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sábado, fevereiro 28, 2009

COTAS RACIAIS: DESTRUIÇÃO DA UNIVERSIDADE

Manifestação de negros: discurso segrega em vez der unir.
A revista Veja que foi às bancas neste sábado traz uma excelente reportagem especial sobre o projeto que prevê a implantação do sistema de cotas raciais nas universidades.

Publico neste post excertos da primeira parte da reportagem que é grande e, ao final, dou o link, onde assinantes podem ler mais.

O objetivo do post é colocar a questão em debate, chamar a atenção dos Senadores e possibilitar a manifestação dos leitores, seja a favor ou contra as cotas. Observo, porém, que comentários chulos e agressivos serão deletados.

Eu, particularmente, sou contra as cotas e defendo o mérito acadêmico como único passaporte válido e justo para o ingresso numa universidade.
Aliás, como bem coloca a reportagem, a universidade não é destinada a promover e/ou repapar injustiças, mas sim a produzir o conhecimento.

Nas próximas semanas, deverá ser votado no Senado um projeto que, já aprovado na Câmara dos Deputados, implanta o sistema de cotas raciais nas 55 universidades federais brasileiras. Essas instituições ficarão obrigadas a reservar 50% de suas vagas para alunos egressos de escolas públicas.

Dentro desse universo de cotistas, negros, pardos e índios serão os principais beneficiados: terão garantido um número de vagas proporcional à sua representação demográfica em cada estado. O projeto visa a ampliar a presença desses grupos étnicos e raciais no ensino superior.

O objetivo é justo. Negros, pardos e índios, em especial os mais pobres, têm pouca ou nenhuma chance de se equiparar social e economicamente aos brancos sem que se lhes abram maiores oportunidades na vida.

Mas essa questão é complexa e não se esgota em sua justeza. Há fortes razões para acreditar que transformar o projeto em lei da maneira como ele chegou ao Senado, vindo da Câmara dos Deputados, pode ser contraproducente, ilógico e ruinoso para todos os brasileiros, inclusive e principalmente aqueles que o texto da lei visa a beneficiar.

A primeira e mais grave reflexão a fazer é se o papel das universidades federais deve passar a ser o de reparar injustiças históricas.


Se for isso, há que ter em mente que se trata de uma mudança radical. As universidades existiram desde sempre para produzir conhecimento. A produção de conhecimento de qualidade só é possível em ambientes de porta de entrada estreita e com rígido regime de mérito.

É o contrário do que propõe o sistema de cotas em votação no Senado. Se ele for aprovado, metade dos calouros terá acesso à universidade usando como passaporte de entrada o vago e cientificamente desacreditado conceito de raça.

Adeus ao mérito individual. Com ele se despedem também a produção de conhecimento e o avanço acadêmico. Deve haver formas menos destruidoras de reparar injustiças históricas.

A experiência com cotas no ensino superior começou no Brasil em 2002, quando a Universidade do Estado do Rio de Janeiro as instituiu pela primeira vez no país. Outras oitenta faculdades fizeram o mesmo, com modelos variados. Nenhuma dessas experiências tem resultados positivos conclusivos e tampouco unanimidade quanto a sua constitucionalidade. Ainda neste ano, o Supremo Tribunal Federal deve julgar a validade de dois desses modelos.

A novidade do projeto que tramita no Senado é que ele pretende institucionalizar as cotas. A ideia conta com forte apoio oficial e, felizmente, com a oposição de muitas lideranças negras do país que enxergam no favorecimento das cotas um risco para todos.

Como é de praxe quando se contraria uma decisão oficial do governo, a retaliação é automática. Diz Leão Alves, do movimento Nação Mestiça: "Não apoiar as cotas, como é o meu caso, significa abrir mão de financiamentos e cargos públicos".

Diz o sociólogo Demétrio Magnoli: "Políticas baseadas na raça são a negação do princípio fundador da democracia, segundo o qual as oportunidades das pessoas estão em aberto – e não pre-determinadas por suas origens".

Algumas das maiores e mais vergonhosas tragédias da história foram plantadas, cultivadas e colhidas pelo ódio racial produzido por políticas públicas racistas – a escravidão, o holocausto e o apartheid.

É ingênuo pensar que o progresso social se acelera quando o estado inverte o sinal de modo que um grupo racial historicamente derrotado possa, finalmente, triunfar sobre seus algozes. Isso produz mais ódio. (Assinante lê TUDO clicando AQUI)
Foto revista Veja/BG Press

3 comentários:

Ferra Mula disse...

Reforçando suas palavras:"Eu, particularmente, sou contra as cotas e defendo o mérito acadêmico como único passaporte válido e justo para o ingresso numa universidade.
Aliás, como bem coloca a reportagem, a universidade não é destinada a promover e/ou repapar injustiças, mas sim a produzir o conhecimento."

Quando conclui o primário,tive que fazer exame de admissão para entrar no ginasial. No Japão até hoje existe este exame.O aluno tem que mostrar serviço no primário para poder continuar. Resultado disso é a seleta de profissionais melhores e mais competentes. Do jeito que as coisas estão parece que concluir uma faculdade não é tão dificil, o problema é sustentar uma particular, já que as faculdades públicas não atende a atual demanda.

Um abraço e bom final de semana do Airton.

Anônimo disse...

Aluizio, os socialistas e comunistas se crêem portadores de um futuro maravilhoso.
Só que na verdade são bandidos incompetentes.
De prático, produziram milhões de mortos, miséria e tirania.
O difícil é convencer o povo absurdamente ignorante que vive aqui na Botoculândia, aka Brasil....
Sei não meu caro...
Se não houver reação forte das partes ainda sadias, virtuosas e inteligentes da sociedade não haverá futuro melhor para esta terra, apenas miséria, tirania e mais ignorância - vide exemplos da antiga URSS, Cuba, Venezuela, Bolívia....

Ercy Soar disse...

Aluízio,
existem, sim, dívidas históricas para com o negros e índios. Sobre os primeiros, Joaquim Nabuco já alertava que a abolição, do jeito que foi feita, jogaria na rua da amargura todos os ex-escravos, muitos dos quais continuam, de fato, escravos até hoje.
Entretanto, o texto acerta no alvo quando diz que nao é funçao da universidade reparar injustiças sociais. Se abrirem esse precedente, caputs. O que o projeto institucionaliza nao são as cotas, mas o racismo no Brasil.
As políticas afirmativas foram instauradas, nos EUA, num contexto histórico e cultural muito diverso do nosso. No Brasil elas precisam ser reinventadas.
Volto a dizer, é função do Estado, sim, desenvolver políticas e AÇOES que contemplem especialmente as minorias (o que não vale para negros, mas sim para índios), e sobretudo as maiorias (miseráveis) excluídas do processo produtivo. É claro q nao estou falando na bolsa-família lulo-petrarcalista. Um bom ensino público, transporte público eficiente, saúde pública disponível, acesso à moradia e urbanização das favelas já fariam milagres.