Por Maria Lucia Victor Barbosa (*)
Em 2013, o protesto “passe-livre” apareceu na rua. De cunho esquerdista era composto por um grupo de jovens que tinham carro, mas reclamavam do aumento de vinte centavos no preço dos ônibus. A esquerda jamais poderia imaginar o que viria depois. De forma inédita começaram atos espontâneos, sem lideranças, de milhares de brasileiros de todas as classes sociais que foram para as ruas reivindicar qualidade de serviços públicos, especialmente os da Saúde e da Educação, clamar contra a corrupção, os gastos da Copa etc.
Como não podia deixar de ser, apareceram críticas de analistas, cientistas políticos, jornalistas. Diziam que os atos não tinham foco, que as aspirações eram difusas, que as manifestações eram passageiras.
Entretanto, apareceram resultados. Despencou a popularidade da presidente petista Dilma Rousseff, espantaram-se os políticos de todos os partidos e o Congresso aprovou a toque de caixa projetos parados ou esquecidos.
As manifestações não foram passageiras e seguiram retomadas nos anos seguintes com foco no “fora Lula”, “fora Dilma”, fora PT. O brado era entoado pelos milhões que foram às ruas protestar e pedir o impeachment da presidente. O Congresso entendeu o recado e obedeceu a vontade popular, pois políticos sobrevivem através da opinião pública onde buscam votos.
E o impeachment aconteceu. Ironicamente, o PT que tentara o impeachment de outros viu um dos seu ruir estrondosamente. Foi como um míssil no coração do partido que sempre se rotulou o maior de esquerda da América Latina. A partir dai o declínio foi se verificando. Isto significa que o movimento verde-amarelo das ruas deu resultado.
No ano passado impressionantes multidões foram para as ruas, desta vez pelo candidato Jair Messias Bolsonaro. Inclusive, foi em uma destas enormes aglomerações que um matador de aluguel, que não se sabe quem enviou, esfaqueou o candidato.
É bom frisar que nenhum candidato à presidência teve algo assim em termo de massas. Nem Lula nos seus melhores tempos. Aliás, as últimas caravanas do agora presidiário foram um completo fracasso. Quando espalharam que se Lula fosse preso haveria convulsão social, a prisão aconteceu sem que ninguém se atirasse no meio da rua rasgando as vestes e arrancando os cabelos. E nem mesmo a cena teatral da prisão quando Lula se acoitou no sindicato dos metalúrgicos em São Bernardo, fez multidões incalculáveis aparecerem para proteger o líder.
Uma vez empossado, Bolsonaro continua a ser atacado incessantemente por “milícias” da mídia e de entidades de esquerda. E quando foi anunciado corte na Educação, um contingenciamento que ainda não aconteceu, movimentos de esquerda, voltaram às ruas no dia 15 de maio com o aparente motivo de salvar a Educação. Nenhum protesto da UNE, das Centrais Sindicais e dos chamados Movimentos Sociais foi feito quando Lula e Rousseff, como afirmou em artigo Rapphael Curvo (Ao Som das Ferraduras, 1 de junho de 2019) “sacaram da Educação 30 bilhões.
Porém, agora existe de parte da sociedade respostas, reações, contestações ao que acontece. Um fenômeno pouco percebido, assim como o que chamo de Quinto Poder das redes sociais. Isso explica o porquê da resposta às manifestações do dia 15.
Anteriormente, o anúncio dos atos do dia 26 foi duramente criticado por cientistas políticos, analistas, jornalistas, partidos políticos e até por partidários do presidente da República. Dizia-se que era um tiro no pé, que seria um fiasco, que era precipitado.
Então, os on-line foram para as ruas e os atos foram um sucesso. Defendeu-se as reformas pelas as quais o Executivo luta no Congresso e se houve críticas ao Legislativo e ao STF não foram no sentido de acabar com esses Poderes, mas a certas atitudes de seus membros. Tudo correu de forma pacífica, democrática e sem queima de ônibus.
E deu resultado: a reforma administrativa foi aprovada no Senado. O presidente da Câmara falou em se afastar do “Centrão”. Foi feito um pacto entre os três Poderes pelas reformas. A força do presidente da República confirmou-se pelo apoio do povo sem que ele interferisse anteriormente ou participasse com seus ministros das manifestações.
No dia 30 de maio, em uma tréplica da esquerda uniram-se de novo a UNE, a CUT, as outras Centrais Sindicais, o MST, o MSTS. Foram liberados das aulas em todo país os estudantes universitários e os do segundo grau. Alguma coisa foi dita sobre educação, houve muitas faixas com o mote “Lula Livre”, palavras de ordem sindicais, queima de um boneco do presidente Bolsonaro e pedido do seu impeachment.
