Confesso que passei batido. O filósofo, jornalista e escritor Olavo de Carvalho concedeu à Folha de S. Paulo uma entrevista sobre o seu livro "O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota", que está à venda aqui neste blog via Livraria Cultura, bastando apenas clicar sobre a foto da capa do livro para ir diretamente ao site da Cultura e comprar pela internet.
Disse que passei batido porque embora acompanhe diariamente os principais veículos da grande mídia, acabei não vendo a publicação dessa entrevista do Olavo de Carvalho na edição da Folha de 8 de setembro passado.
Como o livro transformou-se imediatamente em best-seller, há várias semanas entre os 10 mais vendidos no Brasil, e também pelo fato de que a entrevista de Olavo está ótima, resolvi postar na íntegra aqui no blog.
Olavo de Carvalho é um dos principais representantes do pensamento conservador no Brasil. Diria um dos poucos intelectuais brasileiros conservadores, categoria que praticamente desapareceu depois do advento do lulismo. Aliás, o Brasil sempre foi o reduto dos sabujos oportunistas. Olavo é uma exceção.
Publicou diversos livros ("O Imbecil Coletivo", "O Futuro do Pensamento Brasileiro") entre outros, e criou o site Mídia sem Máscaras (www.midia semmascara.org) que considero de leitura obrigatória e mantenho link direto na coluna à direita mais abaixo.
Seus textos e aulas on-line têm conquistado um respeitável público ao longo dos anos. O novo livro vendeu em apenas uma semana, segundo a editora Record, 10 mil exemplares. Dos Estados Unidos, onde vive desde 2005, Olavo de Carvalho concedeu à Folha a seguinte entrevista por e-mail.
Vale a pena ler:
Olavo de Carvalho: best-seller |
Folha - O título do livro é um tanto provocativo, até mesmo para atrair o leitor. Mas não seria pouco filosófico chamar de "idiota" quem não compartilha certas ideias?
Olavo de Carvalho - Ninguém é ali chamado de idiota por "não compartilhar certas ideias", e sim por pretender julgar o que não conhece, por ignorar informações elementares indispensáveis e obrigatórias na sua própria área de estudo ou de atuação intelectual.
Nesse sentido, creio ter demonstrado meticulosamente, neste e em outros livros, que alguns dos principais líderes intelectuais da esquerda brasileira, assim como uns quantos da direita nascente, são realmente idiotas e fabricantes de idiotas.
O sr. comenta que a normalidade democrática é a concorrência "efetiva, livre, aberta, legal e ordenada" entre direita e esquerda. Mas também que todo esquerdista é "mau, sem exceção". Como é possível equilibrar esses dois aspectos?
Depende do que você chama de esquerda. Há uma esquerda que aceita concorrer democraticamente com a direita, sair do poder quando perde as eleições e continuar disputando cargos normalmente sem quebrar as regras do jogo. O Partido Trabalhista inglês é assim. Nosso antigo PTB era assim. Disputavam o poder, mas sabiam que, sem uma oposição de direita, perderiam sua razão de ser.
Há uma segunda esquerda que deseja suprimir a direita pela matança dos seus representantes reais ou imaginários. Esta governa Cuba, a China, a Coreia do Norte etc., assim como governou a URSS e os países satélites.
Há uma terceira esquerda que, aliada da segunda, diverge dela em estratégia: pretende conquistar primeiro a hegemonia, de modo que, nos termos de Antonio Gramsci, o seu partido se torne "um poder onipresente e invisível, como um mandamento divino ou um imperativo categórico"; e, em seguida, tendo controlado a sociedade por completo, apossar-se do Estado quando já não haja nem mesmo a possibilidade remota de uma oposição de direita. Só aí virá um toque de violência, para dar acabamento à obra-prima.
A existência da primeira esquerda é essencial ao processo democrático. A segunda e a terceira devem ser expulsas da política e dos canais de cultura porque sua essência mesma é a supressão de todas as oposições pela violência ou pela fraude e porque se infiltram na primeira esquerda, corrompendo-a e prostituindo-a.
Ninguém pode apoiar esse tipo de esquerda por "boa intenção". Você já viu algum militante dessa esquerda sonhar em implantar o socialismo e depois ir para casa e viver como um humilde operário do paraíso socialista? Eu nunca vi.
Cada militante se imagina um futuro primeiro-ministro ou chefe da polícia política. Quando matam, é para conquistar o direito de matar mais, de matar legalmente. São porcos selvagens --sem ofensa aos mimosos animais.
