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quarta-feira, julho 31, 2013

'MAIS MÉDICOS' É PROPOSTA DE QUEM NÃO ENTENDE NADA DE MEDICINA. É PROMESSA ELEITORAL, DENUNCIA ESPECIALISTA.

Antonio Carlos Lopes
Doutor em cardiologia e livre-docente em clínica médica, Antônio Carlos Lopes entrou na graduação da Escola Paulista de Medicina, hoje incorporada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 1965. Décadas depois, se tornaria diretor da mesma faculdade, considerada referência no ensino médico no Brasil. Costuma dizer que é médico por vocação e docente por circunstâncias. Por quatro anos, coordenou o Departamento de Residência Médica do Ministério da Educação, em Brasília. A experiência o ajudou a desenvolver conceitos bem definidos sobre o ensino da medicina no Brasil, e também sobre a proposta do governo contida no controverso programa Mais Médicos de criar, até 2017, quase 11.500 vagas em cursos de medicinas no Brasil — com especial atenção a localidades fora dos grandes centros. "É um absurdo. É uma utopia. É proposta de quem não sabe nada de medicina", diz na entrevista a seguir. A opinião já foi dita diretamente ao MEC, já que Lopes faz parte da comissão nacional criada pelo governo para discutir o Mais Médicos.
O governo federal propôs a criação de novas vagas em faculdades de medicina fora dos grandes centros, uma tentativa de descentralizar a formação. Qual a opinião do senhor a respeito? A maioria das faculdades afastadas dos grandes centros não tem condições de manter um curso de medicina. Ao invés de criar novas vagas, ou novas escolas, deveríamos aprimorar as existentes. Na maior parte dessas escolas, incluindo algumas públicas, quem está ensinando deveria estar aprendendo. Já tive experiências de dar aulas em locais assim no passado, onde o ambulatório era uma casa de sapê, com insetos nas paredes. Ambulatórios sem pia, sem banheiro, sem mesa, sem receituário, sem caneta. Só tinha estetoscópio se o médico levasse o dele. Como ensinar medicina para alguém nessa situação?
A proposta do programa Mais Médicos prevê a criação de mais de 11.000 vagas em cinco anos. É um projeto viável? É um absurdo. É uma utopia. É proposta de quem não sabe nada de medicina. Nunca ensinou medicina, nunca pegou na mão de um aluno. Em uma faculdade de direito pode-se ampliar o número de vagas de cinquenta para 100 alunos com facilidade: a turma aprende ouvindo o professor falar ao microfone. Medicina não funciona assim: é preciso leito, preceptor, ambulatório. Precisa ensinar o indivíduo a produzir conhecimento. Propor algo assim é olhar a medicina pela janela do gabinete e querer fazer campanha eleitoral em cima do médico.
O senhor não acha necessária a criação dessas vagas? Não há necessidade. O que é preciso é infraestrutura. Assim, os médicos poderiam ir ao hospital para trabalhar, e não para ficar lá sentado olhando o paciente sem ter como fazer algo. O que é necessário é a melhoria das condições locais de cidades onde já existem as escolas de medicina. Onde há enfermagem, dentista, terapeuta para cuidar das sequelas do paciente traumatizado. Tudo isso é necessário para uma boa saúde e um bom ensino, seja onde for. O governo quer colocar médico no mercado como se fosse vendedor de alguma coisa. Não tem a menor noção do que é a formação de um médico. Porém, os filhos desses indivíduos, quando ficam doentes, não serão tratados nestes lugares, e sim em hospitais particulares e caros. Nem os políticos que estão em Brasília vão aos hospitais de lá, todos vem para São Paulo. Por quê? Não são bons os hospitais e os médicos que eles estão formando no SUS? Leia MAIS

4 comentários:

Anônimo disse...

Aluizio,
Eu quero saber sobre o IDH do Brasil e não IDHM divulgado pela imprensa.
Cadê o IDH do Brasil ?
Me ajuda !
Em 1995, o Brasil tinha IDH 0,737, mas FHC conseguiu subir pra 0,790 (de 75º subiu pra 63º colocação), e agora em 2012, Dilma conseguiu a proeza de diminuir pra 0,730 (indice pior do que em 1995 quando FHC assumiu o cargo).
Hoje o Brasil esta em 85º colocação no mundo !!!
No governo do PT conseguimos empatar com a JAMAICA !
VIVA O PT !!!

Anônimo disse...

O que tenho ouvido no meio médico é que esta medida de mais médicos foi idéia do marqueteiro do govêrno.
Não sei se é verdade, mais acho bem possível, de tantas falhas e tão sem propósito que é a medida.
Se for verdade, seria o cúmulo dos absurdos.
Ora, se quisessemos ser "governados" por marqueteiros,contrataríamos um, que seria despedido quando desejássemos.
Com certeza, este marqueteiro já estaria no olho da rua.


mj

Anônimo disse...

Aluizio,
Desculpa sair um pouco do tema tão importante aqui no Brasil.
Como você também é um grande observador da Venezuela (um prenúncio do que querem implantar aqui), veja a notícia de como se encontra aquela sociedade:
"Na Venezuela, mulheres têm o cabelo roubado nas ruas"
http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com.br/2013/07/blog-post.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+LorotasPolticasVerdades+%28LOROTAS+POL%C3%8DTICAS+%26amp;+VERDADES%29

Paulo disse...

Do PPP correspondente ao "Partido das Promessas e Propaganda" tudo sucede, inclusive médicos para todos.
Depois, por a farsa não dar certo, para acusarem os médicos que as periferias estarem sem médicos por causa dos médicos seria o mínimo que fariam.
Farsas, tretas, trapaças e trambiques são com os comunistas mesmo!