Lulismo revive o peleguismo getulista

O dia consagrado ao trabalho transcorrido ontem fez retornar algumas pautas que esquecidas pelos jornais. Uma diz respeito à questão sindical.

A chegada ao poder de Lula e seus sequazes revirou o baú da história brasileira e de lá retirou o que há de pior, ou seja, o peleguismo sindical. Aliás uma palavra antiga com viés barroco e que evoca o que também de pior havia no getulismo.

O peleguismo significa, antes de tudo, a utilização pelo Estado da estrutura sindical, exatamente como fez o fascismo italiano durante a ditadura de Mussolini.

Colocando a Itália como vítima de uma suposta guerra entre nações, o Duce construiu uma aliança promíscua em que colocou lado a lado Estado, sindicados e empresários.

É o que o lulismo vem fazendo desde que chegou ao poder. Conseguiu realizar a proeza que fazer o país dar um guinada institucional ao passado.

No site do Estadão há uma boa entrevista com um expert no que se refere à análise da organização trabalhista no Brasil.

Trata-se do pesquisador Ricardo Antunes, professor titular de sociologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que analisa questões relacionadas à organização dos trabalhadores desde os anos 70 e é um dos especialistas mais respeitados nessa área no Brasil.

Para ele, o sindicalismo brasileiro atravessa um momento "triste", com uma dependência da máquina do Estado que não se via desde os tempos do getulismo - quando os sindicatos livres foram suprimidos.

Segundo Antunes, o governo atrai a cúpula dos sindicatos, federações e também centrais sindicais com convites para cargos no governo e a manutenção do imposto sindical - que no passado foi condenado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT.

Ele chega a dizer que está ocorrendo um processo de estatização sindical, ou reestatização, já que repete a fórmula getulista. (Leia a entrevista na íntegra).

Na foto acima, pelegos durante a campanha conhecida como Queremismo, movimento político surgido em maio de 1945 com o objetivo de defender a permanência de Getúlio Vargas na presidência da República.