O sr. argumenta que o brasileiro é maciçamente conservador, mas desprovido de representação política. Por que não temos políticos e partidos que tomem tal bandeira?
Já está respondido na pergunta anterior. O método da "ocupação de espaços" realizou no Brasil o ideal gramsciano de fazer com que todo mundo nas classes falantes seja de esquerda mesmo sem sabê-lo, de modo que toda ideia que pareça "de direita" já seja vista, instintivamente, sob uma ótica deformante e caluniosa, com chances mínimas ou nulas de argumentar em defesa própria.
Suas próprias perguntas ilustram o sucesso dessa operação no Brasil. Você pode não ser um militante de esquerda, mas raciocina como se fosse, porque na atmosfera mental criada pela hegemonia esquerdista isso é a única maneira "normal" de pensar, às vezes a única maneira conhecida.
Por isso, você, ao formular as perguntas, fala em nome dos meus críticos de esquerda, como se eles, e não o público que gosta do que escrevo, fossem os juízes abalizados aos quais devo satisfações.
Suas ideias podem ser consideradas de direita?
Algumas sim, outras não. Nem tudo no mundo cabe numa dessas categorias. Você não viu a turma da direita enfezada cair de paus e pedras em cima de mim quando afirmei que homossexualismo não é doença nem "antinatural"? É ridículo tomar uma posição ideológica primeiro e depois julgar tudo com base nela por mero automatismo, embora no Brasil de hoje isso seja obrigatório.
Em quais pontos suas ideias podem ser classificadas de direita e em quais não?
Não tenho a menor ideia, nem me interessa. O coeficiente de esquerdismo ou direitismo está antes nos olhos do observador e varia conforme as épocas e os lugares.
Só gente muito estúpida --isto é, a esquerda brasileira praticamente inteira-- imagina que direita e esquerda são categorias metafísicas imutáveis, a chave suprema para a catalogação de todos os pensamentos.
Outros, principalmente na direita, dizem que direita e esquerda não existem mais, o que é também uma bobagem, porque basta uma corrente se autodefinir como "de esquerda" para que todos os que se opõem a ela passem a ser julgados como se fossem a "direita", querendo ou não. A esquerda define-se a si mesma e define seu adversário, por menos que este se encaixe objetivamente na definição.
Nos EUA, alinho-me nitidamente à direita, porque ela existe como agente histórico, é definida e é autoconsciente, mas no Brasil essas coisas são uma confusão dos diabos na qual prefiro não me meter. O sr. Lula não foi, na mesma semana, homenageado no Fórum Econômico de Davos por sua adesão ao capitalismo e no Foro de São Paulo por sua fidelidade ao comunismo?
A última moda na esquerda nacional é cultuar o russo Alexandre Duguin, que é o suprassumo do reacionarismo, enquanto na "direita liberal" muitos adoram abortismo e casamento gay, pontos essenciais da estratégia esquerdista. Prefiro manter distância da direita brasileira, seja isso lá o que for.
No capítulo sobre o golpe de 64, o senhor diz que Castelo Branco foi "um grande presidente", e Médici, "o melhor administrador que já tivemos". Comenta ainda que está na hora de repensar o governo militar. Qual é sua opinião hoje?
No Brasil de hoje não se pode louvar um mérito específico e limitado sem que imediatamente a plateia idiota transforme isso numa adesão completa e incondicional. Neste país, as pessoas, mesmo com algo que chamam de "formação universitária", só sabem louvar ou condenar em bloco, perderam totalmente o senso das comparações, das proporções e das nuances. Isso é efeito de 30 anos de deseducação.
Os méritos dos governos militares no campo econômico, administrativo e das obras públicas são óbvios e, comparativamente, bem superiores a tudo o que veio depois. Ao mesmo tempo, esses governos destruíram a classe política, infantilizaram os eleitores e, por timidez caipira de entrar na guerra ideológica ostensiva, preferiram matar comunistas no porão (embora em doses incomparavelmente menores do que os próprios comunistas matavam em Cuba ou no Camboja) em vez de mover uma campanha de esclarecimento popular sobre os horrores do comunismo. Tudo isso foi uma miséria.
