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segunda-feira, julho 13, 2009

FOLHA MOSTRA BOLSA FAMÍLIA PARA INGLÊS VER

A Folha de São Paulo foi à London School of Economics and Political Science, para encontrar quem afirme aquilo que inúmeras vezes já escrevi aqui no blog, ou seja, a constatação da inescrupulosa manipulação do dinheiro público com fim puramente eleitoral que caracteriza a deletéreia bolsa família.

Aquilo que seria um programa para promover o desenvolvimento econômico e a inclusão de parcela da população carente no processo calitalístico, se transformou numa poderosa ferramenta eleitoral da qual o principal beneficiário é Lula.

Veja o que diz o professor da vetusta instituição britânica. É o óbvio, mas revestido de verniz acadêmico europeu...hehehe...

O governo federal confirmou, há duas semanas, que vai elevar ainda neste ano os pagamentos do Bolsa Família, principal programa social do governo Lula e um de seus maiores trunfos eleitorais. Especialista em programas de transferência de renda, o professor Anthony Hall, da LSE (London School of Economics and Political Science), diz que o Bolsa Família corre um sério risco: o foco de curto prazo na distribuição de dinheiro pode prejudicar o investimento de longo prazo em saúde e educação.

FOLHA - O programa cumpriu seus objetivos?

ANTONHY HALL - Seu objetivo imediato, obviamente, é amenizar a pobreza, e as avaliações iniciais indicam que o programa foi bastante bem-sucedido. Outro objetivo é acumular capital humano, fazendo os pagamentos condicionais a educação e saúde. E, nisso, o cenário é menos certo no momento. No campo educacional, as matrículas aumentaram, mas isso não necessariamente significa que a qualidade melhorou. Os resultados são melhores na saúde, em campanhas de vacinação e outras frentes.

FOLHA - E o que poderia ser feito?
HALL - O próximo estágio desse tipo de programa é estabelecer uma ligação clara com geração de emprego. Isso também depende da macroeconomia.

FOLHA - Mas é possível avaliar se o programa cumpre esse aspecto?
HALL - A avaliação tem de acompanhar o progresso dos beneficiários do Bolsa Família cinco, seis anos depois que deixaram a escola, para checar se há correlação entre ter participado do programa e uma melhor posição no mercado. Mas as principais forças do programa no momento, francamente, são políticas. Lula não fez segredo de que sua popularidade é, em larga medida, consequência do Bolsa Família.

FOLHA - E que críticas o senhor faz?
HALL - Essa certa ênfase em transferências de dinheiro, no curto prazo, é um "remendo". Não quer dizer que não funcione, mas devemos ser cautelosos. O que pode haver também é uma mudança na mentalidade dos políticos e planejadores, tentação de "curto-prazismo", de pensar que a transferência de dinheiro seja um modo rápido e popular de entregar os bens e pegar os votos, em vez de investir em saúde e educação pelos próximos dez anos. Não estou dizendo que está acontecendo, mas é um perigo real.

FOLHA - Se o programa for bem-sucedido, está destinado a acabar um dia. Já aconteceu em algum lugar?
HALL - Em teoria, sim. Mas nunca aconteceu. É um poço sem fundo, porque sempre haverá novos objetivos. E isso é bom. O perigo é permanecer de curto-prazo e clientelista.

FOLHA - Quanto tempo? Décadas?

HALL - Sim. Qualquer político que ousar dizer "eu não gosto do Bolsa Família" acabou de cometer suicídio político.O conceito básico está aqui para ficar por um longo tempo. (Da Folha de São Paulo desta segunda-feira)

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