Por Nilson Borges Filho (*)
O ministro Antônio Palocci recebeu o Jornal Nacional em seu gabinete no Palácio do Planalto, para conceder uma entrevista que explicaria seu enriquecimento repentino, não porque assim o desejasse, mas simplesmente para atender uma determinação da presidente Dilma Rousseff, homologada por Lula.
Dias atrás, Lula se deslocou a Brasília com um único objetivo: salvar a pele do chefe da Casa Civil, apelando junto aos companheiros de partido para que saíssem em defesa do seu protegido. Cumpriu com o seu papel de mediador da crise instalada no governo petista, mas o resultado da mediação esteve longe do esperado.
O PT se nega, terminantemente, a soltar uma nota de apoio ao ministro, por entender que as acusações que atingem Palocci são de foro pessoal. Em nenhum momento, entende a cúpula do partido, o PT esteve envolvido nas malfeitorias praticadas pelo então deputado Palocci. O ex-presidente Lula mandou um recado direto ao ministro, por intermédio de Gilberto Carvalho: “fiz o que achei que deveria ser feito, cabe agora ao Palocci dar, ao partido e ao povo, as explicações necessárias sobre as acusações que pesam sobre a sua conduta”.
Dilma avalia que a permanência do auxiliar no seu gabinete, está comprometendo o governo e criando uma situação constrangedora perante o próprio partido e a base aliada. Dilma está refém do PMDB e sendo chantageada publicamente pelo deputado Antony Garotinho.
O paloccigate virou moeda de troca e o governo da presidente Dilma Rousseff está perdendo o controle da luta política que se exacerba dentro do Congresso Nacional.
Curiosamente, talvez nem tanto, o principal fiador da permanência de Palocci no governo é o PMDB e, secundariamente, gente do mercado que apostou na tal cláusula de êxito com a eleição de Dilma à presidência. Certo mesmo é que a saída de Palocci da Casa Civil vai criar um problemão para quem pagou e não ganhou.
O PT - ou parte dele- não esconde que o enriquecimento do ministro se confunde com a arrecadação de fundos para campanha de Dilma. Internamente governo e PT já deram início as conversações sobre o substituto de Palocci na Casa Civil. Sintoma de que Palocci não conta mais com o apoio do governo e de uma parcela considerável de petistas.
Na bolsa de apostas aparecem os nomes de Paulo Bernardo, Pimentel, Gilberto Carvalho e até mesmo o retorno de Alexandre Padilha, atual ministro da Saúde, como possíveis substitutos do ministro na articulação política. A entrevista do chefe da Casa Civil foi um desastre, pois nada acrescentou ao que já vinha falando em notas oficiais.
Se existia alguma dúvida sobre a permanência ou não do ministro no gabinete da presidente Dilma, com a entrevista concedida ao Jornal Nacional ficou definitivamente claro que não existe a menor condição política para a sua manutenção.
Em alguns momentos, Palocci chegou a ser patético. Não fosse a gravidade das acusações que pesam sobre Palocci, o sentimento seria de pena ao presenciar o papel ridículo que o ministro desempenhava frente às câmeras da Globo, tentando justificar o injustificável. Palocci está fora do governo. Falta apenas decidir qual o melhor momento para o seu bota-fora.
(*) Nilson Borges Filho é doutor em Direito, professor e articulista colaborador deste blog.
Um comentário:
Essa pasta da casa civil parece que está contaminada, não é???
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