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terça-feira, março 31, 2009

31 DE MARÇO DE 1964: UM GOLPE ILUMINISTA.

Em 31 de março de 1964, era apenas um adolescente. Mas acompanhava a política. Meu pai era do PSD. E nunca me esqueço do dia 31 de março de 1964, quando meu pai chegou para o almoço e vaticinou: é coisa para 10 anos, referindo-se ao governo militar que era instaurado no Brasil. Entretanto, o lapso de tempo dos militares no poder foi muito mais longe e, queiramos ou não, o Brasil mudou radicalmente e se desenvolveu.

Mas eu, seguindo meu pai, não aprovei o golpe. Quando cheguei à universidade me alinhei ao pessoal da esquerda e foi quando iniciei a carreira jornalística trabalhando como redator a partir de 1971, no jornal O Estado aqui de Florianópolis.

Contaminado pelas teses esquerdistas combati, como pude, por anos seguidos, a ditadura militar. Também ajudei naquilo que estava ao meu alcance os líderes esquerdistas, muitos dos quais foram presos aqui em Santa Catarina na Operação Barriga Verde em 1974, quando os militares assestaram um pesado golpe na organização articulada principalmente pelo velho PCB.

Lembro que quando o José Genoíno recém havia saído da ilegalidade, um dos líderes do PT local perguntou se não queria entrevistá-lo. E lá fui eu ouvir o Genoíno, magrelo, mal vestido, na sala de um cortiço da velha rua Conselheiro Mafra aqui em Florianópolis, que era uma espécie de sede do PT local. Além dele entrevistei outros esquerdistas, como Hércules Correia e o festejado Luiz Carlos Prestes, além de Lula, é claro, por mais de uma vez.

Embora não participasse de nenhum partido político, nem legal e nem proscrito, ajudava os políticos do ex-MDB, então uma grande frente que abrigava desde liberais, se é que assim se pode qualificá-los, até esquerdistas empedernidos, que utilizavam um partido legal para fazer a sua política mantendo um pé nos aparelhos comunistas.

Passei, portanto, boa parte, ou talvez a melhor parte da minha vida, a juventude, mergulhado na idiotia esquerdista que me havia cegado intelectualmente.

Toda essa gente que eu ajudei, me expondo ao risco, por acreditar na sua sinceridade democrática, vi mais adiante que não passava, com raríssimas exceções, de estúpidos e oportunistas. Essa gente nunca foi democrática e postulava, nos anos 60, transformar o Brasil numa grande Cuba. Queriam substituir o regime autoritário dos militres por uma ditadura tipo cubana. Esta é que é a verdade!

Para sair desse curral de idiotice onde chafurdei por um bom tempo não foi fácil.

A minha conversão à democracia liberal e ao sistema econômico capitalista só começou a acontecer no início dos anos 90, quando cheguei à conclusão que precisava estudar muito mais para conseguir entender um pouco de política, de economia e, sobretudo de ciência.

Nessa época resolvi voltar a estudar de forma séria. Ingressei no Mestrado em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina e comecei a estudar para valer. E foi nessa época que a ficha começou a cair, embora eu ainda possuísse um pé no esquerdismo. À medida que mais eu estudava, mais evidências surgiam a respeito da tremenda idiotice que são as teorias socialistas.

Mas a reação de qualquer adepto do esquerdismo ante a evidência dos fatos é montar um discurso e até mesmo uma teoria para se auto-convencer de que o marxismo e seus epígonos é que estão certos.

Tive a sorte de ter ótimos professores no Mestrado que não compactuavam com as teses marxistas. Passei a estudar Max Weber, o grande filósofo alemão, que a malandragem marxista sempre abominou.

A ficha foi caindo devagar e a dissertação que defendi e que está editada em livro – Elementos de sociologia do direito em Max Weber -, ainda contém certos resquícios de visão esquerdista, embora sem prejuízo do conteúdo teórico formulado pelo sábio de Heidelberg em sua copiosa obra.

Ao final dos anos 90, já depois de ter concluído o Mestrado, é a que a ficha caiu totalmente e me libertei do marxismo adotando as teses do liberalismo e avançando um pouco para aquilo que a esquerda tipifica como “conservadorismo”.

