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quarta-feira, abril 03, 2013

DE VOLTA DO FUTURO, OU: O PASSADO QUE DEVERIA SER O FUTURO!

O que há de melhor nos jornalões brasileiros são sempre os textos escritos por colaboradores que não são profissionais do jornalismo. Há exceções, mas se pode contar nos dedos. Via de regra os articulistas colaboradores é que, por incrível que pareça, fazem jornalismo e trazem ao debate aquilo que interessa, como este artigo publicado em O Globo, pelo economista e escritor Rodrigo Constantino que transcrevo após este prólogo.

É que os jornalistas, em sua maioria, são esquerdistas empedernidos e têm seus cérebros calibrados ainda nos anos 60 do século passado. E, para parecerem isentos e imparciais escrevem verdadeiras cartas enigmáticas. Ter opinião nesses tempos guiados pelo pensamento politicamente correto é algo proibido. Se a opinião remar contra a maré da idiotia politicamente correta que abençoa todas as iniquidades, aí então torna-se alvo ostensivo da patrulha que se diz "progressista". 

Chegou-se a um grau de imbecilidade que dia desses deparei-me com jornalistas e acadêmicos defendendo a censura à imprensa e se estendendo em considerações bizarras a respeito do "controle social da mídia". E agora pasmem: tais artigos se encontram em profusão no site Observatório da Imprensa que é dirigido e escrito por jornalistas. Me recuso a fornecer o link para aquele esgoto. Mas se tiverem estômago forte procurem no Google e confiram. Parece mentira mas é a verdade. Os jornalistas brasileiros em sua maioria esmagadora defendem a censura à imprensa!

Esta é a razão pela qual os jornalões, as emissoras de rádio e TV se tornaram uma porcaria. Além disso passaram a fazer uso corriqueiro da mentira em forma de notícia e opinião jornalística. Portanto, sobram apenas meia dúzia de blogs independentes - não sei até quando - e alguns articulistas de outras áreas que não o jornalismo, que produzem aquilo que interessa, ou seja, textos jornalísticos noticiosos e/ou opinativos que têm a ver com os fatos. O resto é viagem delirante de um bando de idiotas e comedores de caraminguás oficiais. 

Neste caso, vale a pena ler este artigo do Rodrigo Constantino e que é uma prova irrefutável do que estou afirmando nesta linhas. Ele usa a ficção para tecer uma crítica que não escapa nem um milímetro da realidade absoluta! O título original do artigo é "De volta do futuro". Leiam:

O ano é 2030. Cheguei aqui com minha DeLorean, na esperança de encontrar um país mais próspero e livre. Qual não foi minha surpresa quando dei logo de cara com uma enorme estátua de Lula!

Curioso, perguntei a um transeunte do que se tratava. Um tanto incrédulo com minha ignorância, o rapaz explicou que era a homenagem ao São Lula, ex-presidente e “pai dos pobres”. Havia uma estátua dessas em cada cidade grande do país. Afinal, tínhamos a obrigação de celebrar os 150 milhões de brasileiros incluídos no Bolsa Família.

Após o susto inicial, eu quis saber quem pagava por tanta esmola, e se isso não gerava uma nefasta dependência do Estado. O rapaz parece não ter compreendido minha pergunta. Disse que estava com pressa para entrar na fila do pão, e que seu cartão de racionamento ainda dava direito a uns bons cem gramas.

Em seguida, vi na televisão de uma loja um rosto conhecido, ainda que envelhecido. Era o ministro Guido Mantega! E pelo visto ele ainda era o ministro. Ele estava explicando o motivo pelo qual sua previsão de crescimento de 5% não se concretizou. A queda de 3% do PIB havia sido culpa da crise em Madagascar. Mas tudo iria melhorar no próximo ano.

Notei então o preço do aparelho de TV: 100 mil bolívares. Assustado, perguntei ao vendedor do que se tratava, explicando que eu era de fora. O homem disse que, em 2022, após a inflação chegar em 20% ao mês, o governo cortou três zeros da moeda. Pensei logo no bigodudo. Como isso não funcionou, o governo decidiu adotar o bolívar, moeda comum do Mercosul.

Descobri que os países “bolivarianos” chegaram a adotar o escambo, depois que suas respectivas moedas perderam quase todo o valor frente ao dólar. A moeda comum foi uma medida urgente, pois estava difícil efetuar as trocas. O criador de gado argentino precisava encontrar um produtor de soja brasileiro disposto a trocar o mesmo valor de gado por soja. Era um caos!

Levantei ainda alguns dados no jornal “Granma Brasil” (parece que o “controle democrático” da imprensa havia finalmente passado, e o governo se tornou o dono do único jornal no país). A inflação oficial era de “apenas” 30%, mas todos sabiam nas ruas que ela era ao menos o triplo disso. Um centenário Delfim Netto desqualificava os críticos do Banco Central como “ortodoxos fanáticos”.

Não havia mais miserável no Brasil, pois a linha de pobreza era calculada com base no mesmo valor nominal de 2010. Mas havia mendigos para todo lado. Um desses mendigos me pareceu familiar. Eu poderia jurar que era o Mr. X! Mas não poderia ser. Afinal, ele era um dos homens mais ricos do país, e tinha ótimo relacionamento com o governo. O BNDES era um grande parceiro seu.

Foi quando decidi ver que fim tinha levado o banco estatal. Soube que, após o décimo aumento de capital na Petrobras (que agora importava toda a gasolina vendida), e vários calotes dos “campeões nacionais”, o BNDES tinha se unido ao Banco do Brasil e à Caixa, esta falida nos escombros do Minha Casa Minha Vida, para formar o Banco do Povo. O símbolo era uma estrela vermelha.

O Tesouro já tinha injetado mais de US$ 2 trilhões no banco, para tampar os rombos criados na época da farra creditícia. Especialistas gregos foram chamados para prestar consultoria.
Com fome, procurei um restaurante. Todos eram muito parecidos, e tinham a mesma estrela vermelha na entrada. Soube então que era o resultado de um decreto do governo Mercadante em 2018. Em nome da igualdade, todos os restaurantes teriam que fornecer o mesmo cardápio pelo mesmo preço. Frango era item de luxo, e custava muito caro. Continuei faminto.

Veio em minha direção uma multidão de mulheres desesperadas protestando. Quis saber o que era aquilo, e me explicaram que, em 2014, quase todas as empregadas domésticas perderam seus empregos por causa de mudanças nas leis. Havia ficado proibitivo contratá-las. Desde então, elas vagam pelas ruas protestando e mendigando, sem oportunidades de emprego. “O inferno está cheio de boas intenções”, pensei.

Um rebuliço começou perto de mim, e uma tropa de choque surgiu do nada e arrastou um sujeito até a cadeia. Descobri que ele foi acusado de homofobia e enquadrado na Lei Jean Willys, pegando 10 anos de prisão por ter dito abertamente que preferia um filho heterossexual a um filho gay. A pena foi acrescida de 2 anos pelo uso do termo gay, em vez de “homoafetivo”.

Desesperado com tudo, eu ajustei minha máquina de volta para 2013, decidido a fazer o que estivesse ao meu limitado alcance para impedir um futuro tão maldito do meu país.
  Transcrito do Blog do Rodrigo Constantino que vale a pena ter nos favoritos

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