Foi o que eu sempre disse, mas, hoje em dia, se você reconhece uma pontinha de mérito em alguém, já o transformam em devoto partidário dele. Não distinguem nem mesmo entre aplaudir um governo enquanto ele está no poder e tentar avaliá-lo com algum senso de objetividade histórica depois de extinto, mesmo se você, como foi o meu caso, o combateu enquanto durou. O fanatismo idiota tornou-se obrigatório. É disso que o meu livro fala.
O sr. é bastante crítico ao movimento gay. Não acredita que ele foi o responsável por conquistas importantes?
No começo, quando lutava apenas contra a discriminação e a violência anti-homossexual, esse movimento parecia bom e necessário. Mas isso foi só a fachada, a camuflagem do que viria depois: um projeto de dominação total que proíbe críticas e não descansará enquanto não banir a religião da face da Terra ou criar em lugar dela uma pseudorreligião biônica, dócil às suas exigências.
O que o sr. pensa sobre o projeto da cura gay?
Ninguém pede ajuda a um psicólogo para livrar-se de uma conduta indesejada se é capaz de controlá-la pessoalmente ou se não quer abandoná-la de maneira alguma. Quando alguém vai a uma terapia com o propósito de livrar-se do homossexualismo, é porque não o vivencia como uma tendência natural da sua pessoa, e sim como uma compulsão neurótica que o escraviza.
É bem diferente de alguém que é homossexual porque quer, ou de alguém que deixou de ser homossexual porque quis e teve forças para isso. Proibir o tratamento de uma compulsão é torná-la obrigatória, é fazer de um sintoma neurótico um valor protegido pelo Estado. É uma ideia criada por psicopatas e aplaudida por histéricos.
O sr. apoiou a invasão do Iraque em 2003. Nos anos seguintes, vários abusos e atrocidades dos soldados americanos foram divulgados. Acredita que, no saldo geral, a guerra foi positiva?
Não apoiei a invasão do Iraque. De início fui contra. Foi só depois, quando os americanos começaram a exumar os cadáveres das vítimas de Saddam Hussein e viram que eram mais de 300 mil, que comecei a achar que a guerra era moralmente justificável.
Das tais "atrocidades americanas", a maioria é pura invencionice, e as genuínas, inevitáveis em qualquer guerra, nem de longe se comparam ao que Saddam Hussein fez contra o seu próprio povo em tempo de paz.
A guerra, em si, foi positiva do ponto de vista moral, mas a tentativa de forçar o Iraque a adotar uma democracia de tipo ocidental foi ridícula e suicida. A primeira Guerra do Golfo foi bem-sucedida porque se limitou às metas militares, sem sonhos "neocons" de reformar o mundo.
E como o sr. avalia as recentes manifestações em cidades do Brasil?
Tudo começou como uma tentativa de golpe, planejada pelo Foro de São Paulo [coalizão de partidos de esquerda latino-americanos] e pelo governo federal para fazer um "upgrade" no processo revolucionário nacional, passando da fase de "transição" para a da implantação do socialismo "stricto sensu".
Isso incluía, como foi bem provado, o uso de gente treinada em guerrilha urbana para espalhar a violência e o medo e lançar as culpas na "direita". Aconteceu que os planejadores perderam o controle da coisa quando toda uma massa alheia à esquerda saiu às ruas, e eles decidiram voltar atrás e esperar por uma chance melhor. Isso foi tudo. Não há um só líder da esquerda que não saiba que foi exatamente isso.
11 comentários:
Olavo é "ponto fora do gráfico"; para cima. Depois de inúmeras tentativas fracassadas em adquirir o livro pela internet (sempre dava uma mensagem de erro(?)) consegui através de encomenda em uma livraria. Já havia lido a maioria dos textos, mas sempre é bom reler, mais ainda com a excelente organização feita pelo Felipe. Grande Olavo.
Caro Aluízio
Amei a entrevista e a esculhambação que o Olavo deu no reporter.kkkkkk.
Esther
Caro Aluizio Amorim, observe o seguinte:
Folha - O título do livro é um tanto provocativo, até mesmo para atrair o leitor. Mas não seria pouco filosófico chamar de "idiota" quem não compartilha certas ideias?
Olavo de Carvalho - Ninguém é ali chamado de idiota por "não compartilhar certas ideias", e sim por pretender julgar o que não conhece, por ignorar informações elementares indispensáveis e obrigatórias na sua própria área de estudo ou de atuação intelectual.
Agora analise meu texto:
http://toma-mais-uma.blogspot.com.br/2013/09/milton-valdameri-desconstruindo-olavo.html
O texto é pequeno se comparado com as 600 páginas do livro “idiota” do Olavo, mas reunir aberrações do Olavo, suficientes para escrever 600 página leva menos tempo do que se imagina.
