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terça-feira, setembro 16, 2008

Só o capitalismo acaba com a pobreza

Bairro Plan 3.000: a miséria que sustenta o populismo de Morales
Não se iludam. O que está acontecendo na Bolívia é o início de uma convulsão que ocorrerá mais cedo ou mais tarde em toda a América Latina.

Governos populistas fascistas ou comunistas e assemelhados são, a rigor, uma ucronia, ainda que perdurem como ocorreu na ex-União Soviética, na Alemanha Nazista, em Portugal, Espanha e em toda a América Latina nas décadas de 50 e 60. Cuba continua patinando nesse tipo de regime enquanto o charuto não apagar.

Retomando o que afirmei na linha inicial desta análise explico por que o continente corre o risco de entrar em convulsão social. Porque soluções populistas com a estatização da produção e dos serviços conduzem à estagnação econômica. O primeiro resultado disso é o aparecimento da escassez de gêneros alimentícios.

A história mostra que todos os governos que enveredaram pela estatização dos meios de produção só conseguiram se manter através de ditaduras violentas e com a sonegação dos direitos civis, dentre eles a liberdade de imprensa.

A América Latina da atualidade, tirante aqueles países afro-asiáticos que vivem ainda no tempo do boi e do arado, é o emblema do atraso, mormente por ter dado essa guinada extemporânea para o comuno-populismo. Se formos analisar a história política dos países, veremos que até hoje o capitalismo verdadeiro não foi exercitado por aqui no que tange à gestão da economia, enquanto que no âmbito da política a democracia liberal continua sendo estigmatizada, qualificada de “burguesa”.

A conjunção desses aspectos que estou enumerando rapidamente, já que isto demanda uma análise mais detida, mantém intocável o tipo de dominação tradicional que se expressa pelo patrimonialismo, isto é, a confusão entre as esferas pública e privada.

Por isso, a política latino-americana gravita em torno da disputa pelo controle do aparelho estatal, ou seja, a privatização pura e simples da esfera pública. O conceito de política, para efeito desta análise e de tantas quanto se faça em relação ao seu exercício, recolho de Max Weber e se resume na luta pelo poder ou pela manutenção do poder.

O que tipifica o Estado moderno é justamente a separação radical entre o que é público e o que é privado. Quando estes dois territórios se (con)fundem estamos vivendo num tipo de dominação patrimonialista.

Curiosamente, depois que todas as soluções totalitárias à esquerda e à direita do espectro político fracassaram, se é que ainda se possa utilizar esses dois conceitos com base na teoria política clássica, a América Latina fez meia-volta e retornou ao século passado, época em que Muro de Berlim desabou.

E o fez em busca de soluções para os problemas sociais que se avolumaram principalmente a partir dos anos 50 do século passado. Notem que são os mesmos problemas que deram origem às ditaduras de corte fascista no continente, inclusive no Brasil.

Essas disparidades sociais começaram a ganhar contornos mais dramáticos na medida em que a população do continente foi crescendo, de modo a criar uma grande massa marginalizada.

A origem dessa funesta realidade está exatamente na ausência de capitalismo, e não como querem os arautos do esquerdismo, que culpam o capitalismo pela miséria que grassa pelo território latino-americano.

Ora, é exatamente o contrário. A falta de capitalismo verdadeiro é que abre o espaço para o deletério patrimonialismo exercitado historicamente pelas elites e que agora se irradiou para toda a população, dando origem ao surgimento de governos populistas, de viés socialista, que se anunciam como salvadores dos pobres.

Para viabilizar suas promessas estão repetindo a estratégia patrimonialista das velhas elites. Entretanto, a distribuição de renda que prometem passa a depender do Estado e para isso a solução será sempre aumentar o seu tamanho a custa da expropriação dos meios de produção que conceituam pelo eufemismo de “políticas sociais”.

No caso da Bolívia, que é um país menor e de nítidas disparidades regionais, a tentativa de desmonte do sistema de produção capitalista para viabilizar uma espécie de “patrimonialismo popular”, chegou ao seu ponto máximo, porquanto os agentes econômicos não irão, de jeito nenhum, topar pagar o almoço grátis prometido pelo índio cocaleiro.

