Na semana passada, à véspera do feriadão, o professor Natalino Dantas, coordenador da Faculdade de Medicina da Bahia, declarou que o baixo desempenho da faculdade no Enade devia-se a um “déficit de inteligência” dos estudantes baianos.
Dantas, que é baiano, citou que tal inferioridade de inteligência justificaria, entre outras coisas, o baixo desenvolvimento sócio-econômico do Estado, "apesar das grandes riquezas naturais", a popularidade do berimbau, "o típico instrumento de quem tem poucos neurônios", e a música de grupos tradicionais, como o Olodum, que ele qualificou como "barulho".
Noticiei e comentei as declarações do professor Dantas em texto postado no último dia 1º.
Esse professor, de 69 anos de idade, parece não ter resistido às pressões e ameaças que vêm sofrendo desde que fez tais críticas e renunciou ao cargo.
Segundo consta no site do Estadão, em nota oficial, Dantas pediu desculpa pelas afirmações - que atribuiu tanto a "um estado emocionalmente comprometido e por uma profunda tristeza, uma irritação incomum e um assomo de destempero" quanto a pressões de jornalistas, que teriam feito perguntas "para criar polêmica." Desde a divulgação da nota, o coordenador não foi mais encontrado, informa o site do Estadão.
Em contrardita, o reitor da Ufba, centros acadêmicos e até o chefe geral do olodum partiram para cima do professor Dantas acusando-o de racista, ameaçando processá-lo e o escambau.
Repito o que afirmei no meu comentário anterior sobre o episódio. O professor Dantas apontou problemas relativos ao alunado baiano, quando eu penso que este é um problema brasileiro.
Já passei pela experiência de docente do ensino superior e pude constatar que o alunado é fraco. Mesmo aqui em Santa Catarina, Estado que é tido como razoavelmente equilibrado nos âmbitos social e econômico.
Insisto em afirmar que, ao invés de se admoestar o professor Dantas, seria muito mais produtivo que se elaborassem estudos no sentido de verificar a possibilidade de inverter essa situação caótica na educação brasileira; de buscar as razões que fazem do Brasil, uma Nação com quase 200 milhões de habitantes, com riquezas naturais abundantes, clima bom e extensão territorial que o coloca, geograficamente, entre os maiores países do mundo, manter uma condição periférica.
Note-se que o Brasil foi descoberto mais ou menos na mesma época dos Estados Unidos. Também os EUA foram colonizados por europeus. Lá também havia índios, lá também houve escravidão. Entretanto, lá foi erigida a maior potência do planeta. É de lá que vêm praticamente todas as soluções derivadas da ciência e da tecnologia.
Por que o Brasil é inexpressivo no desenvolvimento da ciência e da tecnologia? Por que perde feio para países pequenos como a Coréia do Sul e outras pequenos países asiáticos?
Ao invés de perseguirem e execrarem o professor Dantas, o mais correto seria passar toda essa situação da educação brasileira a limpo e descobrir por que os brasileiros são avessos à escola e ao saber? Por que existe aqui o tal “jeitinho”, o “esqueminha” e outras malandragens em busca da obtenção de vantagens por vias que passam ao largo da lei, da ordem, do respeito e dos estudos?
Berimbau, olodum, tradições africanas e carnaval têm o seu lugar nos folguedos populares e na animação dos turistas. Mas isto jamais poderá ser a essência do país ou a sua finalidade.
terça-feira, maio 06, 2008
Berimbau vence; Dantas pede pra sair.
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Postado por
Aluizio Amorim
às
5/06/2008 04:10:00 AM
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4 comentários:
Os Estados Unidos fizeram uma ampla ampla reforma agrária em meados do sec. XIX, distribuindo a terra pública.
"A partir de Lincoln, com o Homestead Act, de 1862, intensificou-se a distribuição de terras de propriedade do governo federal (dos Estados Unidos), em favor de produtores agrários livres e artesãos. Havia para transferir um bilhão de acres, mais de 4 milhões de quilômetros quadrados. que é a metade do território dos Estados Unidos (e do Brasil), cada família podendo receber grátis 160 acres, 65 hectares".
Taí o pontapé inicial que não demos e jamais daremos. Melhor ficar aqui, comendo as migalhas do primo rico.
Os Estados Unidos fizeram uma ampla ampla reforma agrária em meados do sec. XIX, distribuindo a terra pública.
"A partir de Lincoln, com o Homestead Act, de 1862, intensificou-se a distribuição de terras de propriedade do governo federal (dos Estados Unidos), em favor de produtores agrários livres e artesãos. Havia para transferir um bilhão de acres, mais de 4 milhões de quilômetros quadrados. que é a metade do território dos Estados Unidos (e do Brasil), cada família podendo receber grátis 160 acres, 65 hectares".
Taí o pontapé inicial que não demos e jamais daremos. Melhor ficar aqui, comendo as migalhas do primo rico.
Então experimente entragar as terras para os botocudos do MST promoverem a "agricultura familiar". Morreremos todos de fome...botocudo é botocudo. Trata-se de um problema genético...heheheheheheh
Bom dia,
No caso especifico dos Baianos indico, que façam um protesto.
Ano que vem promovam uma grande mobilização da massa estudantil e tirem 10 no exame, provando assim que o professor estava errado.
E com o auxilio de todas as entidades que hoje criticam o professor Natalino Dantas (coordenador da Faculdade de Medicina da Bahia) não será difícil conseguir esse "10".
No caso da colonização atente para o fato de que os paises colonizados por Espanhóis e Portugueses estarem em desigualdade com aqueles colonizados pelos Ingleses, talvez a cultura ou motivo de sua vinda para o novo mundo.
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