A revista Veja que foi às bancas neste sábado traz uma excelente reportagem especial sobre o projeto que prevê a implantação do sistema de cotas raciais nas universidades.
Publico neste post excertos da primeira parte da reportagem que é grande e, ao final, dou o link, onde assinantes podem ler mais.
O objetivo do post é colocar a questão em debate, chamar a atenção dos Senadores e possibilitar a manifestação dos leitores, seja a favor ou contra as cotas. Observo, porém, que comentários chulos e agressivos serão deletados.
Eu, particularmente, sou contra as cotas e defendo o mérito acadêmico como único passaporte válido e justo para o ingresso numa universidade.
Publico neste post excertos da primeira parte da reportagem que é grande e, ao final, dou o link, onde assinantes podem ler mais.
O objetivo do post é colocar a questão em debate, chamar a atenção dos Senadores e possibilitar a manifestação dos leitores, seja a favor ou contra as cotas. Observo, porém, que comentários chulos e agressivos serão deletados.
Eu, particularmente, sou contra as cotas e defendo o mérito acadêmico como único passaporte válido e justo para o ingresso numa universidade.
Aliás, como bem coloca a reportagem, a universidade não é destinada a promover e/ou repapar injustiças, mas sim a produzir o conhecimento.
Nas próximas semanas, deverá ser votado no Senado um projeto que, já aprovado na Câmara dos Deputados, implanta o sistema de cotas raciais nas 55 universidades federais brasileiras. Essas instituições ficarão obrigadas a reservar 50% de suas vagas para alunos egressos de escolas públicas.
Dentro desse universo de cotistas, negros, pardos e índios serão os principais beneficiados: terão garantido um número de vagas proporcional à sua representação demográfica em cada estado. O projeto visa a ampliar a presença desses grupos étnicos e raciais no ensino superior.
O objetivo é justo. Negros, pardos e índios, em especial os mais pobres, têm pouca ou nenhuma chance de se equiparar social e economicamente aos brancos sem que se lhes abram maiores oportunidades na vida.
Mas essa questão é complexa e não se esgota em sua justeza. Há fortes razões para acreditar que transformar o projeto em lei da maneira como ele chegou ao Senado, vindo da Câmara dos Deputados, pode ser contraproducente, ilógico e ruinoso para todos os brasileiros, inclusive e principalmente aqueles que o texto da lei visa a beneficiar.
A primeira e mais grave reflexão a fazer é se o papel das universidades federais deve passar a ser o de reparar injustiças históricas.
Se for isso, há que ter em mente que se trata de uma mudança radical. As universidades existiram desde sempre para produzir conhecimento. A produção de conhecimento de qualidade só é possível em ambientes de porta de entrada estreita e com rígido regime de mérito.
É o contrário do que propõe o sistema de cotas em votação no Senado. Se ele for aprovado, metade dos calouros terá acesso à universidade usando como passaporte de entrada o vago e cientificamente desacreditado conceito de raça.
Adeus ao mérito individual. Com ele se despedem também a produção de conhecimento e o avanço acadêmico. Deve haver formas menos destruidoras de reparar injustiças históricas.
A experiência com cotas no ensino superior começou no Brasil em 2002, quando a Universidade do Estado do Rio de Janeiro as instituiu pela primeira vez no país. Outras oitenta faculdades fizeram o mesmo, com modelos variados. Nenhuma dessas experiências tem resultados positivos conclusivos e tampouco unanimidade quanto a sua constitucionalidade. Ainda neste ano, o Supremo Tribunal Federal deve julgar a validade de dois desses modelos.
A novidade do projeto que tramita no Senado é que ele pretende institucionalizar as cotas. A ideia conta com forte apoio oficial e, felizmente, com a oposição de muitas lideranças negras do país que enxergam no favorecimento das cotas um risco para todos.
Como é de praxe quando se contraria uma decisão oficial do governo, a retaliação é automática. Diz Leão Alves, do movimento Nação Mestiça: "Não apoiar as cotas, como é o meu caso, significa abrir mão de financiamentos e cargos públicos".
Diz o sociólogo Demétrio Magnoli: "Políticas baseadas na raça são a negação do princípio fundador da democracia, segundo o qual as oportunidades das pessoas estão em aberto – e não pre-determinadas por suas origens".
Algumas das maiores e mais vergonhosas tragédias da história foram plantadas, cultivadas e colhidas pelo ódio racial produzido por políticas públicas racistas – a escravidão, o holocausto e o apartheid.
É ingênuo pensar que o progresso social se acelera quando o estado inverte o sinal de modo que um grupo racial historicamente derrotado possa, finalmente, triunfar sobre seus algozes. Isso produz mais ódio. (Assinante lê TUDO clicando AQUI)
Nas próximas semanas, deverá ser votado no Senado um projeto que, já aprovado na Câmara dos Deputados, implanta o sistema de cotas raciais nas 55 universidades federais brasileiras. Essas instituições ficarão obrigadas a reservar 50% de suas vagas para alunos egressos de escolas públicas.
Dentro desse universo de cotistas, negros, pardos e índios serão os principais beneficiados: terão garantido um número de vagas proporcional à sua representação demográfica em cada estado. O projeto visa a ampliar a presença desses grupos étnicos e raciais no ensino superior.
