TRANSLATE/TRADUTOR

segunda-feira, janeiro 04, 2010

DIA DE SOSSEGO NA ILHA DA MAGIA BOTOCUDA

Do alto do terceiro piso do estacionamento do Beiramar Shopping em Florianópolis se descortina a Baía Norte e a Av. Jorn. Rubens de Arruda Ramos, conhecida como av. Beira Mar. Tirei esta fotografia no sábado à tarde. O dia foi de sol e significou sossego para quem vive aqui. Quando faz sol os turistas permanecem nas praias para onde vão também os botocudos. O centro da cidade fica calmo e limpo, sem os terríveis engarrafamentos que se formam nesta que é a principal avenida que dá acesso às praias e também às duas pontes que ligam a Ilha ao Continente.

Entretanto, nesta época do ano, quando o tempo fica chuvoso e nublado, os turistas que estão espalhados pelas 42 praias da Ilha resolvem todos passear no centro da capital catarinense e invadem os shoppings, causam o maior engarrafamento e detonam sem parar tudo o que é oferecido nos restaurantes, quiosques e praças de alimentação.

Vários automóveis com placas da Argentina e Paraguai já começaram a disputar o espaço com os nativos. "Los hermanos" consideram Florianópolis “muy exquisito”, especialmente “las playas”, que no sotaque do marcarrônico espanhol portenho soa mais ou menos como “plajas”. Acham as águas daqui “calientes”, o que dá para se ter uma idéia do que são as praias argentinas e uruguaias, nas quais só é possível o banho de mar com aquela roupa especial de mergulhador. E assim mesmo não é mole. Não há gringo que acredite, com razão, nessa história de aquecimento global de jeito nenhum.

E olhe que a água do mar que circunda a Ilha Capital Florianópolis é fria pra danar. Quem experimentou as águas dos mares do Nordeste jamais volta a banhar-se por aqui. Mas comparando-se com as geladeiras uruguaias e argentinas, isto aqui vira a sede do efeito estufa.

Neste dia ensolarado tirei a fotografia que ilustra este post com o maior prazer. Sentia-me naquele momento senhor absoluto desta ilha, vendo lá de cima do shopping pouquíssimos veículos na avenida, o shopping quase vazio e os restaurantes acolhedores. Derrotei um belo almoço no restaurante Viena, quando pude inclusive trocar informações a respeito de gastronomia com o Chef Paiva.

Ato contínuo (êpa), rumei para a loja da Copenhague que não tem nada a ver com o deletério Cop 15 (argh!). Trata-se da famosa loja de chocolates de viés anti-botocudo e que serve um café espresso generoso que reputo como o melhor oferecido atualmente em Florianópolis. A Copenhague está caprichando na escolha da procedência do café que comercializa em suas lojas e a Anair, a franqueada, tem um time de moçoilas que sabe tirar um espresso na medida certa.

De repente, me vejo livre dos botocudos e então passo a degustar com prazer o espresso curto e cremoso sob o refrigério de civilizado ar condicionado. Guardo um momento para sentir o retrogosto, sinal de que o espresso foi bem tirado e os grãos são jovens e de boa cepa. Em seguida me entrego ao vício. Acendo um careta sob a imponente marquise do shopping, por enquanto um fumódromo. Digo por enquanto porque uma meia dúzia de vereadores botocudos deverá qualquer hora dessas criar uma lei proibindo que se fume até mesmo no passeio que circunda o shopping.

Entretanto, nunca ouvi dos vereadores e suas leis politicamente corretas e invasoras da privacidade, uma censura sequer aos botocudos, que estão sempre no entorno do shopping em campana prontos para atacar. Qualquer vacilo e você pode sofrer um inusitado assédio botocudo. Isto levou a direção do Beiramar Shopping a manter guardas 24 horas em cada uma dos portões de acesso. Mesmo assim, eles, os botocudos, continuam na espreita e surgem repentinamente. Posiciono-me, por isso mesmo, num local estratégico próximo à porta automática. Pressinto o botocudo de longe e, num passo rápido, retorno para dentro do shopping.

Nesta hora da madrugada já estou rogando aos deuses que façam o sol brilhar e o filete de mercúrio do termômetro que marca os graus centígrados passe dos 30°. Isto será a garantia de uma segunda-feira menos traumática pós-feriadão nesta terra que denominam Ilha da Magia (argh!).

Finalmente, um aviso aos turistas. Se querem ficar horas no engarrafamento do trânsito, correndo risco de assalto botocudo, esperar em restaurantes com uma senha na mão, venham para Florianópolis, de fato uma Ilha mágica, pois essa gente toda deveria mesmo estar enfeitiçada quando decidiu passar suas férias aqui.

Um comentário:

Alexandre, The Great disse...

Bela foto, Aluízio!
Tenho uma neste mesmo ponto, quando visitei a Ilha em outubro 2009.
Botocudos argentinos, uruguaios e paraguaios deve ser "dose pra elefante". Não bastam os "nossos botocudos"?