O BRASIL À MERCÊ DO ESBULHO LULÍSTICO

No ano passado comentei sobre esse esquema de fazer Dilma presidente do Brasil. Na época antecipei que seria uma coisa inaudita segurar um candidato em campanha todo esse tempo. Mas, pelo que se vê, é isto que Lula tentará fazer.

O PT, conforme meu em artigo postado mais abaixo intitulado Lula, o Führer botocudo, tem quase 30 anos de existência, mas até hoje não conseguiu criar uma só liderança notória além de Lula.

Por meio do conceito weberiano de carisma, demonstro que ao redor de um líder carismático não nasce nem capim. O carisma é um tipo de dominação política dos mais problemáticos, justamente porque o carisma é intransferível e sua sucessão sempre traumática.

O PT é completamente destituído de quadros em termos de competência e liderança. A saída que Lula encontrou foi articular uma novidade eleitoral: uma mulher como candidata. Notem que mesmo aí há um toque de façanha, inclusive quando à força de botox e bisturi mudaram até a fisionomia truculenta da ex-terrorista.

Nesta sexta-feira ouvi pelo rádio Dilma falando pelos cotovelos em São Paulo num jantar de lançamento de sua candidatura. Uma coisa ridícula. Ao mesmo tempo em que negava ser candidata, afirmava que havia chegado a vez das mulheres, dos negros e dos índios! Claro, acrescentou negro em alusão a Obama, e aos índios referindo-se ao tiranete fajuto que está enterrando a Bolívia.

Acontece que Dilma Rousseff nunca concorreu a nenhuma eleição. Nem para síndica de edifício. Sua densidade eleitoral é zero. E, ainda por cima, não tem militância partidária dentro do PT e em nenhum outro partido. Também não é petista, mas egressa do brizolismo do PDT. Fazê-la candidata implica não só muito trabalho, mas, sobretudo, muito, muito dinheiro!

A densidade eleitoral é construída através de carreira política que leva anos para se consolidar. Além disso, o político tem de participar de eleição. Muitos políticos começam como vereador, prefeito ou no máximo deputado estadual, passando depois, no mínimo, pela Câmara Federal ou governo estadual. Ao longo desse tempo têm de participar ativamente das lides partidárias e comer um bocado de poeira.

Ainda com tudo isso, 99,9% dos políticos jamais sonham em ser candidatos à Presidência da República. O que Lula está querendo é eleger um poste e para isso terá que palmilhar o Brasil de braços dados com Dilma e, mesmo assim será, evidentemente, uma tarefa dificílima, para não dizer impossível. O dinheiro público e a máquina terão muito peso, mas, mesmo assim, a candidatura tende a naufragar.

Não precisa ser expert em política para saber que levar diretamente à Presidência da República alguém que tem no seu curriculum apenas o fato de ter praticado atos terroristas para combater a ditadura militar e ser a “mãe” do tal PAC, convenhamos, é muito pouco.

Aliás, para os eleitores mais velhos o curriculum de Dilma é desabonador. Já os novos eleitores botocudos nem sabem o que foi a ditadura militar, como os cinqüentões de hoje não têm idéia do que foi a ditadura de Getúlio Vargas.

O caudilho gaúcho acabou passando à história como vítima de “forças misteriosas” que não queriam o bem dos pobres. É, no máximo, uma história bizarra, típica teoria da conspiração, mas que acabou em tragédia. Líderes carismáticos são instáveis e obrigados permanentemente a produzir façanhas, nem que seja essa façanha o ato de se suicidar!

Por isso que, para tentar fazer com que Dilma alce vôo, Lula está decidido a transformar os dois últimos anos de seu governo numa base avançada do PT e isto demandará assombroso assalto aos cofres públicos como nunca se viu antes neste país.

Mensalão, dossiê, cartões corporativos, dólares na cueca e a história do famigerado lupanar da mansão dos prazeres perderão a condição de escândalos. Serão considerados reles episódios protagonizados por aloprados, churrasqueiros e proxenetas que movimentaram merrecas, caso se tente compará-los com o que consumirá o plano lulístico que ensaia seus primeiros passos.

Já não se trata apenas de evitar a deletéria permanência do lulismo através da nova dama do Botox, mas impedir esse monstruoso esbulho do Estado que Lula e seus petralhas cometem à luz do dia no afã de se eternizar no poder. Principalmente num momento em que a profundidade da crise econômica mundial, já com pesados reflexos na economia nacional, exige, muito mais do que em tempos de normalidade, de dedicada seriedade no trato dos negócios públicos e, sobretudo, austeridade na alocação dos recursos que logo ali na frente serão extremamente necessários para impedir a bancarrota do país.

Os líderes das oposições sabem do que estou falando, bem como os titulares dos demais Poderes da República: o Legislativo e o Judiciário. E sabem também o que deve e tem de ser feito. É bom lembrá-los que têm, antes de tudo, o dever de impedir a consecução desse plano soturno que de forma debochada agride os cidadãos e envergonha a Nação.

Lula e o PT têm todo o direito de ter seu candidato ou candidata à Presidência da República, mas o Poder Executivo e todas as instâncias da administração pública não são propriedade de Lula, do PT e de nenhum outro partido ou entidade política. Tanto é que a Lei Eleitoral estabelece regras e prazos para a campanha, especialmente no que se relaciona aos candidatos pertencentes aos partidos detentores do poder.

O tempo está passando. Chegou a hora de agir!