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sexta-feira, setembro 16, 2011

ARTIGO: Quantos mais ainda, Dilma?

Por Nilson Borges Filho (*)
O ministro Pedro Novais assumiu a pasta do Turismo já em situação crítica, pois existiam graves suspeitas de patrocinar festa em motel com dinheiro público. Indicado pela bancada peemedebista da Câmara Federal, mas com o aval do senador José Sarney, o manda chuva no governo, Pedro Novais, sem qualquer cacoete para área em que foi nomeado, não contava com a menor simpatia da presidente Dilma Rousseff, que sequer o recebia em audiência.
Embora não seja um ministério com muita visibilidade política e contando com um orçamento diminuto, com a aproximação da Copa do Mundo, em 2014, o Ministério do Turismo vai ser forçado a sair do seu marasmo crônico e partir para tomadas de decisões importantes.
Tivesse um pouco de juízo, logo que surgiram na imprensa as denúncias de mau uso do dinheiro do contribuinte em festinhas privadas, Pedro Novais deveria ter recusado o convite para assumir o Ministério. Pouparia o desgaste do governo nessa crise, pouparia o seu partido, o PMDB, de enfrentar mais uma denúncia de malfeitos de outro dos seus ministros e pouparia, finalmente, o constrangimento público da presidente de, mais uma vez, ser pautada pela imprensa e ter que demitir outro auxiliar.
Nesses poucos meses de mandato, Dilma se viu forçada a afastar cinco ministros, sendo que quatro por indícios de corrupção e um por falar demais, na verdade um boquirroto empedernido. A primeira baixa se deu com a demissão do petista Antônio Palocci flagrado com um patrimônio incompatível com a sua renda. O segundo a dançar foi o ministro Alfredo Nascimento dos Transportes. Aqui, especificamente, a faxina iniciada pelo governo foi de grande tamanho, exatamente do tamanho da bandalheira promovida pela quadrilha que se instalou no ministério. O PR, partido do ministro, segundo a fala de seu líder, avisou que, depois disso,  deixaria a base aliada do governo, mas, viu-se que era tudo de mentirinha.
A terceira baixa alcançou o ministro Wagner Rossi, da Agricultura, que não conseguiu se segurar no cargo depois das inúmeras denúncias que o colocavam sob suspeição. Wagner entrou no ministério sob as asas do vice-presidente e peemedebista Michel Temer. O ex-deputado do PMDB, o ex-ministro do STF, o ex-ministro da Justiça de FHC e o ex-ministro da Defesa de Lula e Dilma, o general genérico Nelson Jobim, caiu por falar o que não deveria, nem mesmo em privado.
Na última semana foi a vez do ministro Pedro Novais ser defenestrado do gabinete de Dilma. Curiosamente, não pelas denúncias que envolviam os malfeitos no ministério, mas por pagar com dinheiro público a sua empregada doméstica (nada a ver com a faxina da Dilma) e transformar um servidor público em motorista particular da patroa.
A origem das denúncias surge do trabalho investigativo da mídia e não por iniciativa dos órgãos fiscalizadores. A rádio corredor do Congresso Nacional aposta que a próxima vítima será o ministro do Trabalho Carlos Lupi. Nem mesmo o seu partido e as centrais sindicais acreditam na sua permanência no governo. A rigor, as decisões mais importantes do Ministério do Trabalho são tomadas pelo ministro Gilberto Carvalho, uma espécie de interventor. A fila anda.
(*) Nilson Borges Filho é doutor em Direito, professor e articulista colaborador deste blog.

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