Lula é vítima de um destino que foi ao mesmo tempo generoso e cruel com ele. Carrega sozinho todo o PT. É um caso atípico na política, quando normalmente os partidos não estão na dependência de apenas uma liderança expressiva.
Outro fator que conduziu Lula a esse quadro de assombrosa hipertensão e stress profundo decorre também de uma característica dos partidos esquerdistas que determinam a ação de sua liderança, guiando-os por uma idéia fixa eivada de misticismo, segundo a qual têm de cumprir uma missão messiânica salvacionista. O esquerdista é normalmente um tipo fanático, já que baseia suas ações na certeza absoluta de sua crença política.
E não se pode afastar também uma outra síndrome que acomete os esquerdistas: a ânsia desmedida pela manutenção do poder e seus privilégios. O núcleo do poder detido pelo líder e seus sequazes, principalmente em se tratando de lideranças carismáticas como é o caso de Lula, passam a viver uma vida nababesca e não lhes passa pela cabeça a possibilidade de perder tais privilégios, razão pela qual eleição gera uma crise pela colisão entre os tipos de dominação carismática e a dominação racional legal que tipifica o Estado moderno. Este pressupõe seus três poderes, a alternância do poder, o embate democrático das idéias, a livre expressão do pensamento e o império da lei, ou seja da Constituição. A principal característica do Estado moderno é justamente a dominação não de uma pessoa, de um líder, mas desse ente jurídico-político que é a Lei Maior que passa a presidir todas as ações e relações sociais que envolvem a cidadania.
Na denominada dominação política carismática se o líder perde o carisma, perde o poder. Para mantê-lo tem de viver alimentando a crença no seu poder sobrenatural, imbatível. Tem de ser um permanente protagonista de façanhas que arrebatem as massas, daí o mantra repetido ad nauseam: nunca antes neste país. No entanto, esse tipo de dominação é sempre problemático. Afinal, um dia o líder carismático já não terá mais forças para governar e, como se sabe, o carisma é algo pessoal e intransferível. Eis aí a receita para um estado de crise permanente.
Por isto, a dominação carismática é sempre problemática. Se fizerem um inventário desses quase oito anos de Lula no poder verão que a Nação vive de um interregno de sobressaltos, crises, corrupção, operações policiais espetaculosas e permanente marketing alimentando a suposta infalibidade do líder. Notem também que num sistema de dominação carismática o líder está acima de todos. E todos os sequazes não passam da mera condição de sequazes. Por esta razão não surgiu até hoje dentro do PT nenhuma liderança política importante. A não ser Lula, o detentor do carisma. E isto não é bom para o Brasil e para nenhuma Nação.
Destaco a parte inicial a reportagem de Veja com link para assinantes da revista:
A internação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, no Real Hospital Português de Beneficência, no Recife, é reveladora de como é fácil superestimar nossos limites físicos e emocionais e subestimar os sinais de alerta emitidos pelo organismo. Menos de vinte dias depois de terminadas as férias de verão, a crise de hipertensão experimentada por Lula está associada ao stress.
O ritmo alucinante empreendido pelo presidente logo que voltou das férias contraria o que a maioria dos médicos recomenda nesses casos. O mais correto é começar a embalar um pouco na última semana de férias e ir com calma na retomada do expediente. Calma e Lula não costumam andar juntos. O presidente reentrou na arena administrativa e eleitoral como quem embarca em um automóvel a 100 quilômetros por hora. A cabeça comandou, mas o corpo não obedeceu e reagiu emitindo sinais bioquímicos característicos. A cadeia de reações do organismo nesses casos já é um clássico da medicina.
Em resposta ao stress, o organismo acelera a produção de certas substâncias que aumentam o batimento cardíaco, a pressão arterial, a taxa de açúcar no sangue e deprimem o sistema imunológico. A pessoa sente-se cansada, fica mais irritável e parece estar com uma gripe encruada, daquelas que não pioram, mas também não vão embora. "Ele está claramente tenso, cansado. É visível a mudança em seu humor neste início de ano", diz um ministro próximo de Lula. O único que parecia não notar os sinais (evidentes) do desgaste era o próprio presidente.
O organismo de Lula, como se viu, não quis nem saber das urgências eleitorais do político Lula – a mais aguda delas a viabilização da candidatura presidencial de Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil. Ao mesmo tempo o político Lula deu uma banana para o organismo com a mesma ênfase que peitou o Tribunal de Contas da União (TCU).
Em ritmo de campanha, o presidente tem se alimentado mal, dormido pouco, feito ainda menos exercícios físicos e fumado muito. Desde a volta do descanso com a família na Praia de Aratu, na Bahia, e no Guarujá, em São Paulo, no último dia 11, Lula já percorreu mais de 18 000 quilômetros pelo Brasil ao lado de Dilma. Nos dezessete dias de trabalho no ano, o presidente participou de 29 eventos públicos fora da capital e esteve em quinze cidades. Suas jornadas de trabalho chegavam até a quinze horas diárias.
