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terça-feira, julho 21, 2015

ECCLESIA PAUPERUM

Por Maria Lucia Victor Barbosa (*)
Enquanto no País escândalos, prisões, delações, embates de Poderes sacodem a vida nacional e concentram atenções e notícias, a vida no planeta continua girando e produzir alterações no modo de viver e pensar da humanidade. De algum modo essas mudanças nos atingem e, por isso, é bom prestar atenção nelas.
Saindo um pouco do Brasil veremos que fatos mundiais relevantes estão em curso e citemos apenas alguns poucos para não alongar demais o artigo:
1º - Os problemas econômicos da China, à qual nos atrelamos preferencialmente por obra e graça de Lula da Silva. 2º - O acordo nuclear do presidente Obama, apoiado por potências mundiais, com o Irã, algo perigosíssimo que pode futuramente destruir primeiro Israel, depois os Estados Unidos e, finalmente, não sobrara nada. 3º - A visita do Papa Francisco a países latino-americanos. Em todos esses fatos prepondera o fator político.
Como tenho formação católica vou me deter no Papa e seus discursos. E que tenho me perguntado: por que foi eleito pela primeira vez um Papa jesuíta e latino-americano? Comecei agora a decifrar o enigma que merecia um texto de pelo menos cinquenta páginas, mas que vou resumir ao máximo. Essa breve análise nada tem a ver com fé, mas sim com o poder temporal da Igreja Católica.
O fundador da Companhia de Jesus foi o temperamental fidalgo espanhol basco Inácio de Loyola. A Companhia foi moldada pelo padrão militar. A disciplina era férrea. Toda individualidade era suprimida e de cada um e de todos exigia-se uma obediência de soldado ao general.
As atividades dos jesuítas foram como ainda são variadíssimas. Eles trabalharam sem trégua na Inquisição, espalharam-se pelos quatro cantos do planeta, estiveram em todos os centros de decisões, fizeram da educação sua atividade mais importante, funcionaram desde o início como uma multinacional da fé. Georges Bernanos disse que “o velho sonho dos jesuítas era o de organizar a cristandade segundo o método da ditadura totalitária e da razão de Estado”. Será que eles mudaram?
Ainda no âmbito da história recordemos que foi no Novo Mundo americano que a Igreja alcançou seu maior sucesso numa época em que o Velho Mundo europeu enfrentava a Reforma. Portanto, há tempos a Igreja considera a América Latina como sua filha preferida. Nesse sentido tem toda razão Carlos Rangel quando apontou em sua obra, Do Bom Selvagem ao Bom Revolucionário, que “A Igreja Católica é mais responsável do que qualquer outro fator pelo que é e o que não é a América Latina”.
Quanto as nossas origens coloniais pode-se dizer usando uma expressão de Ortega y Gasset, que tivemos uma “embriogenia defeituosa”, por sua vez geradora de sociedades desiguais. Nestas, até hoje não foi, conforme Rangel, o marxismo, mas sim a teoria leninista do imperialismo e da dependência que falsamente propôs uma resposta consoladora e esquerdizante ao complexo de inferioridade crônico que a América Latina sofre em relação aos Estados Unidos. Paradoxalmente, continua grande a imigração de latino-americanos para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor.
 No momento, segundo o Instituto Pew Researh, com sede nos Estados Unidos e citado pelo The Economist, “o Paraguai (onde 89% da população é católica), o Equador (79%) e a Bolívia (77%) continuam sendo os bastiões da fé, juntamente com Colômbia e México”. 
Note-se que a recente visita do Papa se deu justamente no Paraguai, no Equador e na Bolívia, sendo que neste último o Papa recebeu de Evo Morales uma cruz formada pela foice e o martelo, símbolo do comunismo, com um cristo pregado. Esdrúxula adaptação do materialismo de Marx com a espiritualidade de Cristo.
Nesta viagem, onde ficou claramente definida a política do papado, o Papa fez sua mais veemente condenação ao capitalismo. Em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, o Pontífice foi saudado por João Pedro Stédile, mentor dos sem-terra que tem visitado o Vaticano juntamente com líderes dos chamados movimentos sociais e da Teologia da Libertação. Disse Stédile diante de centenas de militantes de movimentos sociais: “Assim como o capitalismo tem Obama, nós temos o Papa Francisco”.
Mas será que essa ecclesia pauperum ou igreja dos pobres que o Papa Francisco prega, mesmo que seja em nome de um pós-marxismo, não manterá os pobres da América Latina, sempre pobres? Afinal, o socialismo, aonde quer que fosse implantado levou ao cerceamento da liberdade, à violência contra a população, à escravização completa do indivíduo, ao nivelamento por baixo na miséria enquanto a classe dirigente gozava das delícias da riqueza.  Enfim, o paraíso prometido na terra tornou-se o inferno. Talvez, uma pregação mais espiritual e menos política enseje um proselitismo mais exitoso da Igreja na América Latina.
(*)Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga. www.maluvibar.blogspot.com.br

