Deputado Osmar Serraglio cobrou punição aos mensaleiros. |
Seis anos após o término da CPI dos Correios, instalada para investigar
o esquema do mensalão – maior escândalo de corrupção da história da
República -, o tema volta à tribuna da Câmara dos Deputados. Em discurso
nesta quarta-feira, o deputado Osmar Serraglio, relator da comissão,
dividiu com os colegas sua indignação com as tentativas de negar a
existência do escândalo, como já havia informado em entrevista ao site de VEJA
. “O Brasil acompanhou o trabalho que produzimos, absolutamente
transparente”, afirma. E cobrou punição aos mensaleiros no julgamento
marcado para agosto pelo Supremo Tribunal Federal.
Coube a Serraglio redigir o relatório que, em 2006, pediu a cassação de
figurões do PT, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Hoje, às
vésperas de enfrentar a Justiça, Dirceu é um dos principais interessados
em utilizar a CPI do Cachoeira como cortina de fumaça para o julgamento
do mensalão, tentando lançar em descrédito as instituições que
contribuíram para revelar, investigar e levar à Justiça os responsáveis
pelo esquema.
“Veja-se o inconformismo nacional com o affaire Cachoeira.
Será que, daqui a anos, diremos que a CPMI do Cachoeira não ocorreu?
Para que se perder tempo com investigação, se ao final se dirá que tudo
não passou de fantasia?”, questiona Serraglio. E continua: “O
ex-ministro José Dirceu insiste que Roberto Jefferson foi cassado porque
não comprovou a existência do mensalão. Não é verdade: foi cassado
porque, provada a existência do mensalão, ele participou da
promiscuidade. São assim, pelo menos uma dúzia de provas do envolvimento
de José Dirceu”.
O parlamentar fez questão de relembrar a quantidade de provas colhidas
pela CPI – tantas que os trabalhos da comissão acabaram servindo de base
para a denúncia entregue em 2007 pela Procuradoria-Geral da República
ao Supremo. “Os olhos e os ouvidos da população ainda estão impregnados
de imagens e oitivas, que não podem ser apagadas pela simples negativa
de autoria. As 165 reuniões e as 233 oitivas não aconteceram? Os
documentos periciados não existem? Vale aqui a lição de Lincoln, para os
que supõem ser de fácil ludibrio o povo: ‘Não se pode enganar a todos o
tempo todo’.” Do site da revista Veja - Leia MAIS
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