Hospedado em um hotel de Brasília para --segundo ele mesmo-- observar o processo eleitoral do próximo domingo (3), o líder do Partido Sociedad Patriótica (PSP) conversou com a Folha por telefone e negou qualquer envolvimento com o levante policial. "Vim saber como funciona o processo de votação eletrônica", alega. "No Equador querem digitalizar as eleições, mas seguindo o modelo da Venezuela. Eu defendo que se utilize o sistema brasileiro."
Gutiérrez não interpreta o episódio como uma tentativa de assassinar Correa. "Se quisessem, o teriam matado dentro do hospital." O ex-presidente tampouco vê inclinações golpistas nas manifestações. "Ninguém quer derrubar Correa. Queremos que ele termine seu mandato, vá para casa e deixe os equatorianos em paz."
O líder da oposição já governou o país por duas ocasiões. Na primeira delas, em 2000, ele fez parte de um triunvirato que durou apenas uma noite antes de ser dissolvido pelas Forças Armadas. Em 2003, voltou ao poder pela via eleitoral, mas foi derrubado por intensos protestos populares que o obrigaram a fugir do Palácio de Carondelet e exilar-se no Brasil.
Maior adversário político de Correa, Gutiérrez deve retornar ao Equador no dia 6 de outubro com uma mensagem de "unidade nacional". "Os equatorianos mais que nunca devemos estar unidos para não permitir as manipulações do governo", diz.
Leia a íntegra da entrevista concedida à Folha:
FOLHA - O sr. está por trás dos distúrbios policiais desta quinta-feira?
O líder da oposição já governou o país por duas ocasiões. Na primeira delas, em 2000, ele fez parte de um triunvirato que durou apenas uma noite antes de ser dissolvido pelas Forças Armadas. Em 2003, voltou ao poder pela via eleitoral, mas foi derrubado por intensos protestos populares que o obrigaram a fugir do Palácio de Carondelet e exilar-se no Brasil.
Maior adversário político de Correa, Gutiérrez deve retornar ao Equador no dia 6 de outubro com uma mensagem de "unidade nacional". "Os equatorianos mais que nunca devemos estar unidos para não permitir as manipulações do governo", diz.
Leia a íntegra da entrevista concedida à Folha:
FOLHA - O sr. está por trás dos distúrbios policiais desta quinta-feira?
LUCIO GUTIÉRREZ- As acusações de Rafael Correa são falsas e temerárias. Está sempre me culpando de tudo. Quando os indígenas se rebelaram, me culpou. Quando os estudantes protestaram, me culpou. Quando os professores saíram às ruas, Correa disse que eu estava por trás das manifestações. O grande culpado por este episódio doloroso que aconteceu no Equador é Rafael Correa, porque seu governo é abusivo, corrupto e totalitário. É um governo intolerante, que não respeita os direitos dos cidadãos.
A tentativa de golpe é justa?
Ninguém no Equador quer um golpe de Estado. Rafael Correa quer se vitimizar perante o mundo e desviar a atenção da opinião pública sobre o desemprego, a pobreza e as denúncias de corrupção. O único golpista é Rafael Correa. Ele mesmo confessou que participou de toda conspiração que resultou no golpe contra meu governo.
As imagens de TV mostraram os policiais rebeldes gritando seu nome.
Eu ganhei a presidência com 3 milhões de votos, e todas essas pessoas certamente são contrárias às atitudes ditatoriais do presidente Correa. Estou no Brasil há dois dias. Tudo isso é fruto da irresponsabilidade do presidente, que abusa do poder e não permite que no Equador haja liberdade de expressão, independência de funções ou prestação de contas, que não permite que a Assembleia cumpra sua função de legislar e fiscalizar. Então, qualquer coisa que acontece no país, ele joga a culpa em mim. Por quê? Porque as pessoas dizem "com Lucio, estávamos melhor". Não foram apenas os policiais que gritaram meu nome.
Por que a rebelião surgiu na Polícia Nacional?
Porque os policiais foram prejudicados em seus direitos. Rafael Correa aprovou uma lei para acabar com os benefícios da carreira. O presidente destruiu um órgão da Polícia Nacional chamado Unidade de Investigações Especiais, que descobriu funcionários do governo vinculados ao narcotráfico. Foi também a polícia que denunciou a presença de ex-guerrilheiros trabalhando na administração pública e que detém informação sobre os vínculos de Rafael Correa com as Farc e o narcotráfico. É por ter conhecimento de todos estes fatos que a polícia está protestando contra o desgoverno de Correa.
Mas por que os policiais reagiram com tanta violenta, tiroteios e bombas?
