Quando a origem da notícia é Cuba, muitas vezes, a piada já vem pronta. A última dá conta de uma estratégia no mínimo heterodoxa de propaganda revolucionária. Preocupados com a crescente exposição dos jovens da ilha a influências da cultura estrangeira, especialmente as que chegam dos Estados Unidos, especialistas do governo decidiram lançar um videogame que recria a forma de vida dos cubanos, com fotos de Fidel Castro e de Che Guevara penduradas nas casas, televisores e geladeiras chinesas, e até com filas em armazéns.
"A família", concebido para menores de 12 anos, é o primeiro videogame cubano em formato 3D, criado por técnicos da rede de clubes onde jovens e crianças têm gratuitamente aulas de computação, informou nesta quinta-feira o jornal Juventud Rebelde.
O autor da ideia, Enrique Rodríguez, técnico-instrutor de um Clube Jovem da província de Ciego de Avila, explicou que a equipe de programadores concordou que "o ambiente do jogo teria que ser da Cuba atual, com objetos, construções, problemas e situações próximas às que vivem os cubanos".
Ainda que o acesso à internet seja limitado em Cuba - o governo atribui o problema ao embargo dos Estados Unidos, enquanto Washington culpa o controle cubano da informação -, os jovens têm cada vez mais contato com o exterior por meio de familiares e amigos emigrados, televisões a cabo ilegais e a chegada de milhares de turistas.
"Hoje, os jovens se aproximam de videogames estrangeiros e interagem mais com a cultura alheia do que com a nossa. E isso precisa mudar sem imposições e com muita criatividade", disse Deynis Alvarez, instrutor principal do Clube Jovem do município de Florencia, em Ciego de Avila.
O software elaborado por Rodríguez possui diferentes níveis de complexidade para as tarefas que os cubanos devem resolver todos os dias - incluindo problemas como o transporte ou a escassez de alimentos. O que o genial inventor não explica é como pretende atrair o interesse de crianças pedindo a elas que enfrentem, no mundo virtual, o mesmos problemas que os aborrecem na vida real todos os dias. Do site da revista Veja
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