O jornalista, escritor e filósofo Olavo de Carvalho, que vive nos Estados Unidos, concedeu entrevista pelo telefone à jornalista Raquel Costa, da revista IstoÉ no dia 9 deste mês de novembro. No entanto, segundo revela Olavo de Carvalho, a entrevista foi censurada. Olavo gravou em vídeo a entrevista completa que reproduzo acima. Vale a pena ver. Mesmo para aqueles que por qualquer razão não gostem de Olavo, encareço que vejam e ouçam com atenção.
Farei, como segue, algumas digressões em torno desta entrevista que suponho contribui para oferecer parâmetros capazes de dar maior consistência à análise de conjuntura política. Verão que certos conceitos da teoria política tradicional não oferecem mais operacionalidade analítica, conforme aponta Olavo de Carvalho com absoluta precisão.
Farei, como segue, algumas digressões em torno desta entrevista que suponho contribui para oferecer parâmetros capazes de dar maior consistência à análise de conjuntura política. Verão que certos conceitos da teoria política tradicional não oferecem mais operacionalidade analítica, conforme aponta Olavo de Carvalho com absoluta precisão.
A entrevista começa com a pergunta da jornalista Raquel Costa sobre o movimento Ocupe Wall Street. Olavo de Carvalho afirma que o movimento é financiado justamente pelo maior player de Wall Street, que é o financista George Soros que, por sua vez, é apoiador de Barack Obama. Segundo Olavo, o movimento não contesta coisa nenhuma, já que é financiado pelos próprios beneficiários do mercado financeiro, suposto alvo do pseudo-protesto. Trata-se portanto de um embuste. Não é o povão que participa do movimento Ocupe Wall Street, mas os próprios filhos daqueles que ganham dinheiro em operações de mercado, além de diletantes esquerdistas, ongueiros e similares.
O argumento de Olavo é que esses movimentos custam muito dinheiro e que portanto tem de fazer o rastreamento para saber quem os financia. Ao fazê-lo chega-se a George Soros e seus homólogos e, como não poderia deixar de ser, ao governo de Barack Obama.
Segundo Olavo de Carvalho, não há nenhuma revolução social nesses movimentos de ocupação. São massas de manobra dos articuladores daquilo de Olavo conceitua como "elite globalista", ou seja, a associação entre os grandes capitalistas do planeta com os governos. É essa elite globalista, portanto, que estimula esses movimentos e os apóia financeiramente.
A entrevista de Olavo de Carvalho está ótima, já que mete o dedo na ferida. Fornece os elementos que permitem compreender o viés esquisito dessa movimentação tipicamente embasada no pensamento politicamente correto. Olavo desnuda a farsa com uma simples indagação: quem fornece os meios de ação?, já que essa montagem custa muito dinheiro!
De outro lado, mostra que, finalmente, por trás de tudo está o governo de Barack Obama que pretende se reeleger, de acordo com os interesses da elite globalista da qual é o principal sócio.
O conceito de "elite globalista" formulado por Olavo de Carvalho permite também entender de forma clara por que ocorre a associação entre o grande capital brasileiro e o lulopetismo que acomoda gente como Eike Batista, por exemplo, os velhos capitães de indústria e banqueiros num mesmo esquema de poder e que pagam fortunas por uma palestra de Lula e o afagam docemente.
O epílogo dessa história ainda está para acontecer. Mas com certeza será funesto, pois a narrativa discorrerá sobre o fim da liberdade individual. O que está acontecendo é mais ou menos uma espécie de globalização da dominação patrimonialista. Um arremedo moderno das monarquias absolutistas. Os Georges Soros são os cortesãos que gravitam em torno desse incomensurável poder que pode tudo na manipulação das massas. O exercício da política já está completamente alterado e não obedece mais aos paradigmas da filosofia política clássica. Certos tiranos ancorados na dominação tradicional não interessam mais para a elite globalista. Vide os países arábes e suas estranhas revoluções... Isto também não quer dizer que se terá mais democracia por lá. Já não está mais havendo a alternância do poder dentro do jogo político eminentemente democrático que caracterizou as grandes democracias do Ocidente no século XX. Lembram-se do recente quebra-quebra na Inglaterra e da leniência do governo inglês que relutou em defender seus cidadãos dos vândalos assassinos? Na França a mesma coisa.
Compreende-se também porque uma desconhecida Cristina Kirchner venceu de forma avassaladora as eleições presidenciais argentinas ou, ainda, Hugo Chávez, impere na Venezuela e o lulismo tenha cerca de 90% de apoio no Congresso Nacional e consiga fazer de Dilma Rousseff, que nunca se elegeu para nada, não fez carreira política, Presidente da República do Brasil! Ora, não se faz política de forma nenhuma com as mãos abanando e os bolsos vazios. Sempre foi o grande capital que influenciou de forma vigorosa as eleições em qualquer lugar do mundo. Mas o que soava estranho começa a ficar mais claro. É que os donos do poder econômico absorveram o discurso revolucionário-populista. Muitos milionários estão oferecendo sopa aos pobres nas ruas e praças das cidades americanas e européias e anunciam que desejam pagar mais impostos! Aqui no Brasil são 'companheiros' dos comunistas do PT. E não só isso, são objetivamente sócios desse projeto de poder do PT que reproduz exatamente os interesses da elite globalista. Isto não começou agora. Experimente a surfar no tempo e retroagir a 30, 40 ou 50 anos atrás na história! Fica fácil entender agora por quê milionários querem pagar mais impostos, porque na verdade estão pagando para si mesmos! já que são parceiros dos governos e vice-versa!
