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sexta-feira, setembro 14, 2012

VENEZUELA: CASO DA PROPINA A ASSESSOR DE CAPRILES TERIA SIDO ARMAÇÃO DE HUGO CHÁVEZ.

Em vídeo divulgado por chavistas, assessor de Capriles, Juan Carlos Caldera, recebe propina de empresário ligado a ditador. (Foto do site de Veja)
A divulgação de dois vídeos, nesta quinta-feira, que colocaram em maus lençóis um dos altos assessores de Henrique Capriles, candidato da oposição à presidência venezuelana, tem mexido com a corrida eleitoral no país. O opositor do ditador Hugo Chávez agiu rapidamente e afastou o funcionário. E, agora, uma suspeita ganha força: tudo pode ter sido uma armação chavista.

O primeiro vídeo mostra Juan Carlos Caldera, representante de Capriles junto ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), recebendo um envelope de uma pessoa que pede um encontro entre o seu chefe – não identificado – e o candidato da oposição. Num segundo vídeo, Caldera e o mesmo homem conversam sobre o pedido de um empresário – também não identificado – para conhecer Capriles. 

Ao final, Caldera recolhe maços de dinheiro e sugere que os pagamentos sejam mensais e que a reunião com Capriles aconteça no exterior.
Quem primeiro divulgou as imagens foi o deputado governista Julio Chávez (que não é parente de Hugo Chávez). Sem revelar o autor do material, Julio afirma que nem o governo, nem os órgãos de segurança participaram das gravações: diz que as imagens chegaram às suas mãos por meio de pessoas descontentes com a oposição.

Armação  Após ser expulso do comitê de Capriles – que vinha ganhando força nas pesquisas –, Caldera deu os primeiros sinais de que houve uma arapuca. Em entrevista coletiva, ele admitiu ter ganho 40.000 bolívares (9.300 dólares, pelo câmbio oficial). E acrescentou que recebeu o dinheiro, por meio do chefe de segurança (Luis Peña) do empresário Wilmer Ruperti –figura bastante próxima a Chávez.

Segundo Caldera, o funcionário de Ruperti deu a entender que seu patrão estaria interessado em financiar sua campanha para prefeito de Sucre (município de 1 milhão de habitantes na região metropolitana de Caracas). Além disso, o empresário teria interesse em conhecer Capriles. Caldera sugeriu que, num primeiro momento, pensou que o empresário tentava uma aproximação com o possível futuro presidente, mas, depois, percebeu a armação. “Tudo foi feito para prejudicar a candidatura de Capriles”, disse.

Depois de divulgação dos vídeos, o chefe da campanha de Chávez, Jorge Rodríguez, compareceu ao CNE para pedir uma investigação sobre eventuais casos de suborno, corrupção e financiamento irregular na campanha da oposição. Apesar do impacto negativo do vídeo para Capriles, o jornal El Universal afirma, como base em estatísticas feitas a partir de redes sociais, que o opositor recuperou seu prestígio ao afastar rapidamente o funcionário.

Presente de Ruperti – Além disso, a acusação feita por Caldera – de que tudo não passou de uma manobra chavista para prejudicar Capriles – tornou-se mais verossímil após o respeitado jornalista Nelson Bocaranda afirmar, em seu blog RunRun.es, que, segundo fontes confiáveis, em junho, Ruperti entregou um duplo presente a Chávez: pistolas que pertenceram ao ídolo do tiranete, Simón Bolívar (1783-1830), arrematadas pelo empresário num leilão por 3,2 milhões de reais, e... os vídeos.

Na época, Chávez apareceu sorridente na televisão estatal falando maravilhas sobre a doação de Ruperti “à nação venezuelana”. Para Bocaranda, o escândalo da propina, além de ter sua “função eleitoral”, é uma tentativa chavista de desviar a atenção da população da saída da Venezuela da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e de outros recentes escândalos de corrupção no país.

Além disso, Bocaranda lembra que Ruperti, o maior transportador privado de petróleo da Venezuela, é um proeminente “boligarca” - apelido dado aos que fizeram fortuna nos anos Chávez. A proximidade entre o ditador e o empresário é tanta que Ruperti chegou a comprar, em 2007, um canal de televisão, o Canal I, para competir com a rede oposicionista Globovisión e ajudar o caudilho. A investida não deu muito certo – e o Canal I deixou de lado a política para se tornar uma emissora popular, especializada em novelas e programas de entretenimento. Do site da revista Veja

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