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domingo, setembro 27, 2009

LAPOUGE FALA DE JORNALISMO X INTERNET

Gilles Lapouge é correspodente do jornal O Estado de São Paulo na França e escreve para este diário brasileiro desde 1950. Está no Brasil esta semana e foi enrevistado por Laura Greenhalgh para a TV Estadão, via internet.

O assunto é a diminuição na venda e circulação dos jornais impressos sob o impacto da inernet.

Como Lapouge, também creio que o jornalismo impresso não desaparecerá tão cedo ou quem sabe não desaparecerá nunca.

Entretanto, não acredito que essa discussão esteja num caminho certo. Há por trás desse debate um certo saudosismo daqueles que se criaram no jornalismo com a máquina de escrever, o telégrafo, depois o teletipo, o telex e a radiofoto e a telefoto.

Mas até o advento da internet nehum desses avanços tecnológicos que melhorou e facilitou a transmissão da informação sofreu impacto tão brusco e tão profundo.

O que eu vejo nisso tudo como jornalista há quase 40 anos, é que a internet ao contrário do que alguns podem pensar, ou teimam em pensar, em vez de prejudicar contribui de forma fantástica para aumentar a rapidez da difusão da informação e já se tornou uma ferramenta indispensável para o exercício do jornalismo.

Também não significa o fim da profissão do jornalista, muito pelo contrário. Lapouge tem razão quando fala na necessidade de organização e checagem da informação, coisa que só os jornalistas têm condição de fazer e sabem como fazer.

Tanto é que os veículos de comunicação via internet estão intimamente ligados com as grandes empresas jornalísticas. Dependem dessa organização, verificação e acurácia na apuração da notícia. Tanto é verdade que sites e blogs que veiculam noticiário e opinião somente se firmam e têm credibilidade quando são editados por jornalistas.

Entretanto, não há dúvida de que a internet é uma poderosa ferramenta que auxilia o jornalista.

O ponto crucial a meu ver refere-se ao fato que a internet é uma “nova mídia”. Enquanto o jornalismo tradicional não entender isso continuará patinando em equívocos e muitas vezes negando uma realidade, um fato que está aí, uma coisa que veio para ficar e se ampliar tomando rumos que não se pode prever para além de uma década.

Outro ponto a ser pensado diz respeito à forma de tratar a informação em veículo impresso. Este é o desafio. Imprensa e internet já vivem uma saudável simbiose. Como disse são mídias diferentes, como o rádio é diferente na televisão e do jornal. Entretanto, haverá sempre uma convergência entre esses diferentes veículos.

Nesse alvorecer da internet o que se pode notar é que já influiu muito na forma de tratar a informação e sobretudo emitir opinião. Os jornalistas que não se ligam na grande rede deixam transparecer essa condição em seus textos, reportagens e editoriais.

Por outro lado, os jornalistas nunca estiveram tão expostos a uma permanente fiscalização dos leitores e suas cobranças. Os leitores, antes passivos, passaram a ser atuantes e produtores, eles também, de informação.

Na verdade o caos ao qual se refere Lapouge nesta entrevista sempre existiu e o jornalismo trata apenas de extrair desse fluir caótico dos acontecimentos os recortes mais relevantes, ou seja, aquilo que é notícia.

O caos não é causado pela internet! Ela apenas o reflete de forma mais concreta e visível. A grande rede apenas tem a capacidade, antes impossível, de exibir concretamente, seja em textos ou imagens, uma parte bem maior desse mundo caótico dos acontecimentos. E, ainda assim, todo esse fluir incessante de fatos produzidos pelos homens em suas relações sociais jamais poderão ser consatados em toda a sua totalidade e dimensão.

O que não tem sentido são os discursos que enveredam pelo caminho da negação dessa nova realidade imposta pela internet. É algo que não tem volta. O jornalismo tradicional terá de se adaptar. Provavelmente os jornais mudarão bastante nos próximos anos e quem sabe não serão mais impressos, tornando-se virtuais e disponíveis em novos equipamentos que surgirão.

Mas os jornalistas continuarão a ser os únicos organizadores e produtores de informação com credibilidade. E a internet já está obrigando-os a tomar cuidados redobrados na hora de escrever uma notícia ou um artigo opinativo.

Fica aberto o debate nos comentários.

4 comentários:

Anônimo disse...

Alô aluizio
só para apimentar o assunto quero dizer que o MAIS ANTIGO JORNAL DO MUNDO(uns troscentos anos) atualmente só existe on-line,lá dos cantos nórdicos..
abraços
karlos

Anônimo disse...

Alô aluizio
custei mais achei:
o mais velhinho e sua nota:
World's Oldest Newspaper Goes Digital



Published: February 05, 2007 4:00 PM ET

STOCKHOLM For centuries, readers thumbed through the crackling pages of Sweden's Post-och Inrikes Tidningar newspaper. No longer. The world's oldest paper still in circulation has dropped its paper edition and now exists only in cyberspace.

The newspaper, founded in 1645 by Sweden's Queen Kristina, became a Web-only publication on Jan. 1. It's a fate, many ink-stained writers and readers fear, that may await many of the world's most venerable journals.

"We think it's a cultural disaster," said Hans Holm, who served as the chief editor of Post-och Inrikes Tidningar for 20 years. "It is sad when you have worked with it for so long and it has been around for so long."

Queen Kristina used the publication to keep her subjects informed of the affairs of state, Holm said, and the first editions, which were more like pamphlets, were carried by courier and posted on note boards in cities and towns throughout the kingdom.

Today, Post-och Inrikes Tidningar, which means mail and domestic tidings, runs legal announcements by corporations, courts and certain government agencies _ about 1,500 a day according to Olov Vikstrom, the current editor.

The paper edition was certainly not some mass-market tabloid. It had a meagre circulation of only 1,000 or so, although the Web site is expected to attract more readers, Vikstrom said.

The newspaper is owned by the Swedish Academy, known for awarding the annual Nobel Prize in Literature. But it recently sold the publishing rights to the Swedish Companies Registration Office, a government agency.

Despite its online transformation, Post-och Inrikes Tidningar remains No. 1 on a ranking of the oldest newspapers still in circulation compiled by the Paris-based World Association of Newspapers.

"An online newspaper is still a newspaper, so we'll leave it on the list," WAN spokesman Larry Kilman said.

abraços
karlos

Anônimo disse...

http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2666381.xml&template=3916.dwt&edition=13198&section=1328D LEIA ALUIZIO,SOBRE COLOMBO E A INTERNET

Inocima disse...

Concordo com a necessidade de organização e checagem de informação.

Mas isso pode ser feito por qualquer um, atualmente os jornalistas são simplesmente os mais aptos, os melhores treinados para isso.

Também é fato que existem muitos jornalistas que também deixam de lado esses passos e simplesmente publicam informação errônea.

O resultado é altamente previsível: com o aumento da concorrência somente os melhores sobreviverão, além de observarmos o surgimento de uma nova geração de profissionais que se formou totalmente na Internet.