A CHUVA EM SP E O JORNALISMO DE ALUGUEL

A estupidez do jornalismo atingiu o climax com o temporal que se abateu sobre São Paulo. Acharam dois culpados pela tormenta: José Serra e Gilberto Kassab.

Ora, ninguém precisa de abundância de neurônios para saber que temporais ocorrem ao redor do planeta o tempo todo. Não se sabe, no entanto, quais as razões que fazem ocorrer precipitações gigantescas sobre determinada parte da Terra num determinado momento.

Mas se sabe quais são os motivos que fazem ocorrer vítimas em temporais: os aglomerados humanos. Quanto maior a cidade, maior a possibilidade de vítimas. Além do que uma cidade como São Paulo nada mais é do que uma fantástica carapaça de concreto e asfalto que impermeabiliza o solo e impede a absorção das águas.

Ao contrário do que imagina Josias de Souza da Folha de São Paulo, não há nestes casos de precipitação muito além da média, nenhum tipo de solução. Nem todas as bombas do mundo a bombear água de cima de rodovias; nem galerias pluviais gigantes serão capazes de conter a enxurrada. Não há nenhuma obra humana que suplante a força da natureza.

Mas notem. Cada vez mais teremos notícias sobre temporais na mesma medida em que a população brasileira aumenta e migra do campo para as cidades. Alguém já ouviu alguma notícia sobre um grande temporal em áreas de baixa densidade demográfica? É claro que não, embora os especialistas estejam aí para confirmar que grandes precipitações ocorrem também sobre áreas rurais.

Mas o que salta aos olhos é o fato de que à falta de escândalos como mensalões, dólares na cueca, gastos com cartões corporativos e ladroagens semelhantes que, a rigor não tem atingido o território paulista, o jornalismo a serviço de lulismo resolveu culpar Serra e Kassab pela chuvarada. Serra e Kassab transformaram-se imediatamente em Senhores da Chuva.

Josias de Souza passou a madrugada na frente de seu computador para ver se José Serra aparecia no Twitter.

Esse tipo de jornalismo, já disse aqui, é o principal responsável pela decadência dos jornais e não a internet como querem fazer crer os donos dos veículos e seus assessores iluminados.

Continua o inconformismo do jornalismo de aluguel com a performance de José Serra que, mesmo sem assumir sua candidatura à presidência da República, segue liderando todas as pesquisas eleitorais e já alcança quase 40% da preferência dos eleitores brasileiros.

E Josias Souza queria que José Serra, num momento de comoção, com áreas de São Paulo submersas, com gente morrendo, enfim com toda a tragédia que acontece numa calamidade, estivesse no Twitter trocando mensagens de amenidades com os seus seguidores.

Desse jeito qualquer dia os jornais brasileiros estarão tendo o mesmo destino que teve o Granma, em Cuba, que foi transformado em papel higiênico quando esse produto de higiene pessoal sumiu das prateleiras dos supermercados de Fidel Castro.