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sábado, junho 20, 2009

POR SARNEY, LULA DESAFIA ATÉ CONSTITUIÇÃO

Brasília tornou-se uma ilha da fantasia para deputados e senadores, que usam seus cargos de representantes do povo para locupletar-se e obter vantagens para seus apaniguados.

O corolário evidente é que a capital se transformou numa imagem de pesadelo para os que pagam a conta: nós, os milhões de contribuintes; nós, as dezenas milhões de pessoas comuns.

É tal o resumo da ópera brasiliense - eles, os poderosos, os "incomuns", se lixam cada vez mais para a opinião pública, para os bons modos, para a Constituição. Minam, assim, a crença na democracia e os alicerces de uma nação que almeja a civilização.

Esse espetáculo deprimente teve outra cena triste na semana passada. Seu protagonista: o presidente Lula. Desde que se viu na contingência política de ter que defender os crimes dos seus partidários envolvidos no mensalão, Lula teve que entregar a bandeira da ética - que ele empunhou com desenvoltura antes de chegar ao Palácio do Planalto.

A rendição do presidente se deu naquela célebre entrevista concedida em Paris, em 2005, nos tempos em que a corrupção causava ainda algum constrangimento. Sem os corretivos vindos de cima, a turma do baixo, do médio e do alto clero da base aliada sentiu-se mais livres do que nunca. Sempre que um de seus membros está prestes a se afogar, eis que surge o presidente, solidário, oferecendo o conforto de suas palavras amigas.

Nem precisa ser compadre de pitar cigarrilha, como o leal companheiro Delúbio Soares, estrela do mensalão. Pode ser do PMDB, do PP ou do PTB. Pode até ser, vá lá, um "grande ladrão", adjetivo com o qual Lula descrevia o senador José Sarney quando este era presidente da República.

Há cinco meses, o Congresso Nacional enfrenta uma infindável onda de escândalos. Ela envolve parlamentares e altos funcionários com mordomias, nepotismo e suspeitas de corrupção.

Aos 79 de idade, 54 de política, Sarney, o mais longevo e experiente dos políticos brasileiros, é apontado como mentor e beneficiário da máquina clandestina que operava a burocracia do Senado. Inerte diante das denúncias, o senador tentou defender-se no plenário, com argumentos tão frágeis quanto os azulejos portugueses de São Luís. Do Cazaquistão, onde se encontrava em visita oficial, Lula atirou-lhe a bóia.

"O senador tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum", disse o presidente. E continuou: "Não sei a quem interessa enfraquecer o Poder Legislativo no Brasil. Quando o Congresso foi desmoralizado e fechado, foi muito pior para a democracia". Não satisfeito, acrescentou: "Eu sempre fico preocupado quando começa no Brasil esse processo de denúncias, porque ele não tem fim e depois não acontece nada".

Ao afirmar que Sarney merece um tratamento diferenciado, o presidente atropelou o preceito constitucional expresso no artigo 5º, que estabelece a igualdade de todos perante a lei.

"Lula foi absolutamente infeliz. Reforçou a idéia de que um é melhor do que o outro. Restabeleceu a lógica do 'você sabe com quem está falando?'. Bateu de frente na Constituição e no princípio basilar da democracia", resume o cientista político Marco Antônio Villa.

Na véspera da declaração de apoio de Lula, o senador "incomum" subiu à tribuna. Em um discurso de pouco mais de meia hora, disse que a crise não é dele, mas de todo o Senado, e que não aceita ser julgado por questões menores, o que é uma “falta de respeito para quem tem mais de 50 anos de vida pública”.

Em 1890, Benjamin Constant, ardoroso republicano brasileiro, saiu de uma audiência com o Marechal Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil, indignado com o tratamento que lhe fora dispensado. "Não era esta a República que eu sonhava", disse Constant.

Mais de um século depois, sua frase continua a ressoar entre os milhões de cidadãos que vivem sob o império da lei, sem privilégios e pagando a conta dos "incomuns" de Brasília. VEJA ouviu uma centena de pessoas "comuns" em várias partes do país, para saber como eles receberam a defesa do tratamento diferenciado aos políticos proposto pelo presidente.

Leia a reportagem completa em VEJA desta semana (na íntegra somente para assinantes).

