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sábado, setembro 13, 2008

"O país dos petralhas" já está nas livrarias

Reinaldo Azevedo: o terror dos petralhas.
Já está à venda o livro "No país dos petralhas", do jornalista, escritor e blogueiro Reinaldo Azevedo. Na Veja que foi às bancas neste sábado, Diogo Mainardi escreve uma divertida resenha do livro do Reinaldão, obra que promete incomodar meio mundo, ou seja, o território dos petralhas, neologismo criado por ele sob inspiração dos irmãos Metralhas, personagens das histórias de Walt Disney.

Claro, os Metralhas, são os vilões. Se nas historietas os Metralhas são sempre vencidos pela lei brandida por Mickey, no Brasil, os petralhas, a versão botocuda dos cachorrões meliantes, posam de heróis e sempre se dão bem.

Eis o texto de Mainardi sobre o livro:

Um petralha indignado pergunta a Reinaldo Azevedo como ele consegue dormir em paz. Resposta:

– Com Stilnox.

E conclui:

– Por isso defendo os laboratórios, as patentes e a propriedade intelectual.

Esse é o resumo perfeito de O País dos Petralhas (Record; 337 páginas; 38 reais). O livro reúne os melhores textos de Reinaldo Azevedo sobre o petralhismo, publicados em seu blog em VEJA.com desde junho de 2006 e, antes disso, em sua coluna em O Globo. O que significa "petralha"? Um glossário, no fim do livro, esclarece: "Neologismo criado da fusão das palavras ‘petista’ e ‘metralha’ – dos Irmãos Metralha, sempre de olho na caixa-forte do Tio Patinhas. Um petralha defende o roubo social".

O roubo social é uma disciplina que, praticada pelos operadores do petralhismo entranhados no partido e no setor público, se baseia no – como dizer? – roubo. Pode ser o roubo para eleger um candidato, ou o roubo para enlamear um opositor, ou o roubo para encher as burras de dinheiro. Em geral, tudo isso junto.


Para que um petralha possa roubar sem constrangimentos, ele precisa contar com a cumplicidade de outros petralhas, enfronhados na imprensa, na internet, nas salas de aula, nos gabinetes, nos tribunais, nas delegacias, nas rodas de samba.

O papel deles é fazer a defesa teó-rica do banditismo, acobertando todos os crimes cometidos em nome do partido. Esta é a gangue que Reinaldo Azevedo combate: a gangue que violenta as idéias, que corrompe os conceitos, que brutaliza a verdade. Se o Brasil do PT é Patópolis, Reinaldo Azevedo só pode ser o nosso Mickey.

Ele, o camundongo sabido de Dois Córregos, é o melhor blogueiro do país. O termo blogueiro, para quem está acostumado só com a imprensa escrita, pode soar ligeiramente depreciativo. Corrigindo: Reinaldo Azevedo é o melhor articulista do país.

É o único capaz de passar com desenvoltura de Robert Musil à egüinha Pocotó, de G.K. Chesterton a Marilena Chaui, de Ortega y Gasset a Marco Aurélio Garcia. Com 900 000 páginas lidas todos os meses, seu blog é também um dos mais populares da internet.

O resultado é espantoso: se, num dia, ele indica um filme no Youtube, como aquele sobre a pancadaria da PF em Raposa Serra do Sol, no dia seguinte o filme já contabiliza 18 000 espectadores.

Para nossa sorte (eu, Diogo, sou uma das centenas de milhares de macacas-de-auditório de Reinaldo Azevedo, e entro no blog umas cinco vezes por dia, como a média de seus leitores), o melhor articulista do país é igualmente o mais compulsivo. Reinaldo Azevedo trabalha sem parar. Até a última quarta-feira, seu blog já publicara 14 943 artigos.

Dois anos atrás, os médicos abriram uma tampa em seu cocuruto e arrancaram lá de dentro dois hemangiomas ósseos do tamanho de bolas de gude. Três dias depois, no quarto do hospital, ele já estava na frente do computador, fazendo chacota de seu aspecto de golfinho Flipper e de seus tumores benignos – o único produto benigno saído de sua cachola.

Reinaldo Azevedo costuma escrever seu primeiro artigo às 3 da tarde, quando acorda, e o último às 5 e meia da madrugada, quando toma seu comprimido de Stilnox e vai dormir. Ao petralha indignado: Reinaldo Azevedo nunca dorme em paz, ele dorme em guerra. Em guerra contra os petralhas indignados, contra os esquerdopatas, contra os tocadores de tuba, contra o Apedeuta (consulte o glossário de O País dos Petralhas).

Isso lhe rende, todos os dias, centenas de mensagens ofensivas. Chamam-no de canceroso, de nazista, de Opus Dei. A primeira triagem dos comentários dos leitores, em que se eliminam todos os insultos, é feita por sua mulher. Ela se chama Lilian, mas os leitores do blog a conhecem como Dona Reinalda. Há também as Reinaldinhas, suas duas filhas, Maria Clara, de 13 anos, e Maria Luíza, de 11.

Apesar de estar sempre em guerra, Reinaldo Azevedo se considera "bastante convencional". O que isso quer dizer? Quer dizer que ele chama "crime de crime, ladrão de ladrão, bandido de bandido".

E acrescenta: "No auge de minha esquisitice, defendo o cumprimento da lei". Essa é uma idéia repetida incessantemente ao longo do livro. Para ele, "a impunidade destrói qualquer chance de futuro.

Se a lei é cumprida, entra-se numa espiral positiva de direitos e deveres". Por isso ele se bate pelas leis e pelas regras da democracia, da gramática, da lógica, dos bons costumes e da patente dos remédios. No país dos petralhas, o assombroso é ficar do lado da lei.

3 comentários:

Anônimo disse...

Felizmente, aqueles que não compactuam com os crimes dos botocudos alojados no aparelho estatal, ainda, podem encontrar articulistas que não se deixam intimidar, como, Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo, Aluizio Amorim e Orlando Tambosi. Em meio a tantos prestadores de serviços, na internet e na imprensa tradicional, que somente sobrevivem porque vivem do patrocínio estatal é, realmente, um alento poder contar com estes nobres escritores que não vendem suas consciências.

Anônimo disse...

Na minha opinião, essa alta popularidade de Lula tem muito a ver com a forma preconceituosa e desrespeitosa que vocês, que jamais o engolirão, o tratam.Criticar é uma coisa,partir para o radicalismo raivoso é apelação.Este livro já nasce condenado pelo título, ao chamar todo petista de ladrão, pois se colocarmos na balança políticos de todos os partidos,os petistas,certamente pesarão menos se a carga for a corrupção que
levam consigo.Como o infeliz "Lula
é minha anta" também este irá para o lixo da história.

Aluizio Amorim disse...

Peraí. Você está querendo dizer que eu sou um radical raivoso? Algo assim como um Bruno Maranhão que promove quebra-quebra na Câmara dos Deputados; ou quem sabe um ativista invasor da propriedade privada teleguiado pelo MST ou a Via Campesina; ou ainda um Palocci que quebra o sigilo bancário de um caseiro humilde; ou ainda um grampeador da Abin e ausculta o que fala o Presidente do Supremo Tribunal Federal?
A conclusão do seu comentário é que foi apropriada: tudo que se refere aos petralhas realmente irá para o lixo da história...hehehe...