Porque vêm sendo permanentemente agredidos pelo presidente. Assim também reagiram os indígenas e os estudantes, mas, como não têm armas para se defender, foram reprimidos de maneira brutal pelo governo. Como Rafael Correa manipula muito a informação, no exterior é publicada apenas a mentira de que no Equador está tudo bem --e não é assim. Espero que agora o mundo entenda que o país não vive uma democracia autêntica. Ninguém é louco: os policiais não vão arriscar suas vidas, suas carreiras e suas famílias protestando sem razão. Do portal Folha.com
MEU COMENTÁRIO: Notem nessa entrevista a pergunta calhorda do entrevistador que sem ter a prova de que está havendo golpe de Estado no Equador formula a pergunta:"A tentativa de golpe é justa?", quando a pergunta correta é se está ou não havendo realmente um golpe de Estado.
A tentativa de golpe é justa?
Ninguém no Equador quer um golpe de Estado. Rafael Correa quer se vitimizar perante o mundo e desviar a atenção da opinião pública sobre o desemprego, a pobreza e as denúncias de corrupção. O único golpista é Rafael Correa. Ele mesmo confessou que participou de toda conspiração que resultou no golpe contra meu governo.
As imagens de TV mostraram os policiais rebeldes gritando seu nome.
Eu ganhei a presidência com 3 milhões de votos, e todas essas pessoas certamente são contrárias às atitudes ditatoriais do presidente Correa. Estou no Brasil há dois dias. Tudo isso é fruto da irresponsabilidade do presidente, que abusa do poder e não permite que no Equador haja liberdade de expressão, independência de funções ou prestação de contas, que não permite que a Assembleia cumpra sua função de legislar e fiscalizar. Então, qualquer coisa que acontece no país, ele joga a culpa em mim. Por quê? Porque as pessoas dizem "com Lucio, estávamos melhor". Não foram apenas os policiais que gritaram meu nome.
Por que a rebelião surgiu na Polícia Nacional?
Porque os policiais foram prejudicados em seus direitos. Rafael Correa aprovou uma lei para acabar com os benefícios da carreira. O presidente destruiu um órgão da Polícia Nacional chamado Unidade de Investigações Especiais, que descobriu funcionários do governo vinculados ao narcotráfico. Foi também a polícia que denunciou a presença de ex-guerrilheiros trabalhando na administração pública e que detém informação sobre os vínculos de Rafael Correa com as Farc e o narcotráfico. É por ter conhecimento de todos estes fatos que a polícia está protestando contra o desgoverno de Correa.
Mas por que os policiais reagiram com tanta violenta, tiroteios e bombas?
Porque vêm sendo permanentemente agredidos pelo presidente. Assim também reagiram os indígenas e os estudantes, mas, como não têm armas para se defender, foram reprimidos de maneira brutal pelo governo. Como Rafael Correa manipula muito a informação, no exterior é publicada apenas a mentira de que no Equador está tudo bem --e não é assim. Espero que agora o mundo entenda que o país não vive uma democracia autêntica. Ninguém é louco: os policiais não vão arriscar suas vidas, suas carreiras e suas famílias protestando sem razão. Do portal Folha.com
MEU COMENTÁRIO: Notem nessa entrevista a pergunta calhorda do entrevistador que sem ter a prova de que está havendo golpe de Estado no Equador formula a pergunta:"A tentativa de golpe é justa?", quando a pergunta correta é se está ou não havendo realmente um golpe de Estado.
Por enquanto ainda não havia postado nada sobre os acontecimentos do Equador porque o que está sendo veiculado pela grande imprensa brasileira e internacional não oferece segurança para uma análise mais consistente.
Essa entrevista já começa a jogar um pouco de luz sobre a ordinária manipulação da informação coisa na qual o tiranete equatoriano é um especialista. Todos sabem que Correa está alinhado a Hugo Chávez, Lula, Moralez e Daniel Ortega.
Ao que tudo indica estamos vendo mais uma grande jogada do Foro de São Paulo que coincide com a reta final da eleição brasileira. Mas isso é outra história que provavelmente terei que abordar mais adiante. As informações que nos chegam são insuficientes. A primeira mais clara e consistente está nesta entrevista.
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Ao que tudo indica estamos vendo mais uma grande jogada do Foro de São Paulo que coincide com a reta final da eleição brasileira. Mas isso é outra história que provavelmente terei que abordar mais adiante. As informações que nos chegam são insuficientes. A primeira mais clara e consistente está nesta entrevista.
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2 comentários:
Uma coisa é certa, a morte do Correa seria uma benção para toda AL.
Pelo que eu li por aí, é mais uma tentativa de Correa de dar um golpe. Já não é a primeira vez que ele está tentando fazer isso. Até o fechamento do congresso ele já tentou fazer muitas vezes. Isso ele pode fazer,está escrito na própria constituição deles. Mas não deixa de ser um golpe. E após fechar o congresso, Correa só poderia governar no máximo por sete meses, quando então, seriam feitas novas eleições. Mas o que ele poderia fazer nesses sete meses sozinho, ninguém sabe. Ainda é cedo para saber isso.
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