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segunda-feira, maio 14, 2012

A MANCHETE FURADA DA FOLHA DE S. PAULO

Quando eu afirmo que quem se informa apenas por meio da grande imprensa - jornalões e redes de televisão - terá uma idéia enviesada da realidade, aqui está a prova, numa matéria que é a manchete da Folha de São Paulo desta segunda-feira. Quem olha a capa do jornal supõe que seja um grande furo jornalístico, quando na verdade é uma notícia furada. 
Um post do blog do Reinaldo Azevedo faz a devida correção. Transcrevo. Vale a pena ler e dar sempre uma passada lá no blog do Reinaldo de Azevedo, porque a redação dos grandes jornais - especialmente a Folha de S. Paulo - são, como diria - uma extensão do setor de imprensa do Diretório Nacional do PT.
Leiam:

A manchete e a linha fina (subtítulo) da Folha de hoje trazem o que tem todo o jeito de ser mesmo uma malandragem das grossas e duas outras questões: uma diz respeito à ação dos administradores públicos; a outra, ao jornalismo. O que se lê na primeira página? Isto:

“Assessor multiplica por 10 seus imóveis em São Paulo”
Diretor que liderava empreendimentos na gestão Kassab nega irregularidades
É evidente que o conjunto, para quem bate o olho, é negativo para a gestão do prefeito. Na reportagem, informam Evandro Spinelli e Rogério Pagnan (volto depois):
O diretor responsável pela aprovação de empreendimentos imobiliários de médio e grande porte em São Paulo durante a maior parte da gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) tem 118 imóveis, 106 dos quais adquiridos nos sete anos em que esteve no cargo. Com renda mensal declarada de R$ 20 mil, entre rendimentos de aluguéis e salário bruto da prefeitura de R$ 9.400 (incluindo aposentadoria), Hussain Aref Saab, 67, acumulou, de 2005 até este ano, patrimônio superior a R$ 50 milhões — entre os seus 118 imóveis estão incluídas 24 vagas de garagem extras. A explosão patrimonial de Aref, como é conhecido, foi identificada pela Folha em levantamento feito nos últimos 45 dias em cartórios da Grande São Paulo, do litoral e parte do interior do Estado.
Aref deixou o cargo no mês passado, após a Corregedoria Geral do Município e o Ministério Público passarem a investigá-lo por suspeita de corrupção. A apuração na Corregedoria foi aberta por determinação de Kassab, que recebeu uma carta anônima com denúncias contra o ex-diretor. A defesa de Aref “contesta frontalmente a acusação”. Em depoimento à Corregedoria, Aref não soube informar seu patrimônio. “Está meio nebuloso hoje”, disse.
(…)
Voltei
Vejam que coisa. Esse Warren Buffett da periferia não foi demitido naquela sequência que se tornou um clássico do governo Dilma: primeiro a imprensa descobre as malandragens, faz a denúncia, o caldo engrossa, e o sujeito é obrigado a pedir demissão. Não! O próprio prefeito demitiu  o sujeito, que passou a ser investigado pela Corregedoria Geral do Município e pelo Ministério Público. Até agora, não havendo fatos que ignoramos e que sugiram o contrário, o prefeito merece aplausos, não? A imprensa, como se nota, veio depois.
Voltemos aos seis demitidos por Dilma. Havia a primeira leva de manchetes com as evidências de, como é mesmo?, “malfeitos” e depois as manchetes com as demissões. No caso da Prefeitura de São Paulo, as coisas vieram juntas. E fico cá me perguntando, pois, se a notícia, então, não é esta: “Kassab demite diretor que multiplica por 10 seus imóveis em SP”. Sem isso, a ação correta do prefeito fica meio escondida.
A palavra “assessor” também não parece ser uma boa substituta de “diretor”, que é um cargo da Prefeitura. Assessor de quem? De Kassab? Fica parecendo um cargo de assessoria pessoal. Em casos assim, a única chance de o governante não se dar mal é, ao demitir e pedir a abertura de investigação, botar a boca no trombone antes que a imprensa “descubra” que ele fez… a coisa certa! Do blog do Reinaldo Azevedo

Um comentário:

Esperança disse...

Não entendi qual o interesse do Reinaldo Azevedo em proteger esse prefeito inexistente, incompetente e talvez ....
Procure um email que lhe enviei há meses atrás sobre esse assunto.

Leia um comentário que encontrei no texto do Reinaldo Azevedo:
Reinaldo, não esperava um post desses da sua parte. A sequencia correta dos acontecimentos é esta: o Ministério Público recebeu uma denuncia anonima e iniciou a investigação, comunicando o fato à Prefeitura, que acionou a Corregedoria e Kassab, ato continuo, demitiu seu amigo de longa data, que foi seu assessor no governo Pita e que trouxe para a prefeitura assim que Serra assumiu, no inicio de 2005. O que permitiu tão grande roubalheira, deve ter sido a lei de outorga onerosa, sendo que lembro de denuncias que trouxeram à luz o golpe que consistia em as construtoras possuirem boletos autenticados dessa outorga, mas os valores não chegaram aos cofres da Prefeitura. O Departamento APROV sempre teve roubalheira na concessão de alvarás, tanto que meu sogro se suicidou em 2002 em virtude de uma ampliação na casa de um vizinho (em condominio), que destruiu a casa dele. Mas, para mim, as coisas ainda não estão devidamente esclarecidas e gostaria de ver você, um jornalista que respeito, não pôr tanto assim a mão no fogo por Kassab. VAMOS APURAR, lembrando que esse patrimonio que está com esse ladrão, saiu dos contribuintes de São Paulo e o prefeito é Kassab.