT - senão acharão que concordamos com eles!
Vagabuuuundos!
Só temos ladrões na política brasileira.
"Ue', o PT num vai processa' a ISTO E'!"
Acredito que todos deveriam ir pra prisão http://bhcidadao.com.br/delacao-premiada/
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