O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto já está na delegacia da Polícia Federal (Foto do site de Veja) |
A nona fase da Operação Lava Jato da Polícia Federal, batizada de My Way, como a canção de Frank Sinatra, mira um grupo de onze operadores responsáveis pelo pagamento de propina na Petrobras – entre eles, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que é ouvido pela PF em São Paulo nesta quinta-feira. O grupo agia na Diretoria de Serviços da Petrobras, que era comandada por Renato Duque, indicado ao cargo pelo ex-ministro da Casa Civil e mensaleiro condenado José Dirceu. A My Way também investiga uma fornecedora da BR Distribuidora com sede em Santa Catarina – segundo apurou o site de VEJA, trata-se da Arxo, fabricante de tanques e caminhões tanque do Balneário Piaçarras. Em outubro do ano passado, a Arxo fechou contrato de 85 milhões de reais com a Petrobras para fornecer caminhões tanques para abastecimento de aeronaves. Um dos sócios da empresa, Gilson João Ferreira, foi preso temporariamente. O outro, João Gualberto Pereira Neto, está nos Estados Unidos. Além dos sócios, foi detido temporariamente um diretor da Arxo. Outros funcionários foram alvo de mandados de condução coercitiva.
Duzentos agentes começaram ainda de madrugada a cumprir 62 mandados em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina: um de prisão preventiva (RJ), três de prisão temporária (SC), dezoito conduções coercitivas e quarenta de busca e apreensão. O alvo da prisão preventiva, apontado como um dos operadores do esquema, não foi localizado até agora, informou o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula. Vaccari foi levado por agentes da PF nesta manhã de sua casa em São Paulo para a sede do órgão, na Lapa, Zona Oeste da capital paulista. Há contra ele dois mandados: um de busca e apreensão e o outro, de condução coercitiva.
TESOUREIRO DO PT DETIDO
Vaccari foi levado para esclarecer doações eleitorais cobradas para o PT, informou o procurador-regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa do Paraná dedicada à Operação Lava Jato. “Queremos saber a respeito de doações que ele solicitou, legais ou ilegais, envolvendo pessoas que mantinham contratos com a Petrobras”, afirmou Santos Lima. Mesmo as contribuições oficiais ao partido entraram no foco da investigação porque empresários já revelaram que Duque exigia que parte da propina por contratos na Petrobras fosse paga por meio de canais oficiais, como doações registradas na Justiça Eleitoral.
O nome da mais recente fase da Lava Jato faz referência ao codinome que Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços da estatal, usava para se referir em suas planilhas de controle a Renato Duque. A ação desta quinta foi motivada por informações passadas por Barusco em acordo de delação premiada. Além de Vaccari, o ex-gerente ajudou a arregimentar provas contra outros dez operadores.
A partir desta nova fase de investigação fica claro que mais operadores atuavam paralelamente ao doleiro Alberto Youssef e ao lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no petrolão. O esquema era bastante semelhante ao de Youssef, de acordo com o delegado federal Igor Romário de Paula. Isto é, para pagar propina, as empreiteiras recorriam a operadores que faziam a emissão de notas frias por meio de empresas de fachada e simulavam a prestação de serviços. Foram identificadas nesta nova fase 26 empresas fantasmas. “Esses operadores trabalham com empresas de fachada ou empresas gêmeas, que têm atividade lícita e uma ilícita. A busca de documentos é essencial para prosseguir nas investigações”, afirmou Santos Lima.
CONEXÃO SANTA CATARINA
A operação também entrou em uma nova área da Petrobras. Uma colaboradora, que não teve a identidade revelada, indicou que uma grande fornecedora da BR Distribuidora, baseada em Santa Catarina, fez pagamentos de suborno por contratos com a divisão da estatal responsável pelos postos de gasolina. A empresa fabrica tanques de combustível e caminhões-tanque. Dois sócios foram alvo de mandado de prisão temporária – um está preso e outro chega à tarde do exterior. Um diretor também foi detido temporariamente.
Em São Paulo, os agentes cumpriram dez mandados de busca e apreensão e dois de condução coercitiva, todos na capital. No Rio de Janeiro, foram doze de busca e apreensão, oito de condução coercitiva e um de prisão preventiva, também na capital. Na Bahia, foram dois mandados de busca e apreensão e um de condução coercitiva, cumpridos em Salvador. Já em Santa Catarina os agentes cumpriram dezesseis mandados de busca, sete de condução coercitiva e três de prisão temporária nas cidades de Itajaí, Balneário Camboriú, Navegantes, Palmitos, Penha e Piçarras. Do site da revista Veja
3 comentários:
Sera', caro Aluizio, que se esta' chegando ao mandante ou articulador de tudo?
Mensalão, Petrolão, BNDESÃO, Infraestruturão, Minha casa Meu vidão e tudo o mais com 'ÃO', que for descoberto, são pontas de uma mesma estratégia.
Caixa para tocar um projeto de poder e, lógico, amealhar alguns trocos, porque ninguém é de ferro. Daí, como excepcionalmente batizou o Reinaldo Azevedo, petralhas!
Cavalaria Ligeira
“Não adianta”, “qual a novidade?”, “não perca tempo”
“Não adianta”, “Vai ficar por isso mesmo”, “Qual a novidade?”, “Qual a surpresa?” e demais afetações são geralmente sintomas de indivíduos derrotistas e preguiçosos que fogem à luta, inclusive à de alertar ao povo brasileiro sobre os males da canalhada ao país.
Tenho menos desprezo moral por ignorantes desaviados do que por sabichões professorais que, eximindo-se de suas responsabilidades cívicas, resmungam pelos cantos, igualando-se na prática dissuasiva a militantes pagos pelo governo.
Com amor à verdade, a nossa parte sempre “adianta” ser feita. Sempre. Senão para vencer adversários imediatos, ao menos para despertar mentes inertes, reunir forças para vitórias futuras e manter a honra diante de Deus e/ou da própria consciência.
A perda desse sentimento de honra por toda uma geração de brasileiros é uma das causas da conquista e da manutenção do poder daqueles que parte dessa mesma geração despreza. Não há covardia maior do que saber apenas apanhar resmungando ou apelar para golpes mortais, passando de um extremo a outro sem recorrer à luta propriamente dita.
Para um derrotista, no entanto, nunca adianta começar a fazer aquilo que ele nunca tentou.
II.
Para a turma do “não perca tempo” com fulano ou beltrano, “não vale a pena” etc., relembro minha velha frase que, na verdade, resume o que aconteceu no Brasil à medida que a suposta direita foi fazendo vista grossa à infiltração de militantes de esquerda em escolas, universidades, redações, show business e mercado editorial:
Quem não “perde tempo” pra pisar numa formiga terá de perder pra varrer um formigueiro.
Felipe Moura
Brasil ⎯ http://www.veja.com/felipemourabrasil
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