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sábado, fevereiro 20, 2010

POR QUE JOSÉ SERRA É LÍDER DAS PESQUISAS?

O entrevistado da revista Veja que foi às bancas neste sábado é com o sociólogo Bolívar Lamounier que analisa o crescimento da denominada classe média no Brasil. Pinço da entrevista duas respostas de Lamounier. Esse sociólogo tem se dedicado ao estudo da mobilidade social brasileira nos últimos anos.

Em parte, as duas respostas explicam as razões para a performance de José Serra nas pesquisas eleitorais. Aliás, todas as que foram feitas até agora para medir a inclinação do eleitorado brasileiros em relação aos candidatos colocam o governador paulista à frente. Lamounier vai ao ponto ao detectar o fenômeno: Lula tem o apoio da maioria, entretanto, essa maioria não está rigorosamente ao lado das teses que embalam o marketing da candidatura petista. O sociólogo explica isso de forma consistente. Leiam:

Essa classe média emergente se encorpou durante o atual governo. Isso não a torna eleitorado cativo do PT? Não, de jeito nenhum. A classe C não é fruto do atual governo. Sua origem pode ser creditada à globalização, que começou a ganhar força há duas décadas. Tomamos conhecimento do mundo, e nossa relação comercial com outros países se fortaleceu. Isso só foi possível, evidentemente, porque nossa economia estava estabilizada e nossa moeda era respeitada. Fernando Henrique se elegeu por causa do real, mas Lula ganhou a eleição ao se comprometer a preservar a estabilidade. Por essa razão, não acredito que a classe C tenha fidelidade partidária. Estamos falando de milhões de pessoas, que se inclinam na direção que lhes for mais conveniente em determinado momento. É um conjunto social que disputa no mercado, diariamente, a sua sobrevivência. Por isso, se um governo a prejudicar de alguma maneira, não terá o seu apoio, independentemente de sua coloração política. O processo democrático e a alternância de poder existem justamente para dar conta dessas mudanças. Acho um equívoco imaginar que os brasileiros emergentes sejam favas contadas pró-governo nas próximas eleições.

O que lhe dá essa convicção? Com a emergência social vem uma maior percepção da realidade. Viver em um ambiente econômico mais estável também contribui para que as pessoas se tornem mais realistas. Com isso, elas deixam de esperar a ajuda permanente da providência divina ou do estado. Tomam consciência de que seu crescimento material daqui para a frente depende muito do esforço pessoal de cada um. O programa apresentado pelo PT até agora falha clamorosamente em entender essa situação. O programa é estatizante a um grau tal que representa um retrocesso de meio século na vida nacional. Está fora de sintonia com as complexidades da economia mundial, e suas propostas, sem dúvida alguma, são prejudiciais à classe C. Até porque sua grande conquista foi justamente participar da economia privada. Aqueles que ascenderam à classe média querem continuar subindo na escala social para usufruir os padrões de consumo e de comportamento dos grupos sociais mais altos. Ocorre que o estatismo não coloca a classe C mais próxima dessa nova etapa de progresso. Ele faz justamente o contrário. O estatismo da maneira como é defendido pelo PT desmantelará a economia e impedirá a classe C de progredir ainda mais. As pessoas percebem esse retrocesso com clareza. Não será fácil para o PT tentar enganá-las.

Assinantes de Veja lêem AQUI a entrevista na íntegra

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