Grande Olavo. Devemos muito a ele. Sempre pensamos que sabemos muito, ate' depois de ouvi-lo. Num u'ltimo comenta'rio que fiz dele eu disse que so' discodava de numa coisa, "ele disse que homossexualismo e' normal" errei e nao me corrigi. Ele disse que e' "NATURAL" . Foi a u'nica coisa que ouvi e discordo profundamente. Pode ate' ser normal em alguma cultura, nao sei, mas NUUUNCA natural. O a'nus nao foi desenvolvido pela natureza pra ser penetrado, apenas faz parte do aparelho excretor, e quando usamos um o'rgao de maneira que a natureza nao o adaptou, sofre-se danos. Esse excelente vi'deo SEXO ANAL MATA ,,,ISTO E' COMO BRINCAR DE ROLETA RUSSA nesse link; https://www.youtube.com/watch?v=lxvQsYxiFgk explica muito bem. Nosso corpo se aperfeicoa a medida de nossas nescessidades naturais, e nao artificiais. Fumar e' normal ? era, pelo menos na minha juventude. Hoje talvez nao. Mais NUNCA foi natural, pois nossa boca nao evoluiu naturalmente para se transformar em chamine'. Fumo desde os 14 anos e meu corpo paga por isso. Hoje estao tentando fazer do nariz, um aspirador de po'. E' normal ? para alguns sim. E' natural ? NUNCA. Agora, se cultivarmos esse ha'bito por bilhoes e bilhoes de anos, ai se tornara' natural porque o corpo se transformara'. De resto so' agradecer pelo seu sacrifi'cio e ajuda em prol de um Brasil normal. Que a protecao divina esteja sempre com ele.
Excelente entrevista, êh difícil nao concordar com o Olavo ele demonstra um conhecimento perfeito sobre o que esta ocorrendo no Brasil, sendo cada vez mais dominado pela idiotia da esquerda burra e perigosa pois tem um viés autoritário, modelo do chavismo da Venezuela.
Tânia SP
Parabéns Olavo!!!, que aula!!! Tds deveriam passar no seu blog, é leitura obrigatória e aprendizado!!!.
Minha sugestão ao leitor deste blog que se assina como Milton e que indicou "link" de sua contestação ao Olavo de Carvalho:
Com todo respeito pelo que o sr. escreve ali, sugiro levar o assunto diretamente ao Olavo de Carvalho e esperar pela contra-argumentação dele.
No facebook o Olavo já se colocou à disposição de quem desejasse debater com ele. A única limitação que impôs foi que o debate se desse sobre, apenas, um único tema. Assim acho que é de se esperar que ele não rejeitaria analisar com o sr. pelo menos um dos pontos de sua argumentação.
Atenciosamente,
Paulo Roberto
Caro Paulo Roberto,
o blog onde foi publicado meu texto permite aos leitores apresentarem seus comentários, o Olavo pode se manifestar apresentando seus argumentos sem qualquer problema.
Eu estou a disposição para debater com qualquer pessoa, desde que seja estabelecido um tema, sobre o qual as partes estejam aptos para o debate, mas o debate deve ser realizado através de meios imparciais, portanto contas de Facebook não são apropriadas.
Milton Valdameri
Olavo matou a pau o reporterzinho da Bolha...
o cara ja eh um lobotomizado e nem se deu conta...ahahah
fazia perguntas tipicas da cartilha do esquerdismo e achava que estava fazendo perguntas isentas?
"Isso incluía, como foi bem provado, o uso de gente treinada em guerrilha urbana para espalhar a violência e o medo e lançar as culpas na "direita"." - Apenas e tão somente gostaria de saber a FONTE de, do : COMO FOI BEM PROVADO. Onde está essa prova, esse fato??
...COMO O DIABO: EXISTE, AGE, MAS NINGUÉM VÊ!
Mas o PT está agindo há muito tempo assim; há por detrás ex agentes da KGB que seriam alguns dos dissimulados religiosos da Igreja Católica, como D Hélder, D Arns etc., assim como das muitas seitas protestantes ditas "progressistas" que apoiam o PT; todos comunistas.
Esperemos que dessa mofificação de a Melancia ir para o Eduardo Campos já não deixou de ser uma atrapalhada geral nos planos do diabo velho Lula!
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