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sexta-feira, novembro 01, 2013

REINALDO AZEVEDO: "COM QUE ROUPA?"

O texto que segue após este prólogo é mais um bom artigo do jornalista Reinaldo Azevedo, na Folha de S. Paulo desta sexta-feira. Escrever sobre política no Brasil depois da ascensão do PT ao poder tornou-se uma tarefa ingrata. Max Weber afirmou, num de seus escritos, que "fazer política é fazer um pacto com o diabo".

De certa forma, e sem saber, fez uma previsão acertada sobre o Brasil do século XXI. Todavia a sua teoria política não contempla a inexistência da "luta", que é inexorável na sociedade, mormente a luta política. Esta pressupõe, no mínimo, que exista um confronto, ou seja, "oposição".

A luta no reino dos homens se dá nos mais variados níveis, incluindo, obrigatoriamente a política que é, segundo o próprio Weber, "a luta pelo poder ou pela manutenção do poder". A civilização nada mais é do que a transformação da luta cruenta em incruenta, mas ainda assim ela prevalece.

A abordagem de Reinaldo Azevedo faz todo o sentido e por isso mesmo qualifica isto o seu artigo como o único texto do jornal que não resvala pelo tortuoso caminho do relativismo político, moral e ético que dá o tom à linha editorial da Folha, o que o jornal designa como "pluralista", algo que não passa de mais uma jabuticaba. Enfim, é o retrato do Brasil.

Mas vamos ao que interessa, o artigo de Reinaldo cujo o título original é o mesmo deste post. Leiam:

A um ano da eleição, a situação de Dilma Rousseff é muito menos confortável do que alardeia o PT. Mais Médicos, leilão do pré-sal, crédito para beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, onipresença nas TVs, reação à suposta espionagem dos EUA, o que excita o ressentimento nacionalista de exaltação... Está na casa dos 40% das intenções de voto. A tibieza dos adversários, mais do que a força da petista, é que projeta um futuro. Quem é entusiasta de Dilma? Muita gente quer mudar. Mas com que roupa?, perguntaria o sambista. Eis o busílis.
Governos, a teoria não é minha, se impõem por um misto de consenso e coerção, ora se sobressaindo um, ora outro. FHC e Lula, a seu respectivo modo, criaram o primeiro. A Dilma, sem um Plano Real como redutor de diferenças ou uma conjuntura externa favorável, sobrou a segunda. A coerção, que é da natureza do Estado e dos governos, tem a sua eficácia, mas é de alcance limitado. É o consenso entre os pares, obra da política, que dá feição à gestão. E isso não há. O governo é medíocre. O momento é propício a mudanças.
Mas quais são as opções no mercado de ideias? O PSDB permitiu que sua história e suas notáveis conquistas fossem sequestradas pelo PT. Progressista demais para ser conservador e conservador o bastante para ser progressista, tenta conciliar paternalismo e administrativismo numa narrativa que, até agora, é ignorada por parcela considerável do próprio eleitorado de oposição. Por que os não-petistas que escolheram Dilma em 2010 deveriam escolher um tucano em 2014? Essa pergunta precisa de resposta.
Marina Silva e Eduardo Campos se oferecem como opção a quem quer outra "posição", mas não a "oposição". Com isso, pode-se abrir uma boa ONG de trocadilhos. Prometem o melhor de FHC com o melhor de Lula. E se o cruzamento fosse malsucedido e se desse o contrário? Em entrevista a esta Folha, o economista Eduardo Giannetti, um dos interlocutores de Marina, afirmou: "Crescer 7% destruindo patrimônio ambiental é muito pior do que se crescer 3% preservando patrimônio ambiental e, na medida do possível, melhorando as condições de vida. O crescimento em si não é o objetivo". No "Roda Viva", disse a líder da Rede: "Hoje, quando se fez a pesquisa do Datafolha perguntando se as pessoas preferiam pagar um pouco mais caro pelos alimentos em lugar de ver a floresta desmatada, cerca de 95% das pessoas disseram que sim".
Não se tomam aqui essas falas como programa de governo. Pensem, no entanto, no efeito devastador que podem ter em campanha. Na ponta, afrontam necessidades elementares dos mais pobres; na origem, vocalizam o velho contraste entre natureza e civilização. Mesmo fraca, Dilma só enfrenta "posições", sem oposição. Bom para ela. Ruim para o país.
Eu, hein, Rosa!?
"Liberdade é, apenas e exclusivamente, a liberdade dos que pensam de modo diferente." A frase já foi um clichê na boca de esquerdistas que se opunham ou à ditadura ou a supostos consensos que, na democracia, não eram do seu agrado. Poderia ter sido dita pela liberal-libertária Ayn Rand, mas a autora é a comunista Rosa Luxemburgo. Confrontava Lênin, que mandou às favas a Assembleia Constituinte. No seu equívoco, Rosa tinha a honestidade dos ingênuos, mas revoluções são conduzidas pelo cálculo dos cínicos. A liberdade perdeu. A múmia de Lênin fede. Seu cadáver ainda procria. Da Folha de S. Paulo desta sexta-feira