O retorno à democracia no continente, a estabilidade das moedas e o controle inflacionário, decorrem muito mais da imposição da ordem capitalista, agora turbinada pela globalização, do que de uma pretensa revolução social botocuda.


As velhas elites dos coronéis foram aos poucos morrendo e seus sucessores começaram a entender que a prosperidade só acontece no jogo do livre mercado, balizado pela liberdade econômica e política.

O General golpista Hugo Banzer, com aquele seu quepe empinado e bigodinho fino descendo o sarrafo na bugrada já foi há muito substituído por jovens empreendedores que desejam produzir, vender e ganhar dinheiro.

Ao bater de frente com essa nova mentalidade que começa a surgir em todos os países e inclusive na própria Bolívia, Evo Morales será escorraçado, como qualquer tiranete que tente fazer o mesmo.


Entretanto, não estamos livres da ameaça de severas convulsões, já que esses novos líderes populistas latinos conseguiram amealhar um grande apoio das massas populares extremamente ignorantes e presas fáceis dos discursos salvacionistas.

Além de imporem um avassalador atraso político e econômico aos seus países, esses comuno-fascistas deixarão atrás de si um rastro de sangue e destruição.

Tomara que eu esteja completamente errado.

(A foto acima é do site UOL)

12 comentários:

Anônimo disse...

16/09/2008
Palin, a Chávez do Ártico

Andy Robinson

Que ninguém pense em comparar Sarah Palin a Hugo Chávez. Mas a governadora do Alasca e candidata a vice-presidente dos EUA demonstrou que quando quer pode ser uma revolucionária do populismo petroleiro. Quem duvidar deveria ter passado pelo centro comercial da Quinta Avenida de Anchorage na última sexta-feira (12), dia da distribuição do dividendo anual do Fundo Permanente do Petróleo (PFD na sigla em inglês).

Centenas de cidadãos faziam fila nas lojas, impacientes para gastar os US$ 3.200 que o governo havia depositado naquela manhã em suas contas bancárias. "A esta hora de sexta-feira geralmente está bastante vazio, mas hoje as pessoas querem gastar seu PFD", disse uma balconista da loja de moda juvenil Banana Republic. No restaurante Simon and Seaforts, clientes com carteiras recheadas devoravam caranguejos gigantes. Agências de viagens anunciavam "ofertas PFD" de vôos para o Havaí. "Quando chegar o cheque vou tirar alguns dias para pescar", explicou o taxista Danny Austin.

Há 26 anos, todo mês de setembro, os moradores do Alasca recebem um cheque graças ao petróleo. Em 1982 se decidiu investir as receitas dos direitos de exploração petrolífera - 85% da arrecadação tributária do Alasca - em um fundo permanente. É uma estratégia empregada por muitos países petrolíferos - desde a Noruega até Abu Dhabi - para suavizar o impacto da volatilidade dos preços no mercado.

Graças ao preço disparado do petróleo nos últimos anos e a uma boa gestão financeira, o fundo cresceu como espuma, alcançando este ano quase 26 bilhões de euros em um Estado com apenas 600 mil habitantes. Todo ano se distribui um dividendo baseado na rentabilidade do fundo. Este ano o presente do PFD chega a US$ 2 mil (1.400 euros) por residente do Alasca.

Mas Palin quis ser ainda mais generosa e acrescentou ao pacote US$ 1.200 (850 euros) por habitante, o que foi possível graças a uma iniciativa que deixaria de cabelos em pé a Casa Branca do presidente petroleiro George W. Bush e seu feudo texano: uma alta dos impostos sobre os lucros das petroleiras de 22,5% para 25%.

Anônimo disse...

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"Tomara que eu esteja completamente errado."

Infelizmente, para o mal de todos, acho que você não está errado!
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Anônimo disse...

Há controvérsias.Pelo menos, nada como tese absoluta. No caso da Bolívia a reação é da região mais rica que não quer dividir sua riqueza com a região mais pobre como se não fossem uma nação. Exatamente como no Brasil onde São Paulo suga tudo do resto do país há 500 anos e reage quando é preciso distribuir a riqueza nacional, decentralizando o poder econômico que leva sua incompetência de roldão para os estados que não participam.Estou cheia e farta de políticos paulistas que não largam o osso e impedem que um governador como Paulo Hartung seja presidente da república,ficam de olho no resultado do nosso - ES- petróleo, produzem políticos, criminosos, crimes, falcatruas de arrepiar os cabelos e ainda generalizam dizendo que é o brasileiro e o Brasil.E mais, qd o EUA teve que sair da crise econômica dos anos 20-30 o presidente usou de verbas públicas para obras de infra estrutura e levantar a economia.O que não pode é usar o capitalismo ou comunismo puros em regiões onde as teorias não nasceram e nem se aplicam pois sequer são industrializadas.

