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terça-feira, outubro 19, 2010

ARTIGO: O rufião das pesquisas

Por Nilson Borges Filho (*) 

Os maiores perdedores do primeiro turno das eleições de 3 de outubro foram os institutos de pesquisa de opinião. Em alguns casos, os erros foram gritantes. Uns errraram mais, outros menos. Uns erraram por pura incompetência, outros por má-fé.

Não se pode esperar muito de certos institutos que operam para partidos políticos e candidatos, como se fossem clientes sem qualquer interesse direto nos resultados. Não sei se os dados apurados por uma pesquisa de intenção de votos tem condições de alterar o resultado da eleição, mas tenho absoluta certeza que, dependendo dos índices apresentados, uma determinada pesquisa pode sim mobilizar ou desmobilizar a militância e, em último caso, promover o efeito manada.

O que isso quer dizer? Como o eleitor acredita que o seu candidato não conseguirá sucesso, dirige o seu voto para aquele que melhor aparece nas pesquisas. É simples: ninguém gosta de perder. Ora, no último pleito, seja na eleição para os governos estaduais, seja para à presidência da República, os erros cometidos pelos institutos de pesquisa comprovam que houve algum tipo de irregularidade na apuração dos dados ou na aplicação dos questionários.

A alegação de que pesquisa apura apenas tendência é de uma desonestidade absurda, pois se assim fosse não haveria margem de erro. A tal margem de erro, para cima ou para baixo,  já justifica a oscilação da intenção de voto do eleitor. Agora, errar com índices – como aconteceu na eleição presidencial do primeiro turno – de 12 pontos para mais para um determinado candidato a quem servia, vendendo pesquisas, o resultado se afasta totalmente de qualquer margem de erro ou de “tendência” e ingressa naquele campo nebuloso da vigarice.

O rufianismo eleitoral, provocado por certas pesquisas nessas eleições, merece uma análise mais apurada por parte do legislador, para que, já em 2012, as eleições para as prefeituras e Câmaras de Vereadores não sejam comprometidas por pesquisas viciadas.

Mais cedo ou mais tarde surgirão estudos, cientificamente justificados, onde se vai perceber que, no pleito de 2010, certos institutos confundiram venda de pesquisa com venda de resultado. Aqui, não está em jogo somente o favorecimento a uma candidatura. A questão vai muito além disso, pois está em jogo a própria democracia.

Se isso tudo não bastasse, a falta de credibilidade dos institutos de pesquisa de opinião serve de motivo para que o eleitor desacredite inclusive da justiça eleitoral,  desconfiando se o voto dado  foi realmente computado para o seu candidato.

Mas o que mais incomoda é observar a hipocrisia de marqueteiros, candidatos e negociantes de resultados, fazendo de conta sobre a honestidade dos resultados obtidos por pesquisas fajutas.

Partidos e candidatos fiquem em estado de alerta, vem muita safadeza até 31 de outubro. Se um candidato se utiliza desse expediente quando em campanha eleitoral, imagine o que não fará depois que for eleito e estiver com o poder nas mãos. 

(*) Nilson Borges Filho é mestre, doutor e pós-doutor em Direito. Foi professor da UFSC e da UFMG. É articulista colaborador deste blog.

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Um comentário:

Mr M - O desenrolador do enrolation comunista disse...

Este video é a pá de cal que cala a boca de qualquer um que, 18 anos depois, ainda ouse negaciar de QUEM é o mérito da estabilidade sobre a qual o molusco deitou e rolou nesses últimos 8 anos!!!

www.youtube.com/watch?v=wcbEnnhkDd8&feature=player_embedded

coturnonoturno.blogspot.com