O trabalho, agora, tem condições de ser remoto e a flexibilização gera o aparecimento de equipes descentralizadas e multidisciplinares, sem hierarquia definida. Nos Estados Unidos, por exemplo, segundo informações do escritório federal de estatística do país, entre 2000 e 2005 foram registradas mais de quatro milhões de empresas compostas por apenas uma pessoa.
O coworking não é um termo presente na produção acadêmica. Apesar de sua aproximação da nomenclatura cowork (colega de trabalho, em inglês), sua definição foi produzida pelo engenheiro do Google, Bred Neuberg em 2005, e refere-se a um local físico alternativo e, com uma estrutura de escritório, permite a produção e realização de trabalho de pessoas autônomas com ou sem vínculos empregatícios.
O conceito espalhou-se por 16 cidades de quatro continentes e hoje agrega cerca de três mil membros. No Brasil, o modelo possui duas residências oficiais, ambas em São Paulo: o The Hub, localizando na região central da capital paulista e o Pto de Contato, no bairro de Pinheiros. Nos Estados Unidos, são 158 espaços distribuídos. Continue lendo AQUI
MEU COMENTÁRIO: O texto acima é o início de um artigo do jornalista Rafael Sbarai, que tem apenas 23 anos de idade e assina o blog Viva em Rede, alojado no portal da revista Veja. Entretanto, este texto que destaco aqui é de seu blog pessoal De Repente
Os dois blogs são muitos bons. Ao visitá-los você entra naquilo que está rolando no mundo da tecnologia e como é que os jovens talentosos, estudiosos e dedicados estão trabalhando. Como funciona esse novo ambiente que respira a ciência aplicada que é a tecnologia que muitos de nós estamos usando aqui e agora e que é gestada em salas silenciosas, minimalistas e assépticas em vários pontos do mundo. Algo que parece já ultrapassar o antigo conceito de "incubadoras"
Nas minhas contas já se vive dois universos sociais e econômicos muito diferentes. O primeiro com um pé nos albores do século passado e outro que avança firmemente em direção ao futuro. A comunicação entre esses dois mundos se dá nos âmbitos filosófico (a filosofia que possibilitou o aparecimento da ciência moderna e que deu o contorno axiológico que caracteriza o ocidente) e o científico (as descobertas que possibilitaram o avanço da ciência e da tecnologia). Essa tradição permanece, mas a articulação da sociedade já se dá num outro plano em nível produtivo e também cultural.
Pela minha experiência vivida distingo um momento de ruptura que parece, posso estar errado, no início dos anos 90, quando as denominadas utopias da modernidade (eita!) sofreram um impacto inaudito pela ação corrosiva da ciência. Corrosiva no bom sentido. Os computadores saíram dos laboratórios e se tornaram acessíveis a qualquer pessoa e o surgimento da web, antes restrita a fechados institutos de pesquisa e ao setor militar americano, teve seu uso universalizado. Nessa época muito se praguejou por aqui contra a globalização e o neoliberalismo, enquanto nos países de alto capitalismo a discussão era outra. Lá já se antecipava o que agora está acontecendo.
Passaremos algum tempo ainda convivendo com esses dois mundos. Os países que seguirem o avanço científico e tecnológico tirando o pé do passado crescerão e a tendência é a melhora na condição de vida dos humanos de modo geral em todas as áreas em decorrência de novas descobertas científicas e tecnológicas. Quanto a isto não há nenhuma dúvida.
Neste aspecto sou pessimista com relação ao Brasil. Há quatro anos, aproximadamente, dedico-me inteiramente à internet acompanhando diariamente o que ocorre no mundo com atenção ao crescimento da ciência. E vejo o quanto o Brasil patina no desenvolvimento científico e tecnológico. Aqui mesmo no meu blog sinto quanta energia é gasta com discussões bizarras, como por exemplo, o fato de que nesta primeira década do século XXI ainda estamos travando uma batalha para garantir a vigência do regime democrático e do respeito à lei e à ordem. Falamos de racismo, quilombolas, índios e comunismo! Tal fato que abrange todo o continente latino-americano deve soar surreal, uma coisa muito estranha, para os jovens cientistas que modelam o espaço social e econômico das próximas décadas.
Veja só. O conceito de coworking foi cunhado por um engenheiro do Google em 2005. Lá se vão cinco anos. Todos esses programas dos computadores que você usa diariamente são produzidos em sistemas de trabalho baseados no coworking e que necessariamente não precisam ser ralizados fisicamente dentro das salas da sede do Google ou da Apple, mas em qualquer canto do planeta.
Concluindo. Eis aí uma realidade que é estimulante para as novas gerações. Mas fazendo essa reflexão não observo nenhuma evidência de que isto esteja mobilizando as universidades e centros de pesquisa do Brasil e no continente latino-americano. É certo que e ocorrem avanços pontuais nessa área de C&T por aqui, mas de forma tímida e isolada. Tanto é que enquanto os Estados Unidos já possuem 158 espaços de coworking, no Brasil existem apenas dois. E, como não poderia deixar de ser, em São Paulo.
No mais, a sensação que tenho é que habito um parque de dinossauros.
Comentários do blog estão aí para quem quiser debater, opinar ou até mesmo acrescentar ou contrapor alguma idéia.
Foto do blog De Repende
Um comentário:
Prezado Senhor,
Para que reunir diplomatas ou funcionários de organismos internacionais num só lugar: para servir de pretexto à manifestação de vândalos? O nível tecnológico em que nos encontramos permite a cada um ficar quietinho em seus respectivos países, consultar os seus chefes e votar tranquilamente. Mais: para que servem viagens presidenciais? Para promover turismo às custas do contribuinte? Alguém dirá que as conversas que ali se dão, tanto nas viagens presidenciais quanto nas reuniões de organismos internacionais, têm de se dar em sigiloso. Só a um tonto escapa o fato de, independente do nível tecnológico, inexistir segredo caso os participantes não o desejem ou não confiem entre si. É claro que não desconheço o aspecto teatral dessas reuniões e viagens. Mas de tão frequentes, reuniões, viagens e manifestações, os contribuintes e leitores (tontos ou não) já nem damos bola. Vídeo-conferência, senhores!
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