3 comentários:

Paulo disse...

HÁ 50 ANOS QUE CUBA ESTÁ EM REVOLUÇÃO, COMO UM CALDEIRÃO D'AGUA SEMPRE A FERVER...
REVOLUCIONANDO... REVOLUCIONANDO...
Afinal de contas, o quê? Que revolução é essa que nunca acaba e jamais chega a um termo de estabilidade mínima? Esses comunistas não são uns malucos?
Sim, de fato, pois Cuba vive no mais miserável socialismo possível, com o máximo de contenção de gastos, falta de gêneros básicos de consumo, nenhuma atividade agrícola, quase nada de indústria e nada pode tirá-la dessa situação se não partir para uma abertura econômica como a feita pela China há 30 anos!
Cuba seguiu o modelo econômico fechado soviético e deu-se mal e os problemas cubanos nada têm a ver com o famoso embargo americano, pois ele é quanto ao comércio de empresas americanas com Cuba e os comunistas não gostam do capitalismo - até parece ser verdade - mas eles são os capitalistas de Estado.
Ocorre que uma economia socialista é inviável e a China partiu para uma mudança radical na economia, tornando-a CAPITALISTA - isso mesmo - porque os dirigentes perceberam que o tal planejamento central não funciona de modo algum. Em economia, a única coisa que funciona é levar em conta que "não existe almoço grátis" e Cuba agora depende do petróleo da quebrada Venezuela e não exporta nada, pois nada produz. E nem importa, pois não tem dinheiro por falta de produção interna. Exporta palavras de ordem e ativismo ideológico.
No momento, milhares de jovens tem que se prostituir em Havana, junto aos turistas, para poderem consumir o pão que o diabo amassou, pois os comunistas são satanistas e fracassam tanto quanto o pai deles Marx que desafiou a Deus dizendo: "Quero me vingar d'Aquele que governa lá em cima" e no fim da vida em desespero, proferiu: "V venceu, Galileu"!
O socialismo real é um fracasso total e onde adentra a destruição, miséria e morte estão garantidos e entre um e outro, milhares de mortos no meio, sendo as mesmas modalidade de regime que o PT amigo dos traficantes das FARC, do aborto e da defesa de liberação das drogas almeja para o Brasil, graças aos votos dos idiotas eleitores que querem serem seus capachos, como em Cuba, colocados na canga sob o chicote..
Teriam esses eleitores vocação para masoquista?

Anônimo disse...

Perfeito! Não há o que acrescentar.

Jurandir D'almeida disse...

Não foi por falta de aviso…

A PROFECIA DO GENERAL GEISEL…

SE É A VONTADE DO POVO BRASILEIRO EU PROMOVEREI A ABERTURA POLÍTICA NO BRASIL. MAS CHEGARÁ UM TEMPO QUE O POVO SENTIRÁ SAUDADE DA DITADURA MILITAR.
POIS MUITOS DESSES QUE LIDERAM O “FIM” DA DITADURA NÃO ESTÃO VISANDO O BEM DO POVO, MAS SIM SEUS PRÓPRIOS INTERESSES.