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quinta-feira, julho 28, 2011

A VELHICE DOS TEMPOS MODERNOS

Os romanos da decadência, Thomas Couture,1847
O professor Ives Gandra Martins escreve no jornal Folha de São Paulo desta quinta-feira um artigo interessante ao recorrer a fatos históricos proeminentes os quais a malta iletrada - e se inclui aí até mesmo aqueles detentores de títulos de doutor - desconhece completamente. A experiência vivida ao longo da história da humanidade é um livro aberto que ensina aquilo que não deve ser feito. Todavia, a brutal ignorância da maioria dos humanos leva-os a descurar essa sabedoria. O resultado está condensado no próprio título do artigo que é o mesmo deste post: A velhice dos tempos modernos. E neste caso, como bem observa o professor Ives Gandra, a denominação de "conservadores", seria mais aplicável àqueles que repetem, através da história, "costumes flexíveis" - para usar a terminologia políticamente correta. Convido-os à leitura:
O desconhecimento da história e a pouca atenção que, nas grades escolares, principalmente universitárias, se dá à importância do estudo de toda espécie de acontecimentos passados, principalmente na política e nos costumes, faz com que aquele que vive o momento presente termine por repetir os mesmos erros, vícios e "novidades" pretéritas.
 
Na política, como procurei demonstrar em meu livro "Uma Breve Teoria do Poder", o homem pouco evoluiu. Se uma democracia formal foi conquistada a duras penas, a verdade é que nem por isso a sociedade consegue controlar a figura do detentor do poder, que quer o poder pelo poder, sendo a prestação de serviços públicos apenas efeito colateral de seu exercício.

 
A corrupção endêmica nas entidades estatais, nos tempos modernos, é tão velha quanto a dos primeiros tempos. Apenas mais sofisticada. Carl Schmitt ("O Conceito do Político") e Maquiavel ("O Príncipe") continuam atualíssimos.

 
Nos costumes, a denominada liberdade sexual, em que dar vazão aos instintos é modelo da modernidade, remonta, pelo menos, ao tempo da decadência babilônica, quando as mulheres conseguiam seus dotes para o casamento entregando-se livremente no templo, ou à decadência do Império Romano.

 
Políbio ("História"), este historiador grego que viveu em Roma, demonstrou que tal liberdade estava desfazendo as famílias romanas, prevendo o fim do Império pela deterioração dos costumes.

 
É de se lembrar que, no período anterior, quando da República, as famílias respeitavam valores e a sociedade se representava perante o Senado e os cônsules por meio do Tribunato da Plebe (Fustel de Coulanges, "A Cidade Antiga"). A cidadania romana tornou-se um bem que protegia não só os romanos, mas aqueles que a conquistavam dentro de suas fronteiras.

 
É de se lembrar que, antes da queda de Esparta, a liberdade sexual das mulheres espartanas faria inveja às mais desinibidas senhoras da atualidade. O próprio homossexualismo, praticado em Atenas, tornou-se bem evidente quando do início de sua decadência, que termina, de rigor, com a derrota na Guerra do Peloponeso, tão bem narrada por Tucídides.

 
Tais breves e perfunctórias reminiscências históricas sobre costumes e política objetivaram apenas mostrar que as denominadas conquistas dos tempos modernos são muito velhas e, quase sempre, coincidem com a decadência de civilizações formadas, como o Império Romano, à luz de valores diferentes.

 
Parece-me, portanto, que a denominação "conservadores" seria mais aplicável àqueles que repetem, através da história, "costumes flexíveis" -para adotar uma terminologia politicamente correta-, e não os valores abraçados pelos verdadeiros construtores das civilizações, que, como Toynbee afirma ("Um Estudo da História"), nasceram, fundamentalmente, dos preservados pelas grandes religiões.

 
Uma última observação, de caráter apenas explicativo.

 
Nos tempos de costumes condenáveis, em que as mulheres, em algumas nações, tinham um estatuto inferior, foi Cristo que abriu a perspectiva da igualdade entre o homem e a mulher, ao dar ao matrimônio a dignidade de Estado, com obrigações e direitos mútuos rigorosamente idênticos, com deveres de lealdade e fidelidade necessários para criar os valores próprios para a correta educação da prole que geravam. E elevou uma mulher à condição de mais importante figura da humanidade, para os católicos, acima de todos os homens, ou seja, santa Maria.

 
Política e costumes merecem sempre uma reflexão histórica.

 
Pouco comum, mas necessária.


4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bem exposto pelo ínclito Martins, principalmente quando coloca a igreja como a bússola da ordem moral. E ainda ouve-se da boca de "historiadores" de que a Idade Média foi a Idade das Trevas.
Nada mais falso!

Convido o blogueiro e seus leitores a desfrutar da revelação de como a sociedade tem sido enganada (principalmente pelo pensamento esquerdista), ao negar os feitos da igreja na construção da civilização ocidental; assistindo a este maravilhoso documentário da boa lavra de historiadores como o Phd em História, Thomas Wood.

http://www.youtube.com/watch?v=t6bnO7N1AMU

Anônimo disse...

Apreciei deveras os seu post. Nunca pensei alguém usar Cristo como referência moral para alguma coisa, inda mais publicar em jornal. Recomendo um filme que retrata deveras o argumento do Professor Ives: "A Grande Jornada"

Morena Flor disse...

"Nos tempos de costumes condenáveis, em que as mulheres, em algumas nações, tinham um estatuto inferior, foi Cristo que abriu a perspectiva da igualdade entre o homem e a mulher, ao dar ao matrimônio a dignidade de Estado, com obrigações e direitos mútuos rigorosamente idênticos, com deveres de lealdade e fidelidade necessários para criar os valores próprios para a correta educação da prole que geravam. E elevou uma mulher à condição de mais importante figura da humanidade, para os católicos, acima de todos os homens, ou seja, santa Maria".

Cristo deu dignidade às mulheres. O cristianismo, a religião q diz levar Seu Nome, não colaborou tanto com isso ao longo da história. E até hj é assim, em muitas ocasiões e em muitos lugares. Mandar a mulher ser submissa ao homem como se fosse ao próprio Cristo não é nada razoável, até mesmo contraria aos ensinamentos do próprio Cristo.

A figura de Maria foi simplesmente usado como um IDEAL de mulher cristã, o uso de sua figura na igreja não colaborou necessariamente com a dignidade feminina, em muitas vezes, muito pelo contrário, apenas serviu de apanágio para preconceitos(o q não deveria sê-lo, pois a vida dela poderia ser utilizada para algo melhor no q tange à condição das mulheres).

Anônimo disse...

o que o iminete jurista pretende? limitar a liberdade individual com uma polícia de costumes, em países mulçumanos isso já acontece, quer dizer que eles estão mais longe da decadência?????