O objetivo é justo. Negros, pardos e índios, em especial os mais pobres, têm pouca ou nenhuma chance de se equiparar social e economicamente aos brancos sem que se lhes abram maiores oportunidades na vida.
Mas essa questão é complexa e não se esgota em sua justeza. Há fortes razões para acreditar que transformar o projeto em lei da maneira como ele chegou ao Senado, vindo da Câmara dos Deputados, pode ser contraproducente, ilógico e ruinoso para todos os brasileiros, inclusive e principalmente aqueles que o texto da lei visa a beneficiar.
A primeira e mais grave reflexão a fazer é se o papel das universidades federais deve passar a ser o de reparar injustiças históricas.
Se for isso, há que ter em mente que se trata de uma mudança radical. As universidades existiram desde sempre para produzir conhecimento. A produção de conhecimento de qualidade só é possível em ambientes de porta de entrada estreita e com rígido regime de mérito.
É o contrário do que propõe o sistema de cotas em votação no Senado. Se ele for aprovado, metade dos calouros terá acesso à universidade usando como passaporte de entrada o vago e cientificamente desacreditado conceito de raça.
Adeus ao mérito individual. Com ele se despedem também a produção de conhecimento e o avanço acadêmico. Deve haver formas menos destruidoras de reparar injustiças históricas.
A experiência com cotas no ensino superior começou no Brasil em 2002, quando a Universidade do Estado do Rio de Janeiro as instituiu pela primeira vez no país. Outras oitenta faculdades fizeram o mesmo, com modelos variados. Nenhuma dessas experiências tem resultados positivos conclusivos e tampouco unanimidade quanto a sua constitucionalidade. Ainda neste ano, o Supremo Tribunal Federal deve julgar a validade de dois desses modelos.
A novidade do projeto que tramita no Senado é que ele pretende institucionalizar as cotas. A ideia conta com forte apoio oficial e, felizmente, com a oposição de muitas lideranças negras do país que enxergam no favorecimento das cotas um risco para todos.
Como é de praxe quando se contraria uma decisão oficial do governo, a retaliação é automática. Diz Leão Alves, do movimento Nação Mestiça: "Não apoiar as cotas, como é o meu caso, significa abrir mão de financiamentos e cargos públicos".
Diz o sociólogo Demétrio Magnoli: "Políticas baseadas na raça são a negação do princípio fundador da democracia, segundo o qual as oportunidades das pessoas estão em aberto – e não pre-determinadas por suas origens".
Algumas das maiores e mais vergonhosas tragédias da história foram plantadas, cultivadas e colhidas pelo ódio racial produzido por políticas públicas racistas – a escravidão, o holocausto e o apartheid.
É ingênuo pensar que o progresso social se acelera quando o estado inverte o sinal de modo que um grupo racial historicamente derrotado possa, finalmente, triunfar sobre seus algozes. Isso produz mais ódio. (Assinante lê TUDO clicando AQUI)
Foto revista Veja/BG Press
3 comentários:
Reforçando suas palavras:"Eu, particularmente, sou contra as cotas e defendo o mérito acadêmico como único passaporte válido e justo para o ingresso numa universidade.
Aliás, como bem coloca a reportagem, a universidade não é destinada a promover e/ou repapar injustiças, mas sim a produzir o conhecimento."
Quando conclui o primário,tive que fazer exame de admissão para entrar no ginasial. No Japão até hoje existe este exame.O aluno tem que mostrar serviço no primário para poder continuar. Resultado disso é a seleta de profissionais melhores e mais competentes. Do jeito que as coisas estão parece que concluir uma faculdade não é tão dificil, o problema é sustentar uma particular, já que as faculdades públicas não atende a atual demanda.
Um abraço e bom final de semana do Airton.
Aluizio, os socialistas e comunistas se crêem portadores de um futuro maravilhoso.
Só que na verdade são bandidos incompetentes.
De prático, produziram milhões de mortos, miséria e tirania.
O difícil é convencer o povo absurdamente ignorante que vive aqui na Botoculândia, aka Brasil....
Sei não meu caro...
Se não houver reação forte das partes ainda sadias, virtuosas e inteligentes da sociedade não haverá futuro melhor para esta terra, apenas miséria, tirania e mais ignorância - vide exemplos da antiga URSS, Cuba, Venezuela, Bolívia....
Aluízio,
existem, sim, dívidas históricas para com o negros e índios. Sobre os primeiros, Joaquim Nabuco já alertava que a abolição, do jeito que foi feita, jogaria na rua da amargura todos os ex-escravos, muitos dos quais continuam, de fato, escravos até hoje.
Entretanto, o texto acerta no alvo quando diz que nao é funçao da universidade reparar injustiças sociais. Se abrirem esse precedente, caputs. O que o projeto institucionaliza nao são as cotas, mas o racismo no Brasil.
As políticas afirmativas foram instauradas, nos EUA, num contexto histórico e cultural muito diverso do nosso. No Brasil elas precisam ser reinventadas.
Volto a dizer, é função do Estado, sim, desenvolver políticas e AÇOES que contemplem especialmente as minorias (o que não vale para negros, mas sim para índios), e sobretudo as maiorias (miseráveis) excluídas do processo produtivo. É claro q nao estou falando na bolsa-família lulo-petrarcalista. Um bom ensino público, transporte público eficiente, saúde pública disponível, acesso à moradia e urbanização das favelas já fariam milagres.
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