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terça-feira, junho 08, 2010

DOIS FATOS CRUZAM CIVILIZAÇÃO E BARBÁRIE

Retomando as atualizações do blog com atraso em virtude de problemas técnicos da Net que, como frisei em post abaixo, ofereceu um serviço rapido e eficiente restaurando a boa performance da conexão, abro com uma reprodução de um texto do Blog do Reinaldo Azevedo que, como sempre foi ao ponto em seu comentário sobre duas aposentadorias anunciadas. A da mais antiga jornalista a cobrir a Casa Branca e a do cartunista dinamarques Kuirt Westergaard, aquele que continua ameaçado de morte pelos fanáticos islâmicos por ter produzido a famosa charge de Maomé.

Os dois eventos evidentemente ocorridos em circunstâncias particulares, ofercem o gancho para uma análise sobre o momento político global, marcado pela deletéria e estúpida dominância do pensamento políticamente correto que pauta o jornalismo mundial. Reinaldo pegou bem. Leiam:

Foram anunciadas ontem duas aposentadorias: Helen Thomas, de 89 anos, e Kurt Westergaard, de 75. Na origem das decisões, estão dois mundos distintos, vamos ver ate quando. Ela é a mais antiga jornalista a cobrir a Casa Branca; ele é um cartunista dinamarquês. Ela “caiu” por ter dado uma declaração infeliz sobre Israel; ele, porque é autor da polêmica caricatura sobre Maomé no jornal Jyllands-Posten. Forças equivalentes e contrárias derrubaram dois veteranos? Não mesmo!

Helen falou uma grossa bobagem. Indagada há dez dias pelo site RabbiLive.com se tinha algo a dizer sobre Israel, afirmou: “Diga a eles [israelenses] para darem o fora da Palestina (…). Eles podem ir para casa, para a Polônia, a Alemanha, os Estados Unidos, qualquer outro lugar.” É o que pensa, sei lá eu, o Hamas!!! A declaração foi parar no Youtube, e Helen foi alvo de uma saraivada sensata de críticas, que mobilizou até o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, que classificou suas palavras de “ofensivos e repreensíveis”.

Na sexta, ela tentou se desculpar:

“Eu lamento profundamente os comentários que fiz na semana passada a respeito de israelenses e palestinos. Eles não refletem minha crença sincera de que a paz no Oriente Médio só será possível quando todas as partes reconhecerem a necessidade de tolerância e respeito mútuo. Espero que esse dia chegue logo”.

Ontem, a empresa de comunicação Hearst, para a qual trabalhava, anunciou a sua decisão de se aposentar.

O cartunista
O caso de Westergaard é um pouco diferente. Não se trata de uma censura moral a tornar difícil o ambiente de trabalho. Ele deixa o jornal onde trabalhou nos últimos 27 anos porque há ameaças terroristas contra o jornal e contra ele próprio.

O cartunista diz esperar que sua decisão colabore para diminuir a pressão sobre o Jyllands-Posten, onde, em 2005, saiu o desenho em que o profeta aparecia com um turbante em forma de bomba. Contra Helen, felizmente, não houve nem deve haver ameaças de morte. Westergaard sabe que corre risco de vida. Os judeus e não-judeus de várias partes do mundo podem lamentar as opiniões de Helen; os muçulmanos que saíram às ruas contra Westergaard pediram a sua cabeça — ou melhor: prometeram entregá-la.

Joern Mikkelsen, editor, disse que o cartunista “deixou uma marca no Jyllands-Posten”, mas admitiu: “Esses últimos cinco anos têm sido difíceis para ele e para o jornal”. Falando em defesa da liberdade de expressão, acrescentou: “A iniciativa [da charge] se provou mais necessária do que qualquer um poderia imaginar”.

Atenção!
Há uma ligeira diferença entre pregar a extinção de um país, ainda que preservando a sua população, que teria de migrar, e fazer uma abordagem crítica, por mais estúpida ou generalista que seja, sobre uma personagem histórica ou um ícone de uma religião qualquer. Não dá para igualar as duas aposentadorias. Uma vem para provar que a civilização democrática exige limites; outra vem para evidenciar que a barbárie não os reconhece. O motivo que leva à aposentadoria de Helen torna o mundo mais civilizado; o que leva à aposentadoria de Westergaard, mais bárbaro.

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