6 comentários:

Augusto disse...

Até tu MORO!
Realmente Está TUDO DOMINADO.
O povo mais uma vez esta sendo LUDIBRIADO.
Penas de QUINZE anos de prisão, e os “condenados” vão cumprir as “penas” nas suas mansões (prisão domiciliar)... E após UM ano, a tão esperada liberdade... E mesmo que forem condenadas em outros processos as “penas” não podem ser alteradas. (Sergio Moro assinou e concedeu uma verdadeira carta de alforria para os “condenados”)
Por essas amostras, acho que os políticos se culpados e condenados forem, vão é ser indenizados...
O LULA realmente estar “preocupadíssimo”, deve esta morrendo de RIR... Há! Há! Há!

Anônimo disse...

Conclusão: Meu caro Aluizio, se os Estados Unidos tem Obama e os brasileiros tem um PAPA COMUNISTA, ESTAMOS LASCADOS!!! sou católica de família, pois fui batizada na igreja católica, mas se for para seguir um PAPA COMUNISTA QUE NÃO ME REPRESENTA PREFERIRIA SER ATÉIA, coisa que não sou, então sigo somente a JESUS CRISTO, que, embora suas pregações eram socialistas não as impunha à ninguém.

Socorro, o Brasil precisa ser salvo, acorde, povo.

Anônimo disse...

esse Papa veio por encomenda...

vai dizimar o pouco que ja restava da Igreja Catolica...

católicos, tudo o que esse cidadão disser para voces fazerem, façam o oposto...

Anônimo disse...

Ser pobre não é ser santo.E a maior pobreza é a espiritual.

Dejair Vicente Pinto disse...

Pois então, caro Aluizio.
Segundo está narrado na obra "A corte do Czar Stalin" de Simon Sebag Montefiori, foi em um colégio jesuíta que o jovem Stalin teria apreendido suas primeiras noções totalitárias e que contribuiriam para a formação do futuro revolucionário. Bem lhe disse um dia a sua mãe que melhor seria se ele fosse padre. Quem sabe, um Leonardo Boff russo? Fato é que um dia questionado a respeito de sua autopromoção e estabelecer uma nova moral estatal religiosa, respondeu que o povo precisava de um Deus. Ele próprio. Assim, a lógica jesuítica nada tem a ver com os ricos colégios, cujos alunos, normalmente de famílias abastadas, pagam fortunas para desfrutarem da excelência do nível educacional que prestam.Capitalismo puro. Um paradoxo com os discursos do Papa porque, naturalmente, não são os pobres que mantém a Igreja. Muito pelo contrário, são aqueles que a igreja católica está excluindo do se u rebanho. Enquanto isso, os pobres estão lotando as igreja pentecostais.

Ferreira Pena disse...

Belo texto, e esclarecedor! Parabéns Aluízio, por mais essa colaboradora.