O que dizem as pessoas comuns

A esmagadora maioria dos 100 cidadãos de seis estados ouvidos pela reportagem de VEJA mostrou-se indignada com as frases condescendentes do presidente Lula em relação à corrupção e à impunidade. Eles responderam a duas indagações:

1.Por que no Brasil as denúncias não dão em nada

2. Se concordam com Lula de que políticos como Sarney devem ter um tratamento diferente das pessoas comuns.

Entre os entrevistados, há estudantes, cientistas, artistas, empresários e profissionais liberais. Há brasileiros anônimos e famosos, ricos e pobres. Não importa. São todos iguais perante a lei e - o mais importante - querem que seja assim.

A comparação entre o que eles e o presidente pensam sobre o assunto revela um fenômeno preocupante: o distanciamento entre a política e o mundo real. Passou da hora de os senhores de Brasília ouvirem a voz dos cidadãos conscientes. (Do site da revista VEJA)

MEU COMENTÁRIO: segundo a revista Veja, 100 cidadãos ouvidos pela reportagem se mostraram indignados. Pode ser. Mas as pesquisas de opinião pública registram que 80% dos brasileiros adoram Lula.

Se realmente o povo brasileiro fosse em sua esmagadora maioria sério, honesto e minimamente inteligente, já teria ido às ruas clamando pelo impeachment de Lula quando explodiu o vergonhoso escândalo do mensalão.

Lula comporta-se como o imperador do Brasil. E tem o apoio não só dos botocudos, mas também de expressiva parte daquela diminuta parcela da sociedade denominada "elite". Leia-se grandes empresários, banqueiros e especuldores profissionais.

O arco social que suporta e dá poder a Lula e seus petralhas é formando pelas elites de um lado e, de outro, pela maioria da população dita pobre ou remediada.

A minúscula classe média brasileira é a única que esperneia. E pode ter sido ela que tenha respondido à pesquisa de Veja. Falo de classe média e não de novos ricos que se empaturram em restaurantes bastantões.

4 comentários:

Wagner disse...

Não entendo a repercussão dos "atos secretos" no Senado. O caput do art 37 da CF/88 é claro: qualquer ato administrativo deve atender, dentre outros, ao princípio da publicidade. Por outro lado, um documento sigiloso tem que atender a alguns requisitos. Um deles é a "classificação sigilosa", e mesmo assim deve ser publicado em boletim sigiloso. Não tendo classificação sigilosa, nem tendo sido publicado, não existe. Só resta buscar o ressarcimento judicial da verba pública gasta ilegalmente!

Anônimo disse...

Não acredito nessas pesquisas que dão tamanha popularidade a esse energumeno cachaceiro.
Aí tem!!!
Bolsistas: familia, ditadura, afros, indigenas, ambientais e outros vagabundos que mamam o nosso suado dinheirinho, devem ser os pesquisados.
BRASIL: PAÍS DE M.....!
MILITARES: ATÉ QUANDO??????
Eduardo.50

jânio disse...

Você está certo: os brasileiros "se acomodamos". Mas, diga-me, você conhece alguém que já foi entrevistado nessas 'pesquisas de opinião'? Claro que sou retrógrado e ignorante em não reconhecer que duas mil pessoas representam 180 milhões de outras (quase levei pau em estatística por rir dessa coisa). No círculo de conhecimento que considero razoável pra minha cultura, não sei de nenhuma opinião abonadora sobre sua majestade, como tambem de alguém que tenha entrevistado -ou tenha visto qualquer ato semelhante a uma consulta. Estamos sendo ludibriados por uma imprensa comprada, o verdadeiro PIG: partido da imprensa governista.

Cida Fraga disse...

Acho que o presidente tem razão! Calma! Ele não é uma pessoa comum. Eu e vocês somos pessoas comuns. Pessoas comuns são honestas, trabalham, ensinam aos seus filhos que ninguém vai lhe arranjar um emprego (não trabalho) que ele terá que ir á luta. Pessoas comuns não roubam dineiro público. O presidente está certo. Não são comuns. São bandidos, quadrilheiros, gente da pior espécie que deveria ser presa. Eu sou uma pessoa comum. Com muito orgulho.
Somos superiores a eles. Um dia este povo acorda.