Eis a íntegra da coluna do Diogo Mainardi, que está na revista Veja que foi às bancas neste sábado. Leiam que está supimpa!
Ricardo Kotscho foi assessor de imprensa de Lula por dois anos, no primeiro mandato. Agora ele tem um blog. Eu sei, é triste: do Palácio do Planalto ao iG. Mas é só o que lhe resta. Na última semana, Ricardo Kotscho deu o tom da propaganda patrioteira de seu partido. De acordo com ele, Lula derrotou Obama, debelou o H1N1, descobriu petróleo, garantiu a democracia em Honduras e domou a economia mundial. Nós, por outro lado, "os célebres 6% que reprovam o governo Lula", somos apenas uma "urubuzada" agourenta que pretende minar a alegria dos brasileiros. O lulismo já tem seu Plínio Salgado: é Ricardo Kotscho.
Em Mito Fundador e Sociedade Autoritária, Marilena Chaui fez um apanhado de nosso imaginário nacionalista. O ensaio foi publicado no ano 2000. Quem o editou? Marco Aurélio Garcia, atual coordenador do programa de Dilma Rousseff. A meta de Marilena Chaui era contrastar a propaganda patrioteira de Fernando Henrique Cardoso, na festa dos 500 anos de Descobrimento do Brasil. De "semióforo" em "semióforo" - sim, Marilena Chaui interpreta semióforos -, ela argumentou que nosso chauvinismo "verde-amarelista" sempre foi usado pela classe dominante para manter o poder, esmagando "aqueles célebres 6%" de impatriotas que insistiam estupidamente em ignorar a grandeza do governante de turno.
De Pero Vaz de Caminha a Amaral Netto, passando pelo fascismo getulista e pelo regime militar, Marilena Chaui indicou algumas das patifarias nacionalistas marteladas no decorrer dos séculos. A primeira delas foi perfeitamente resumida por Afonso Celso, mais de 100 anos atrás: nossa riqueza natural é uma dádiva de Deus, e, se Deus "aquinhoou o Brasil de modo especialmente magnânimo, é porque lhe reserva alevantados destinos".
Lula recorreu à mesma impostura determinista quando estatizou o pré-sal, dizendo tratar-se de "uma dádiva de Deus e um passaporte para nosso futuro". Marilena Chaui analisou também a imagem alegre e fraternal dos brasileiros, que a "cultura senhorial" disseminou a fim de domesticá-los. Mas foi nessa imagem alegre e fraternal que se baseou a mitografia petista, segundo a qual Lula condensaria as melhores características dos brasileiros - Lula, o Filho do Brasil.
Marilena Chaui fazia parte da "urubuzada" agourenta. Depois que Lula foi eleito, ela deu uma amostra de seu rigor intelectual, tornando-se imediatamente "verde-amarelista", alinhada à fanfarronice do Brasil Grande. Plínio Salgado - o Ricardo Kotscho integralista - inaugurou o "verde-amarelismo". Alguns anos mais tarde, seu movimento totalitário teve uma segunda etapa. Nome? "Revolução da Anta". Os célebres 6% que reprovam o governo Lula acreditam estar em plena "Revolução da Anta".
sábado, outubro 10, 2009
DIOGO MAINARDI: Do Kotscho à Chaui
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Postado por
Aluizio Amorim
às
10/10/2009 07:20:00 AM
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