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quinta-feira, junho 05, 2008

Minha análise:

Festim de depravação moral e ética

O que deveria se constituir numa exceção tornou-se a regra. Estou falando da escandalosa profusão da roubalheira que transforma as páginas de política dos jornais em seções policiais.

Não há um dia sequer que os leitores, telespectadores e internautas, sejam poupados da lama que grassa e escorre por todos os cantos do país. Enquanto a Dama do Charuto, Denise Abreu, denuncia o tráfico de influência nas nebulosas transações que cercaram a venda da Varig e que envolve mais uma vez a ministra Dilma Rousseff e sua subordinada Erenice Guerra, explode no Rio Grande do Sul o escândalo do Detran e a lama chega perto do palácio do governo gaúcho.

Ao mesmo tempo, o sindicalista-deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, é acusado de estar envolvido num esquema que drenava dinheiro do BNDES para as mãos de uma verdadeira quadrilha.


Mesmo assim, Paulinho, vestido a caráter, com boné e camiseta da Força Sindical, não se intimidou e lá estava emplacando nos jornais, desta vez para pedir a diminuição da jornada de trabalho.

Em Santa Catarina a Polícia Federal detonou a Operação Cartada Final, prendendo nesta quarta-feira dezessete pessoas, entre elas o cônsul honorário da Espanha na cidade de Joinville, Antônio Escorza Antoñanzas. Esta operação da PF é realizada simultaneamente em quatro Estados do País.


Entre os presos, além do cônsul, que é apontado como chefe da quadrilha que comercializava produtos contrabandeados usados em máquinas caça-níquel, está ainda o filho de Antoñanzas.

Cerca de 250 policiais federais cumpriram 19 mandados de prisões cautelares e 15 temporárias, 48 mandados de busca e apreensão, 96 seqüestros de imóveis, apreensão de duas lanchas e diversos veículos, bem como seqüestro dos valores de 33 contas bancárias nos Estados de Santa Catarina, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Nunca antes neste país se viu tanto escândalo assim. Notem que essa escalada da roubalheira foi turbinada depois da ascensão de Lula e seus sequazes do poder. O mensalão parece ter sido a senha para o início desse festim de depravação moral e ética que tomou conta da Nação.

Qual a razão para esse desvario rapinante que vem contaminando todas as esferas da sociedade brasileira, desde autoridades estatais, passando por dignitários estrangeiros, como esse cônsul espanhol em Joinville ou, ainda o misterioso chinês Lap Chan que comprou a Varig, ou ainda o a orgia dos cartões corporativos e o esquema do Detran gaúcho?

A reposta só pode ser uma: a impunidade. Conta-se nos dedos aqueles indiciados que resultaram punidos em decorrência dessas operações da Polícia Federal ou de CPIs, inquéritos e sindicâncias correlatas. E nem se fale de CPIs, como a dos Cartões Corporativos que se misturou ao famigerado dossiê de Dilma Rousseff e acabou em pizza.

Dentro desse quadro de morbidez nacional acrescente-se, finalmente, a estatística da violência que atinge níveis inauditos na história da República.

De acordo com o Índice de Desenvolvimento Sustentável 2008, divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1992 e 2004 houve um incremento em termos absolutos de 7,7 mortes por homicídios por 100 mil habitantes no Brasil.

Esta violência, antes confinada às grandes cidades, hoje já alcança todos os quadrantes do país.

Feito este rápido e superficial balanço reforço uma hipótese: a impunidade reivindicada e alcançada pelos criminosos de colarinho branco que garfam o erário com luvas de pelica, ultrapassa os umbrais do âmbito estatal e passa a estimular toda a sorte de banditismo.

Dos palácios às favelas está tudo dominado e nivelado por baixo, sob o deletério manto da impunidade.

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