O resultado das manifestações da esquerda foram pífias e não produziram resultado, que é o que interessa. Portanto, ponto para o presidente Bolsonaro e para os 0n-line que foram para as ruas mostrar como funciona o Quinto Poder.
(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
11 comentários:
É bom frisar que nenhum candidato à presidência teve algo assim em termo de massas. Nem Lula nos seus melhores tempos.
esse cidadão presidiário so se fez por causa da mídia, que vivia 24 horas bajulando esse elemento, ja que as tvs e seus jornais e revistas eram os únicos meios de se obter (des)informação...
ai apareceu a internet e arrebentou com os planos desse pessoal...
o que se nota hoje na dita grande mídia é o estrebuchamento da classe jornalística, que ate então conseguia criar seus "deuses do olimpo", cujas notinhas e artigos eram tomados como a verdade absoluta...
o leitor não tinha meios de aplicar ou não sua concordância, a não ser através da obsoleta seção de "cartas do leitor", onde os mais indignados perdiam tempo em escrever uma carta, ir aos correios e esperar uns 15, 20 dias para vê-la publicada e olhe lá...
hoje é bate pronto, é bateu-levou...
um artigo mequetrefe recebe imediatamente uma enxurrada de contestações...
tem jornalistas com muitas saudades dos tempos das cartinhas...
Sou um Robô, apoio a austeridade do Gov Bolsonaro. Sabemos que uma parte do Congresso é corrupta e que o STF é adversário do Brasil.
Com o apoio maciço do povo, o Gov Bolsonaro se fortalece e empareda os bandidos dos outros poderes.
Creio que um novo Brasil renasce.
Um abraço ao meu colega Delson Siffert estendidos a sua amiga Maria Lucia, essa lutadora inteligente e preclara, da qual ele é admirador
Parabéns pelo excelente texto
Tudo o que a Maria Lúcia Victor Barbosa escreve é de alto nível. Ela acertou em cheio mais uma vez. Os on-line também saem às ruas e às vezes até ficam off-line.. o ano de 2013 foi só o começo.
Excelente texto!
Agradeço a todos pelos comentários, que me incentivam a continuar com esse teimoso exercício de pensar por escrito. E sou grata ao Amorim pela oportunidade de ser publicada no seu prestigiado blog
QUANDO O POVO VAI CAIR NA REAL E EXIGIR NAS RUAS UMA LIMPEZA GERAL NO STF E NO CONGRESSO?
ESTAMOS REFÉNS DE MÁFIAS DENTRO DOS PODERES. E AS FFAAs(FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS) SÃO CÚMPLICES SIM!
ON LINE, DEPENDENDO DA HORA, MAS OJBETIVAM AS RUAS!
Após as recentes manifestaçõe até o STF murchou, estão bem mais acalmados: temem pelo futuro deles, doravante sob dupla pressão e os ON LINE o arrocho é insuportável - caso do PT, desempoleirado por elas!
Como os histéricos do PT, Gleisi, por ex., fechou o bico, passou a dar pios, como que retirou-se da política; onde estão aquela atrevida, petulante e mais dezenas de verborrágicos?
Isso mesmo! Sem MBL, sem Lobão, Joice, Janaina... O "quinto poder" tem pensamento próprio. O Lobão vaticinou: "esse governo vai ruir". Se achava muito importante. A Janaína e Joice acharam que o povo poderia ser conduzido como gado. O MBL sentiu o gostinho do poder. Não é uma questão de fanatismo o "Bolsonarismo" que a midia e os petralhas tentam desqualificar. Os "on-line" entenderam o momento histórico. É hora de fazer faxina desses comuno-petralhas que por mais de 30 anos destruíram o país; particularmente, precisa acabar com o PT. O PT continua vivo, está aí fazendo o possível para sabotar, boicotar. Tem que acabar com o PT nas próximas eleições. É hora de fazer reformas econômicas; é hora de fazer uma verdadeira reforma trabalhista e reduzir impostos para o país voltar a crescer. O país não pode depender só de vender soja, carne, minério e milho para o primeiro mundo. O país precisa gerar pesquisas e tecnologia.
O bom do ON Line é rever opiniões. às vezes temos uma opinião mas lendo outras passamos a um contexto mais elaborado. Não podemos ser radicais nem autoritários. O país, o povo, precisa gerar emprego e renda. Com trabalho, emprego e renda se resolve muitas situações.
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