A Carta ao Leitor, da revista Veja que foi às bancas neste final de semana resume de forma irretocável o que levou o Rio de Janeiro a viver uma tragédia de verdadeiro horror.
O texto se refere à matéria de capa desta edição, uma reportagem completa sobre os dias de morte e horror vividos pela população do Rio de Janeiro. Neste texto o editorialista dá ao final um link sobre um vídeo de um documentário americano de 1936, intitulado Cidade do Esplendor, que postei acima para vocês verem como uma cidade espetacular se transformou num inferno.
A Carta ao Leitor resume, de forma ligeira, o que levou o Rio a esta situação não suportando a fúria das águas e ao mesmo identifica a flagrante responsabilidade: a ação deletéria do maldito populismo que continua açoitando a Nação. Leiam:
No Brasil, país livre de tsunamis, vendavais, vulcões e terremotos, a natureza não mata em massa. O que mata no Brasil é o populismo. As centenas de mortos que o Rio de Janeiro chora não foram vítimas das tempestades recordes que se abateram sobre a cidade. Foram vítimas da irresponsabilidade oficial, da demagogia de gerações de políticos e governantes que abriram picadas nas encostas instáveis da temerária topografia do Rio de Janeiro e de Niterói para ali instalar seus currais eleitorais.
Uma reportagem da presente edição de VEJA mostra que a ocupação das favelas cariocas aumentou em um ritmo 270% maior do que o crescimento populacional da cidade. Esse número é em si uma evidência eloquente de que as pessoas mais pobres não foram se encarapitar nos morros em consequência do empuxo demográfico natural ou pela simples incúria na aplicação das leis de ocupação do solo. Não. Elas foram correr risco de vida nos morros como resultado de uma criminosa "indústria da favelização". Essa satânica estratégia política foi levada ao paroxismo nos anos 80 pelo governador Leonel Brizola e seu vice, Darcy Ribeiro, autor da tese, repetida com gosto pelos populistas, de que "favela não é problema, é solução". Para os mortos do Rio houve apenas a "solução final" sob os escombros. Brizola, morto em 2004, chegou a proibir a entrada da polícia nas favelas, entregando poder total aos traficantes e a seus braços políticos, os cabos eleitorais.
Aqueles mananciais cativos de votos são açoitados sazonalmente pelas chuvas com danos humanos e materiais variáveis. Mas raramente isso tem resultado em tragédias
de proporções dantescas como a da semana passada.
O horror será suficiente para fazer reverter a indústria da favelização? Com a palavra a bancada de vereadores e deputados que continua empenhada em inchar as áreas de onde tira seus votos e em barrar qualquer tentativa de remoção dos favelados das áreas de risco. Um documentário colocado na internet celebra um Rio de Janeiro espetacular nos anos 30. As imagens funcionam como um sopro de esperança de que, com a racionalidade dos governantes e a vigilância dos eleitores, a antiga exuberância possa ser revivida.
Assinantes lêem AQUI a reportagem completa de Veja sobre a tragédia do Rio
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