Portanto, quando alguém me acusa de reacionário, direitista, conservador e o escambau estou pouco ligando. Esse tipo de censura só me orgulha.

Se hoje estivesse no Rio de Janeiro iria ao Clube Militar na sessão comemorativa alusiva a 31 de março de 1964, para render a minha homenagem a alguns militares, hoje com cabelos brancos e na reserva, que contribuíram decisivamente para evitar que o Brasil caísse nas mãos da canalha comunista.

O golpe militar de 31 de março de 1964 foi, na verdade, um golpe iluminista.

15 comentários:

Anônimo disse...

Bravo! Excelente post.

Atenciosamente,
L.A.S.

Leticia disse...

Parabéns pela maneira como contou sua história, Aluízio.

Não que eu ache que o golpe foi maravilhoso. Principalmente depois, a gente sabe que não foi. Mas os que vociferam hoje contra a comemoração no Clube Militar aceitam na boa e nutrem até simpatia por regimes ditatoriais tão iguais ou piores que o nosso.

Isso, sim, é podre de doer.

Anônimo disse...

Caro Aluizio
Eu também fui de esquerda quando jovem.
No entanto, consegui sair da lama, mesmo que um pouco tarde.
Hoje é um dia em que a esmagadora maioria dos botocudos nem imagina o quanto é importante. Mais: a maioria nem sabe o que houve em 31 de março de 64.
Como você, gostaria de estar no Clube Militar.
Abraço.
Marcos

Atha disse...

Excelente, Aluizio, excelente, Excelentíssimo Aluizio.

Eu fui jornalista nos fins de 50 e início de 60 e, já influenciado por esse Bobibento Movimento do comunismo que ninguém percebe, mas foi o que provocou a Segunda Guerra Mundi, com o Papa Pio Doze recebendo continência dos soldados de Adolf Hitler, cheguei a escrever um Coluna criticando a festa que foi feita quando surgiu o primeiro Fusca da Volwagen no gover Jucelino.

Disse eu, "enquanto o Brasil amarga a pobreza, o Presidente faz festa para comemorar o sucesso de uma Empresa extrangeira e rica". Depois que acordei e alcancei condições de poder pensar e entender, fiquei como que, com vergonha do que publiquei, sem aparecer um conteste inconteste para me contestar.

Em 1969, fui atraido ao MDB e fiz um Curso de "Formação Política" para me candidatar a Vereador em São Paulo, tendo Ulisses Guimarães como um dos instrutores e havia gente querendo derrubar os que conseguiam se projetar e eu fui um dos dito cujos e por isso, larguei tudo e fui cuidar dos meus interesses particulares como comerciante.

Durante o Cuerso, nos foi ensinado que "na carreira política se começa como Vereador até chegar a Senador", contudo, não foi o que presenciei, muitos furaram a Fila.

Fiz o que chamam de "militância" angariando filiados para o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) que foi um ninho de papagaios misturados com arapongas e bentiví.

Só muito mais tarde, depois que houve uma debandagem do MDB, surgindo tudo que é chamado de "Partido" e repartido em pedaços, é que pude entender, mas de forma lenta e gradual, quem é quem e o que pretendem os que antes foram chamados de "irmãos" e "hermanos", todos hermanados, eram bandos de bandidos assaltantes de Bancos.

Caro Aluizio, me passe o seu e-mail que te enviarei "História dos Comunistas no Brasil", elaborado pela Universidade do Rio de Janeiro e Universidade do Ceará. Tenho também, a "Constituição do Império", como chamam, mas já com alterações que dá para se notar.

Atha

Anônimo disse...

Lamentamos que os comentaristas não entendam que foi feita uma contra revolução, tentando banir os comunistas e outros retardados do nosso país. Mas, por incompetência ou por serem disciplinados, os militares deixaram escapar muitos petralhas (da época). Vamos relembrar as conquistas do regime militar e comparar com os vagbundos civis!
Eduardo.50

Paulo Simões disse...

Grande Aluizio CVM, me deliciei com teu post. Sobre a reação de qualquer adepto do esquerdismo ante a evidência dos fatos de montar um discurso e até mesmo uma teoria para se auto-convencer de que o marxismo e seus epígonos é que estão certos, ah, isso já é tapar o sol SEM a peneira.
E o CVM ao lado do teu nome, quer dizer: Cada Vez Melhor.

