POLÍCIA FRANCESA CERCA CASA DO TERRORISTA

O ministro do Interior da França, Claude Guéant, desmentiu a prisão do suspeito dos massacres em Toulouse e Montauban, Mohammed Merah, momentos depois de a informação ter sido anunciada pelo canal BFM TV. Cerca de 300 policiais cercam a residência do terrorista desde a madrugada, e negociam sua rendição. Encurralado em um prédio no bairro Croix-Daurade, em Toulouse, ele garantiu que iria se entregar ainda nesta quarta-feira.

Segundo Guéant, Merah jogou uma pistola pela janela, mas tem outras armas no apartamento. Enquanto isso, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, deslocou-se para perto do cerco à casa do suspeito em Toulouse, assim como os seus rivais presidenciáveis. Sarkozy deve se reunir nesta quarta com a polícia, os representantes das comunidades religiosas locais, e o estudante da escola judaica atacada que se encontra gravemente ferido no hospital.

Merah, um francês de origem algeriana de 23 anos, disse pertencer à Al Qaeda e ter cometido os crimes para "vingar as crianças palestinas". Ele é o principal suspeito de ter atacado uma escola judaica no começo desta semana, após dois ataques contra soldados franceses, deixando um total de sete mortos.

Parentes - Também nesta quarta-feira, foram encontrados explosivos no carro de um dos irmãos de Merah, informou a polícia. O irmão foi detido, junto com sua companheira e sua mãe, e está sob interrogatório da polícia.As detenções para investigação, segundo a lei francesa, podem durar até quatro dias em casos de terrorismo. O ministro do Interior, Claude Guéant, afirmou que são detenções por precaução. A polícia revistou durante várias horas as residências da mãe e do irmão do suspeito.

Merah trabalhava como mecânico e havia tentado entrar na Legião Estrangeira da França em 2010. Conforme o site da revista Le Point, Merah, francês de origem argelina, foi expulso da corporação em seu primeiro dia e atualmente trabalhava como serralheiro em Toulouse, no sul da França.

O jovem entrou em contato com grupos islâmicos radicais com os quais também estava envolvido seu irmão, que foi detido na madrugada desta quarta-feira. Merah, que afirmou pertencer à Al Qaeda, fez duas viagens à fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão, em 2010 e 2011, para se integrar a grupos combatentes de talibãs em uma região onde atua o Movimento dos Talibãs do Paquistão (TIP), informou o jornal Le Monde.

Antes disso, Merah havia sido preso no Afeganistão por fabricar bombas na província de Kandahar, mas fugiu da cadeia meses depois, durante um motim realizado pelo Talibã, afirmou à agência Reuters nesta quarta-feira o diretor da cadeia, Ghulam Faruq. Ele disse que o acusado foi detido pelas forças de segurança afegãs em 19 de dezembro de 2007 e condenado a três anos de prisão.

Crimes na França - Segundo Guéant, Merah, de 23 anos, era conhecido pela polícia de Toulouse, pois já havia se envolvido em "uma dezena de atos de delinquência, alguns envolvendo violência". Guéant o descreveu como "um pequeno delinquente que se radicalizou com um grupo salafista de Toulouse antes de viajar para o Afeganistão e Paquistão". De acordo com o ministro, o grupo salafista, formando por cerca de 15 pessoas, é ideológico e "jamais se envolveu em atos criminais".

Uma advogada que já defendeu Merah no passado, Marie-Christine Etelin, disse ao jornal francês Le Monde que o suspeito do massacre já foi condenado a um  mês de prisão por dirigir sem licença. Interrogados pelo jornal francês L'Express, os amigos do terrorista o descrevem como "um produto da França, não do Islã", e dizem que ele era psicologicamente frágil. Do site da revista Veja