Editorial da Folha de São Paulo deste domingo, indica de forma muito evidente um tipo de jornalismo que caracteriza a era lulística.
A Folha insinua sempre uma pretensa, porém conveniente, imparcialidade atirando todos os políticos brasileiros na vala comum dos iníquos. Abaixo transcrevo o editorial na íntegra para que vocês possam cotejar com aquilo que afirmo neste prólogo.
O editorialista parece que vai fazer uma procedente crítica ao titubeante discurso de Lula e ao seu oportunismo malandro protagonizado pela aliança com PMDB, partido que hoje representa o que há de mais atrasado, de mais fisiológico e corrupto no que respeita à prática política partidária.
Entretanto, mais adiante, bingo!, nivela Lula a Fernando Henrique Cardoso em razão da aliança do PSDB com o ex-PFL, hoje Democratas. O editorialista patina na falsa tese de que tudo e todos são iguais. Pois eu não sou!
Por mais censuras que faça ao PSDB, afirmo e provo que tal comparação é mentirosa, porque a composição do PSDB com o então PFL ocorreu dentro dos trâmites legais e democráticos, sendo que o vice de FHC foi Marco Maciel, histórico político do ex-PFL e que se mantém no Democratas. Não foi arranjo político matreiro, foi jogo eleitoral aberto e submetido às urnas. Coisa muito diferente da prática política de Lula e seus petralhas.
Além do mais, o governo de Fernando Henrique Cardoso, que repito, tenho muitas objeções, jamais flertou com o autoritarismo e nunca deu motivos para que a parcela democrática da população brasileira temesse pela sorte das instituições democráticas. FHC nunca jogou pedras no passado e jamais proclamou "nunca antes neste país".
Há uma grande diferença entre a truculência petralha e seus bate-paus da CUT, MST e Brunos Maranhões e os partidários do PSDB e do DEM. Sem falar que o governo do PT já entrou para a história política brasileira como o recordista na produção de corrupção e escândalos, cujo emblema é o famigerado mensalão.
É por essas e outras que faço veemente crítica ao exercício do jornalismo pusilânime que se refere ao PT como um partido político que joga o jogo político democrático, que aceita a alternância do poder. O PT não joga esse jogo. O editorial da Folha usa uma mentira para ficar de bem com o poder petralha.
Leiam:
Do alto de impressionantes níveis de popularidade, o presidente da República parece mais do que nunca imbuído daquele estilo que, há tempos, ele próprio denominou jocosamente de "Lulinha paz e amor".
Inaugurando uma hidrelétrica em Tocantins, nesta quinta-feira, Lula tratou de irradiar essa atitude de plenipotenciária bonomia às autoridades que o circundavam no palanque -com destaque para a ministra Dilma Rousseff, cuja eventual candidatura à Presidência vai sendo testada em cerimônias desse tipo.
Desse espírito de conciliação acabam resultando curiosas inflexões no discurso presidencial. De um lado, o presidente Lula guarda resquícios da antiga retórica petista. No evento desta quinta-feira, lembrou-se de acusar, por exemplo, as "oligarquias" brasileiras de terem impedido, "por vários séculos", a realização de uma obra como a transposição das águas do rio São Francisco.
Perguntaram-lhe em seguida se é possível, no Brasil, governar sem apoio de oligarquias. "Não", respondeu Lula, "tanto que eu tenho uma parceria extraordinária com os empresários brasileiros".
Terminou afirmando que todo mundo, na vida, "seja o trabalhador ou o oligarca", tem seus momentos de mudar de ideia.
Em meio a tais retorções de vocabulário, pode-se ver com nitidez o estilo "lulista" de fazer política. Apesar das constantes menções a tudo o que teria havido de inédito em sua ascensão ao poder, o presidente Lula segue um roteiro conhecido na história política brasileira.
Desde Getúlio Vargas, passando por JK, e repetindo-se mesmo no caso aparentemente tão diverso de Fernando Henrique Cardoso, a Presidência da República muitas vezes se equilibrou entre o impulso das tendências modernizantes, nos centros mais desenvolvidos, e uma arraigada base oligárquica regional.
A aliança entre PT e PMDB, no atual governo, corresponde em boa medida ao que, no governo Fernando Henrique, unia o PSDB e o então PFL. Diferenças de coloração ideológica contam menos do que a influência da conjuntura econômica internacional no sucesso ou insucesso popular de cada administração.
Os altos índices de aprovação do governo Lula sem dúvida se devem à combinação dos razoáveis índices de crescimento econômico obtidos até agora, e de ganhos efetivos de renda nas camadas mais pobres da população, com a empatia pessoal do presidente.
Este último fator, embora não irrelevante, conta menos no cenário político do que o desempenho da economia no futuro próximo - sobre o qual pairam as maiores incertezas.
O indubitável, contudo, é que o papel do governo Lula na história brasileira não foi o de representar uma ruptura. Inscreve-se, no que esta tem de criticável e de positivo, numa tradição conhecida -a de conciliar atraso e desenvolvimento, oligarquia e mudança.
O resto é retórica - cujas ambiguidades, no caso do presidente Lula, apenas confirmam o que há de essencial no seu modo de governar.
domingo, fevereiro 08, 2009
EDITORIAL DA FOLHA JOGA OS FATOS NO LIXO
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Postado por
Aluizio Amorim
às
2/08/2009 01:19:00 AM
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Isto que nós temos não é governo democrático, é ditadura bancária/empresarial/sindicalista /cartorial!
Como gerar novos empregos se os impostos sufocam a livre iniciativa?
Como implantar oportunidades capitalistas ou empresariais em um país no qual o povo é escorchado e recebe em troca serviços públicos péssimos?
Onde a propriedade privada é solenemente desrespeitada.
A Justiça é lenta e paga desapropriações com precatórios podres.
A insegurança pública é tão grande que o turismo - fonte potencial de grandes lucros - está sendo destruído lenta e firmemente.
Desculpe-me Aluizio, mas não vejo luz no fim do túnel chamado Brasil.
Se ainda tivéssemos homens virtuosos e de visão nas Forças Armadas...(desculpe-me de novo, não acredito em solução política, apenas em novo golpe militar e leis de exceção/pena de morte por alguns anos, até recolocar as coisas nos devidos lugares...)
Postar um comentário