Um abraço,
Paulo Simões

Anônimo disse...

Grande Aluizio

Vivas a 31 de março!!!

patriota

Orlando Tambosi disse...

Não me diga que foi com o Direito achado na rua da UFSC que você se libertou de vez...

Escatopholes disse...

É incrível como alguém pode achar que os militares fizeram algum benefício ao Brasil.
Roubaram o poder em 31 de março de 1964 quando o país tinha uma pequena dívida externa e boas condições financeiras. Devolveram o país com uma dívida monstruosa, falido, de penico na mão pedindo esmola ao FMI. Os mlitares só sairam do poder porque não tinham mais dinheiro para gastar. Se tivessem dinheiro estariam lá até hoje.
O exército brasileiro sempre foi golpista, a começar pela proclamação da república, sempre quiseram o poder. Bem fizeram os governos civis seguintes aos ditadores que deixaram o exército a pão e água.

CMG disse...

Sou militar da reserva e tinha 10 anos em 64. Minha lembrança era de ir para a fila do leite às 5 da manhã pois tudo era racionado. Apesar de ser carimbado como "reaça" sou contra a participação de militares institucionalmente na política. Isso já nos causou muitas desavenças internas e retrocessos. Se as forças políticas democráticas puderem agir contra aqueles que tentam solapá-la sem o uso da força militar seria ideal. O problema é quando os esquerdalhas passam a flertar com o terrorismo forçando o emprego da violência. Vejam o caso do IRA. No nosso país, não há dúvida que os militares, com apoio do povo, salvaram o país da cubanização.

Anônimo disse...

BONITO RELATO, fico feliz por ter descoberto a verdade objetiva dos fatos. Há alguma similiaridade com a minha vida no sentido de ideal político. Se o Ilustre me permite, gostaria de humildemente, discorrer como aconteceu comigo. Eu tbm era efusivamente esquerdista a partir de 87 quando conheci um ex-preso político comunista, essa pessoa me influenciou na ideologia petralha, até que não tivemos mais contatos, e me formei em Direito. A verdade veio ao meu intelecto e a meu coração por motivos DA FÉ e DA RAZÃO. Explico: No sentido político, foi por amor e respeito aos JUDEUS a ISRAEL essa nação messiânica e que nos legou padrões de civilidade e os EUA pelo que essa nação representa tbm (uma nação de berço protestante) para o mudo civilizado. No início foi dificílimo aceitar estar ao lado dessas nações, mas foi devido a minha conversão a FÉ CRISTÃ EVANGÉLICA e as constantes LEITURAS DA BÍBLIA é que me fizeram ter uma compreensão e uma guinada extraordinária. Sou convertido ao Evangelho, já há 14 anos e sou apoiador incondicional dos valores cristãos, da direita racional e comedida, além de Israel é claro. Enfim, EU TIVE UMA TRANSFORMAÇÃO IDEOLÓGICA A PARTIR DE MINHA CONVERSÃO AO EVANGELHO. Até hoje isso me deixa sem fôlego as vezes. Dentre mtos outros contatos anteriores, reconheço no Ilustre Aloísio um fator inspirador na continuidade de meu aprendizado há aproximadamente um ano. Grato por sua coragem e principalmente por me incentivar a escrever esse singelo, mas factual relato.
Abs,
seu amigo oculto...
eduardo

Anônimo disse...

O Brasil precisa de uma outra ditadura militar, porém, os militares tem que vir de fora porque os militares brasileiros são muito burros. Quem dera tivéssemos um Pinocht aqui. Do contrário, além de não matarem o mal pela raiz ainda permitiram que o Geisel sabotasse o país de dentro para fora...

Alexandre, The Great disse...

Brilhante como sempre, Aluízo!

Também acredito que a redenção do atual regime só virá com uma outra revolução e, infelizmente, com derramamento de sangue. Não será com "eleiçãozinha" que nos livraremos desta canalha toda.

Rodrigo disse...

Hahaahahhaha!

O apreço que a reaçada "liberal-democrata" (piada pronta!) é comovente...

Rodrigo disse...

apreço pela democracia, por supoesto, oh ráios!