PROCURADOR GERAL DE SP QUER ACESSO AO RELATO DE MARCOS VALÉRIO SOBRE CASO CELSO DANIEL

Reportagem na edição de VEJA desta semana traz à tona mais alguns dos segredos guardados por Marcos Valério, o operador do mensalão. Dentre eles, a extorsão a que teriam sido submetidos o ex-presidente Lula e seu braço-direito Gilberto Carvalho (hoje secretário-geral da Presidência) por um dos envolvidos na morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002. Valério está disposto a detalhar esse e outros casos escabrosos envolvendo o PT em troca do benefício da delação premiada - o que poderia reduzir sua pena, fixada em 40 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal. E chegou, inclusive, a prestar um novo depoimento ao Ministério Público. É justamente o conteúdo deste depoimento que interessa ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Elias Rosa. O procurador fará uma consulta formal à Procuradoria-Geral da República sobre o relato do empresário. Elias Rosa quer saber detalhes do depoimento do operador do mensalão para avaliar se o convoca para falar sobre o esquema de corrupção que se instalou na gestão do petista.

Em 2006, os promotores do Grupo Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) no ABC abriram o procedimento 1/06, no qual pretendiam ouvir Valério e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, também condenado no processo do mensalão. A iniciativa esbarrou em liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Eros Grau, hoje aposentado.

Eros verificou que a investigação fora instaurada "com base na mesma prova declarada processualmente imprestável por decisão de mérito deste Tribunal". Em 2002, o então ministro do STF Nelson Jobim já havia decretado arquivamento do procedimento 1.828 sob argumento de que "por ouvir dizer" o Ministério Público não poderia investigar Dirceu.

"Deferi a liminar a fim de que fosse suspenso o procedimento administrativo criminal, mas mandei que fossem prestadas informações, no prazo da lei, após o que voltaria a reapreciar a reclamação", disse Eros, que deixou a corte em 2010 – todo o seu acervo de processos foi herdado pelo ministro Luiz Fux. Em 10 de agosto, Fux encaminhou a reclamação para apreciação da PGR.  Do site da revista Veja