O mal-estar que culminaria com uma pressão arterial assustadoramente alta, em 18 por 12 (bem acima dos 11 por 7 que Lula costuma apresentar), começou na madrugada de quarta-feira, na volta do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. No voo para Brasília, o presidente reclamou de cansaço e indisposição. Era 1 hora da madrugada. Depois da queixa, Lula não dormiu nem cinco horas e já estava em seu gabinete para uma reunião com assessores. Por volta das 10 da manhã, gravou a propaganda de televisão do PT, ao lado de Dilma, de ministros e parlamentares do partido. Do estúdio, foi direto para a base aérea, onde, ao meio-dia, embarcou rumo ao Recife. "Assim que entrou no avião, chamou o médico da comitiva", revela um assessor que acompanhava o presidente. Ele se mostrava esgotado e sua cabeça doía. A sinusite aparentemente controlada desde 2005, com a cirurgia para retirada de pólipos nasais, parecia ter voltado a incomodar. O coronel-médico Cleber Ferreira, que acompanha Lula há cinco anos, recomendou nebulização, para desobstrução das vias respiratórias.
Sentado sozinho, com as pernas estendidas, Lula fez a inalação durante todo o voo. Nos compromissos na capital pernambucana, estava abatido. Queixou-se de falta de fôlego, calafrios e palpitações. Pensou-se em gripe, mas um dos exames realizados mais tarde no Real Hospital Português de Beneficência mostraria que no sangue de Lula não havia vestígio de nenhum tipo de infecção por vírus. O mal-estar do presidente apresentava então a forma característica da reação corporal ao stress. Lula continuou no mesmo ritmo.
Apesar do quadro de extrema indisposição, não cancelou nenhum compromisso de uma intensa e longa agenda no Recife. Sob um calor ao redor dos 40 graus, entrando e saindo de ambientes refrigerados, o presidente inaugurou um posto de saúde, visitou a sinagoga mais antiga do Brasil, onde prestou homenagem às vítimas do Holocausto, participou de um coquetel no Palácio do Campo das Princesas com políticos do PSB e jantou com o governador Eduardo Campos. O abatimento era tão grande que, no posto de saúde, o falador Lula disse que seria breve em seu discurso porque estava com dor de garganta. Na sinagoga, ele simplesmente não discursou e era evidente sua dificuldade para respirar. No jantar, por volta das 21h30, o presidente, ainda muito ofegante, bocejava constantemente. Antes da sobremesa, pediu desculpas e saiu – não para descansar, mas para pegar o avião presidencial que o levaria a Davos, na Suíça, onde receberia o prêmio de estadista do ano concedido pelo Fórum Econômico Mundial.
Ao chegar à base aérea do Recife, o avião ainda não estava abastecido, mas Lula pediu para subir. Queria "esticar as pernas". Logo depois de entrar, chamou o coronel-médico Cleber Ferreira e disse que não se sentia bem. Lula suava frio, apresentava taquicardia e respirar exigia esforço extra. Ferreira constatou que a pressão arterial do presidente estava em 18 por 12, valores anormais altíssimos que exigem tratamento imediato. Lula, porém, insistia em seguir viagem. Ferreira usou de suas prerrogativas de médico do presidente da República e não apenas do homem Lula e tomou a decisão mais segura.
"O doutor Ferreira deixou bem claros os riscos a que o presidente se submeteria se passasse mais de oito horas respirando o ar rarefeito da cabine do avião, sem acesso a hospitais em plena crise de hipertensão", contou a VEJA um assessor que testemunhou o diálogo. Continua ele: "O médico foi firme o suficiente para convencê-lo a se internar". Assinante de Veja lê MAIS
Fotos da revista Veja
4 comentários:
Bom dia...
"Ele está claramente tenso, cansado. É visível a mudança em seu humor neste início de ano"
Deve sim, o ultimo ano em que está presidente deve ser muiiito pro ego desse cretino.
18x12 tenho eu qndo tenho muita coisa pra pagar por que esse sacana
não vê que o país não está aguentando tantos impostos, nem
assim dou piti!
Ponho um isordil na lingua e vou a luta!
Vida longa a esse salafrário, quero ver qndo explodir todas as safadezas deLLes, quero ver o que o futuro vai reservar a esse mefistoles.
Deve ser stress pre perda de boquinha. Por que o cara nao foi pro SUS? Segundo sua avaliacao, a saude publica no Brasil e otima.
Nunca vi tanto drama por causa de uma hipertensão. Parece o fim do mundo! Convivo com a minha há 30 anos e nunca dei show pois não tenho platéia!(Nem cardiologista de plantão pago pelos cofres públicos). Um comprimido sub lingual, diminuir o sal, o cigarro, o que está dentro do isopor resolvem.
Menos! Menos gente.
Ele se diz até melhor do que Deus, mas é certo que quem vai carregá-lo é o Diabo e, pelo que se lê neste post, parece que anda rondando a sua presa.
No entanto, o stress dele é o risco de que sua maoísta-destemperada perca e venhamos a conhecer o real estado das contas públicas e como ele vem mantendo sua "base alugada", dentre outras falcatruas.
Ademais, se acontecer o que eles julgam improvável, a insana república clepto-oligárquica-sindical, denominada de bolivariana, vai para o brejo.
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