Ainda há alguma resistência a tudo isso. Mas quem acompanha a política nacional e internacional verifica que cada vez são mais minguadas as forças que se rebelam a esse igualitarismo de araque que faz tábula rasa de princípios éticos, morais, da liberdade civil e religiosa e por aí vai. Estas se encontram numa pequena parcela da tradicional classe média mormente ilustrada e que cultua os valores da civilização ocidental, que tanto me refiro aqui no blog. Trava-se portanto uma guerra de valores. Para a elite globalista os valores mais caros à civilização ocidental, com destaque para a liberdade individual, que teve seu apogeu no interregno que vai do final da Segunda Grande Guerra até os anos 80 do século passado, não faz mais sentido. Em troca desejam a estandardização de todos os aspectos da vida social, econômica e política em escala planetária, pois isto os favorece em termos de poder e dinheiro. E ninguém melhor do que os comunistas e seus sequazes para fazer o serviço! Não é à toa que revoltas como em Wall Street, ou na USP em São Paulo ou ainda nos países árabes tenham esse aspecto bizarro, já que não possuem qualquer sentido lógico. A tal primavera árabe troca uma ditadura de viés tradicional por outra de cunho islâmico. Em New York bobalhões a soldo de Soros e Obama fazem de conta que protestam e os jornalistas idiotas ou regiamente pagos pela elite globalista noticiam todo esse bizarro simulacro de revolução como uma coisa autêntica!
Oxalá a análise social tivesse a objetividade das ciências da natureza! Mas isto não é possível. Os conceitos são apenas construtos mentais com os quais nomeamos a realidade e, portanto, não são a realidade! Todavia é com eles que podemos contar. Mas tudo fica pior se continuarmos a nos valer daqueles conceitos que perderam operacionalidade analítica e que tipifico como "conceitos zumbis". Falar em revolução social, marxismo, democracia participativa, luta de classes e bloco histório (Gramsci) é piada pura! Professores de universidades com título de mestre e doutor continuam a trombetear essas bobagens em sala de aula! Já disse aqui que maior número de idiotas que já encontrei na vida foi no curso de mestrado e em redações de jornais.
Encerro o post por aqui. Oportunamente voltarei ao tema. Recomendo que vejam esta entrevista de Olavo de Carvalho no vídeo acima. Está tão boa que por isso não foi publicada pela IstoEra. Infelizmente temos que ficar com os jornalões e o Fantástico da Rede Globo, ou seja, com o lixo. Ainda bem que por enquanto tem a internet...
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11 comentários:
Olá Aluizio
A entrevista não está aparecendo.
Guteneberg
Gutemberg,
aqui no meu computador está normal. O vídeo roda normalmente. Vou acrescentar também o link para o site do Olavo.
Aluizio, muito obrigado, por disponibilizar está outra lúcida análise do Olavo, estamos fartos de lixo e dos detratores do Olavo de Carvalho.
Bastante ilustrativa essa entrevista.
Primeiro o video, depois tua leitura. Perfeito!
Análise perfeita. A mídia tradicional não quer discutir com seriedade a conjuntura política (não se interessam pela verdade). Querem tapar o sol com a peneira, por isso não publicaram.
Tempos difíceis. Vamos aguardar, nem sempre tudo se dá como eles esperam. Às vezes o imponderável muda o rumo dos acontecimentos.
Aluízio,
Gostaria de te dar os parabéns por essa analise inteligente e explicativa da atual conjectura econômica-política do século 21. Você está mais do que certo! Não dá mais para julgar o mundo pelo antagonismo entre Marx e von Mises. É muito mais complexo essa estrutura de poder que alia o estado ao capital "privado".
Acho que o ponto-chave para a civilização ocidental permanecer como a conhecemos (ou a conheciamos), é começar a estudar pra valer essas contradições aparentemente ilógicas dos novos tempos. Todo mundo se perde nessa nova estrutura de poder, inclusive as pessoas mais preparadas.
Parabéns novamente! É por isso que frequento esse blog.
Louvor para os dois.
Estão canibalizando a democracia,o futuro não é animador!
Amadeu
O futuro nunca foi animador mas a verdade sempre surge, e a esperança em que a verdade brilhe sempre mais, nunca deve morrer.
É como Jesus falou aos fariseus: que se os discípulos Dele calassem, as pedras gritariam.
O brilho da verdade é como um fenômeno da natureza por mais que tentem mentir, enganar, e escondê-la ela sempre surge.
As vezes por pedras com Aluizio e Olavo.
Parabéns aos dois.
Eu e minha Familia estamos sempre acompanhando suas publicações.
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É como Jesus falou aos fariseus: que se os discípulos Dele calassem, as pedras gritariam.
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