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O jornal português Público traz em sua edição desta quinta-feira, dia 2 de agosto, uma matéria assinada pela jornalista Cristina Ferreira, intitulada "Estilhaços do mensalão chegaram a Portugal", e cujo personagem principal é José Dirceu.
A história das supostas ligações de Dirceu com empresários portugueses foi reportada por este mesmo jornal português numa extensa reportagem em fevereiro deste ano sob o título "José Dirceu e Portugal: O homem do mensalão no centro de uma teia de negócios luso brasileiros."
Transcevo na íntegra a matéria que está nesta quinta-feira no site do Público. Leiam:
Quando a 14 de Maio de 2005 a revista brasileira Veja divulgou um vídeo de Maurício Marinho, então à frente do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, a negociar com um alegado empresário, Joel Santos Filho, contrapartidas ilícitas, em troca de favores, poucos em Portugal imaginavam que o escândalo que atingiu o coração do Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula da Silva, chegaria em breve a Lisboa.
No vídeo, gravado às escondidas, Marinho revelou ao seu interlocutor
(que era afinal um advogado à procura de provas) com minúcia um esquema
de corrupção que envolvia políticos, gestores, empresários, advogados. As investigações das autoridades brasileiras colocaram em cima da mesa provas bombásticas: o principal suspeito era o ministro-chefe da Casa Civil de Lula da Silva, José Dirceu. E, por essa via, os estilhaços chegaram a Portugal. O caso surgiu em 2005, depois de ter sido tornado público um esquema, alegadamente montado por figuras próximas do Presidente Lula da Silva, de pagamentos a deputados da oposição para que, em troca, ajudassem com o seu voto a aprovar leis no Parlamento. Nos seus depoimentos, o outro arguido, Marcos Valério, revelou que veio a Portugal reunir-se com António Mexia, ministro das Obras Públicas, entre 2002 e 2004, e Miguel Horta e Costa, presidente executivo da Portugal Telecom, entre 2002 e 2006, por sugestão de Dirceu, com o objectivo de arranjar financiamento partidário. E o Banco Espírito Santo foi implicado por ter alinhado num esquema de contrapartidas envolvendo o Instituto de Resseguros do Brasil, um negócio que poderia render ao PT mais de 30 milhões de euros. Mas Valério entrou em contradições e nenhum dos portugueses foi constituído arguido por falta de provas. O que não evitou que Horta e Costa, António Mexia e o banqueiro do BES Ricardo Salgado fossem arrolados como testemunhas de defesa de José Dirceu, de Marcos Valério, do ex-tesoureiro do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) Emerson Palmieri e do presidente do PT, Roberto Jefferson. Os portugueses testemunharam em Lisboa, a pedido da justiça brasileira, e nunca mais foram contactados no âmbito do processo.
Independentemente do andamento das investigações, o advogado José Dirceu (José Dirceu Oliveira e Silva) mantém-se no centro da teia dos negócios luso-brasileiros, em especial, dos que necessitam de aprovações políticas. Apresenta-se hoje como consultor de multinacionais e é bem conhecido das elites portuguesas com interesses do outro lado do Atlântico. No Brasil opera através de três sociedades: a JD Consultores, o escritório de advocacia Oliveira e Silva & Associados, ambas com sede em São Paulo, e a JD&S, de Brasília. A JD&S tem à frente Júlio Silva, casado com uma assessora do Palácio do Planalto, e braço-direito de Dirceu. Em Portugal é sócio do escritório Lima, Serra, Fernandes & Associados, chefiado por Fernando Lima, grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), actual presidente da Galilei (ex-SLN/BPN).
Em Portugal, Dirceu tem muitos amigos. Entre eles está Miguel Relvas, ministro dos Assuntos Parlamentares, filiado na mesma loja maçónica de Fernando Lima, a Universalis. Uma amizade que remonta, segundo o ministro, a 2004. Foi aliás João Abrantes Serra, sócio da sociedade Lima, Serra, Fernandes & Associados, que apresentou Dirceu ao presidente e vice-presidente da Ongoing, Nuno Vasconcellos e Rafael Mora. A Ongoing contratou a namorada de Dirceu para colaborar com o grupo em São Paulo.
Uma das operações que permitem levantar o véu sobre o embrenhado de ligações que se estabelecem à volta dos grandes negócios envolveu a venda à Telefónica de 50% da Vivo, que estava nas mãos da PT, o que deu aos espanhóis o controlo da operadora brasileira. Uma transacção que teve como contrapartida a entrada da operadora Oi na PT. Entre 2007 e 2008, a Lima, Serra, Fernandes & Associados foi avençada da PT no dossier Vivo, mas a imprensa paulista revelou que a partir daí Nuno Vasconcellos (a Ongoing tem 10% da PT) manteve contactos com os accionistas da Oi que beneficiaram do apoio de Dirceu. Já a espanhola Telefónica contratou o gabinete Oliveira e Silva & Associados, que trabalhava para os vários lados. Do jornal português Público
2 comentários:
Este texto contém informações que o STF desconhece.
Assim, fica fáxilimo pro PT fazer defenza do combañero dizendo, "eu não sabia", "eu não estava lá", "eu não estava aqui", "eu estava viajando no espaço".
No fim das Contas mau contadas, vem a centença, "os Réus de Véus recebam o perdon de Deus, só não há perdon aos sem Véu".
Recado para o Senador Alvaro Dias
http://gentedecente.com.br/
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