Anônimo disse...

Muito bom o artigo.

Anônimo disse...

Terça, 16 de setembro de 2008, 11h54

Fonte: AFP

ECONOMIA INTERNACIONAL
Crise financeira não tem precedentes, diz FMI
O diretor geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou nesta terça-feira que a crise econômica e financeira atual "não tem precedentes".

"Estamos diante de uma crise financeira inédita, porque ela nasceu no coração do sistema, os Estados Unidos, e não de sua periferia, e afetou simultaneamente o mundo inteiro", disse Strauss-Kahn no Cairo.

"Algumas partes do mundo estão mais ou menos afetadas, mas a desaceleração é geral", disse, acrescentando que "toda a economia mundial vai desacelerar entre meio ponto e dois pontos percentuais, inclusive na China e na Europa".

"O que é novo representa mais perigo do que aquilo que se repete, mas uma das diferenças desta crise com relação à crise de 1929 é que agora dispomos de instrumentos que não nos permitem evitar a crise, mas atenuar as conseqüências e corrigir os efeitos dela, em particular o FMI", declarou Strauss-Kahn.

O chefe do Fundo se mostrou convencido de que "os atores do mercado desaparecerão, em particular nos Estados Unidos, com a possível extinção progressiva" de bancos de investimentos independentes, como Lehman Brothers ou Merrill Lynch.

"Isto se soma às incertezas e não podemos excluir as tensões financeiras a curto prazo", acrescentou. Para Strauss-Kahn, ao final da crise, o setor financeiro mundial será muito mais reduzido que o atual.

Anônimo disse...

Excelente artigo, Aluizio!

Em tempo: Como é divertido ler comentários que confundem uma crise "no" capitalismo com uma crise "do" capitalismo. Daqui a pouco, como de costume, começam a surgir as previsões do declínio norte-americano.

Anônimo disse...

Boa Tarde Aluizio!

É a primeira vez que escrevo no seu blog. Estou adorando TODOS os seus comentários. Que bom poder ler blogueiros como vc, o Reinaldo Azevedo, o Angelo da CIA, os do Resistência e mais uns poucos nanicos, mas independentes, como vc bem falou.

Atenciosamente,
LAS.

Stefano di Pastena disse...

CAro Aluízio

Matando a pau, como sempre. Como disse o anônimo, estava demorando para os botocudos de sempre começara a lenga-lenga sobre a "crise DO capitalismo"...hehehe...Bom mesmo é na Coréia do Norte.

Alexandre, The Great disse...

Clap, clap, clap...

Concordo integralmente!

Peço permissão para copiar e utilizar como estudo de caso com meus alunos.

Anônimo disse...

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Pensando bem, mais e mais minhas dúvidas sobre capitalismo e comunismo (igualitarismo, botocudismo, etc...) se aprofundam. Antes piamente do lado do capitalismo, venho agora encontrando dificuldades em entender um sem a existência do outro. Um, é como uma espécie sem predadores naturais que se auto-aniquilaria pelo sucesso da over-proliferação, acabando com os meios de sua própria subsistência, o outro, aquela espécie que conta sempre com a proliferação de uma outra espécie para sua própria sobrevivência. Eu estou achando que, tirando um... os dois morrem! Deveria existir uma terceira opção mas não a vejo! Talvez o universo não seja tão preto no branco (ou vice-versa). Mas usando apenas o instinto, lógico que eu gostaria de ter o peixe na minha rede.
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Aluizio Amorim disse...

Caro Alexandre,
sinta-se à vontade para utilizar o texto.
Obrigado pelo apoio.
Grande abraço do
Aluízio Amorim

Anônimo disse...

Tem gente que anda lendo muito o "Tio Rei". Ah, tá bom, a crise é NO capitalismo.