A Telebrás vai operar a rede de fibra óptica das estatais, entre elas a Eletronet e a Petrobras. Com essas linhas, o governo pretende ampliar a oferta de serviços de internet e assim reduzir o preço das assinaturas. O governo poderia ter feito uma concessão ao setor privado e assim alcançar os mesmos objetivos. Optou, no entanto, por retirar da tumba uma estatal tornada símbolo da ineficiência pública e que o país julgava morta e enterrada.
Especialistas do setor de telecomunicações reconhecem o atraso da banda larga no Brasil. Os principais problemas são o alcance limitado da rede, que só chega a 21% das casas, a velocidade média da conexão, um décimo daquela de países como Coreia do Sul, e o preço para contratar o serviço, superior ao da maioria dos mercados estrangeiros. O consultor e presidente da TelComp, Luiz Cuza, exemplifica a questão: "A francesa Vivendi, que entrou no mercado brasileiro no ano passado, vende aqui um plano de banda larga de 10 megabits por segundo (Mpbs) a 70 reais por mês. Essa mesma empresa oferece na França um pacote que inclui ligações ilimitadas dentro da Europa, 150 canais de televisão digital e conexão de 25 Mpbs por praticamente o mesmo valor: 25 euros mensais". Por que o Brasil ficou para trás? Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os fatores que mais contribuem para o alto preço do serviço são o baixo nível de competição do mercado em cidades menores e a pesada carga tributária. Numa conta de 100 reais, 43 são impostos, uma das tributações mais elevadas do mundo (só Turquia e Uganda são piores nesse quesito).
De acordo com as operadoras privadas e consultores, falta ambição ao plano do governo. Em primeiro lugar, é difícil classificar como banda larga as conexões previstas no projeto do governo, com velocidades inferiores a 1 Mpbs. Pelos critérios da União Internacional de Telecomunicações, a banda larga deve apresentar velocidade de no mínimo 2 Mpbs. A proposta não traz nenhuma medida para incentivar a construção de novas linhas de fibra óptica, o meio mais seguro e rápido para a transmissão de informações. No Brasil, a maioria das conexões à internet é feita por fios de cobre dos telefones ou pelos cabos de TV por assinatura. Especialistas também afirmam que não haveria a menor necessidade de ressuscitar a Telebrás. O setor privado, que já investiu 180 bilhões de reais desde a privatização, teria condições de expandir os serviços. Bastaria para isso que o governo reduzisse a carga de impostos e incentivasse a concorrência por meio da ampliação das frequências disponíveis para a internet sem fio. Resume o ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros do Nascimento: "Concordo que um plano nacional de banda larga é necessário, mas não acho que ele deva ser controlado por uma estatal. Isso só vai atrasar o desenvolvimento tecnológico do Brasil".
Resta para lá de incerto, portanto, se o país terá algum benefício com a volta à vida do zumbi estatal. Certo apenas é o lucro extraordinário auferido pelos especuladores que adquiriram ações da Telebrás, entre eles o empresário Nelson dos Santos, ex-cliente do lobista petista José Dirceu. Desde outubro de 2007, quando o governo começou a deixar claro que a estatal deveria ser ressuscitada, suas ações acumulam alta de 4 900%. No mesmo período, a Bovespa subiu módico 1%. Da revista Da revista Veja que foi às bancas neste sábado
Nenhum comentário:
Postar um comentário