Esta é a matéria da revista Veja, que foi às bancas neste sábado, contando os detalhes da operação deflagrada por Lula para salvar José Sarney. Notem que Lula engoliu o PT, prometendo salvar todos os espalhados durante a campanha eleitoral.
Para ser sincero, não duvido. A maioria da população brasileira é estúpida e, ao mesmo tempo, oportunista. Dá para antever o mote da campanha petralha nas próximas eleições, que terá como pano de fundo a garantia de benesses estatais que vão desde a bolsa-família às cotas raciais e outras bolsas.
Não só os políticos são patrimonialistas. A sociedade brasileira praticamente na sua totalidade não sabe viver longe das tetas estatais. Lula e seus petralhas descobriram isso e, como nenhum governo anterior, soube utilizar. Ah! e como soube. Aqui a parte inicial da matéria. No site da revista, para assinantes, há outros textos que esmiuçam os bastidores da tramóia lulística. Leiam:
Eleito presidente da República em 2002, Lula acrescentou a sua magnífica história de vida, personalidade e insuperável carisma um balaio com 50 milhões de votos. Levou para o graal da política seus correligionários do Partido dos Trabalhadores (PT), cujos integrantes mais ativos foram acomodados em cargos executivos, ocupando os postos mais cobiçados da hierarquia política do país. Começava então o governo do PT.
Internamente, a militância discutia que transformações o partido sofreria com a experiência de governar o Brasil. Depois de tanto sucesso como pedra, como reagiria o PT sendo vidraça por quatro, oito ou... vinte anos?
Tornando ainda mais curta uma curta história, a ideia de que o PT governaria o Brasil começou a ruir, como se sabe, quando o economista da agremiação, Guido Mantega, foi preterido para o posto de presidente do Banco Central, entregue a um banqueiro internacional e, ainda por cima, tucano, Henrique Meirelles.
O choque seguinte foi a queda em desgraça do herdeiro aparente de Lula, José Dirceu. As outras cabeças rolariam em 2005, no vórtice do escândalo do mensalão. De lá para cá, o petismo sobreviveu mantendo as aparências mas já sem bandeiras e vitalmente dependente do oxigênio político instilado por Lula.
Na semana passada, Lula ameaçou cortar o oxigênio e o PT viu, pela primeira vez com clareza, que a experiência de governar foi sem nunca ter sido e serviu apenas para que o presidente desse andamento a suas prioridades, que são, pela ordem: Luiz Inácio da Silva, Lula e Lula.
Os senhores acima empalhados são a imagem desse quadro. Eles foram obrigados a encenar o teatro de salvar a pele de um inimigo histórico do partido, o senador José Sarney, fazendo o mesmo papel de guarda-costas desempenhado por Fernando Collor e Renan Calheiros, que dispensam apresentação.
A missão foi cumprida com sucesso. No escândalo do mensalão, em 2005, o PT que subornava deputados, comprava partidos e desviava dinheiro público obedecia apenas ao ex-ministro José Dirceu, pelo menos segundo as conclusões oficiais. Agora, o PT que não se incomoda mais com o nepotismo, o fisiologismo e a corrupção tem um novo e inquestionável comandante em chefe: o próprio presidente Lula.
Partiu dele a ordem para poupar Sarney a qualquer custo no Conselho de Ética do Senado, mesmo que esse custo fosse a implosão do que ainda restava de pudor nas fileiras petistas. Como recompensa, o chefe promete limpar a biografia de todos eles usando sua popularidade quando chegar a hora do voto.
Ao reduzir moralmente seu partido e abrir mão de aliados históricos, como foi o caso da ex-ministra Marina Silva, que deixou o PT por discordar dos caminhos trilhados, o presidente Lula certamente tem em mente um plano auspicioso. Difícil talvez seja convencer as pessoas de como algo que se imagina virtuoso possa passar pela salvação do senador José Sarney.
Lula acredita que fez o melhor governo da história do Brasil e quer provar isso elegendo o sucessor. Apesar da resistência do PT, o presidente escolheu a ministra Dilma Rousseff para o papel de candidata, e está empenhando sua imensa popularidade numa pré-campanha que começou há meses. O governo precisa do PMDB para viabilizar seu projeto de poder.
É nessa hora que aparece a fatura pesada. Se para quitá-la for preciso fazer alguns sacrifícios, como defender corruptos ou enfraquecer o partido que levou Lula ao poder, segue-se em frente, sem nenhum constrangimento.
O presidente acredita que seu carisma, combinado com uma dose de sagacidade política, é capaz de reduzir a nada qualquer crise que se apresente. Na semana passada, por exemplo, houve um encontro de contas. O governo queria – e conseguiu – evitar a convocação da ministra Dilma para falar do caso envolvendo uma suposta interferência na Receita Federal (veja reportagem), e o PMDB queria – e também conseguiu – arquivar as denúncias contra José Sarney. É nisso que o presidente aposta.
Se sua imagem e a do seu governo forem preservadas, tanto faz se o partido do governo é o PT, o PMDB ou o PSL. O que move Lula é o pragmatismo, a tranquilidade de colher frutos da parte positiva do governo e, ao mesmo tempo, transferir ao PT o ônus por defender figuras como Fernando Collor, Renan Calheiros e José Sarney.
O PT percebe claramente esse desgaste, mas não pode nem tem condições de reagir à estratégia do criador. Na semana passada, lideranças do partido tiveram acesso aos dados de uma pesquisa qualitativa feita nas principais capitais do país.
O objetivo: avaliar as consequências para a legenda do mensalão, do dossiê dos aloprados, da salvação de Renan Calheiros e, agora, de Sarney – todos escândalos que contaram com o envolvimento direto dos petistas.
A maior parte dos entrevistados apoia e admira Lula, não vincula o nome do presidente a nenhum dos escândalos, mas tem sérias restrições em votar no PT. Sendo assim, ao empalhar as cabeças do partido, Lula pode alegar que está apenas protegendo-as de si mesmas.
A foto montagem é da revista Veja. O título do post é da própria matéria.
3 comentários:
Não entendo como a Veja escolheu esta capa...
Qual foi o fato mais importante da semana, o médico supostamente estuprador ou o Titanic do PT e o histórico caos institucional? Estranho...
Por isso mesmo não assino mais.
Hans,
é um critério baseado naquilo que vende em banca. Os leitores de política são em número menor do que os leitores que adquirem a revista pelo conteúdo da capa. História de médico estuprador acaba sendo um verdadeiro maná para a revista. Lembre-se: o Brasil é um país de botodudos. Ainda assim, matérias como esta do médico atraem até mesmo certo segmento que se diz "letrado".
É uma opção comercial visando turbinar a venda em banca. Afinal, as publicações precisam vender. A elaboração de Veja custa uma fortuna. Se não der lucro, a empresa quebra. Comunicação em todos os níveis é uma atividade empresarial difícil.
Alô Aluizio
E é estranho que após uma denúncia contra o médico aparecem MAIS DE SESSENTA ,ou sei lá quantas denúncias.
PQP..o pessoal que se tratava com o "cara" são das "elites',pois o tratamento custa uma banana,e supõe-se que tenham um pouco de instrução e sabem de seus direitos e deveres.
Qual o motivo de NÃO DENUNCIAREM ANTES...?
botocudos com diploma!!!!
abraços
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