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terça-feira, outubro 05, 2010

PF ESTOURA ESQUEMA DE COMPRA DE VOTOS EM RORAIMA. JUCÁ ESTÁ SENDO INVESTIGADO. ESCÂNDALO ENVOLVE R$ 1,8 MILHÃO

A Polícia Federal em Roraima investiga a origem e o destino de mais de R$ 1,8 milhão apreendidos sob suspeita de compra de votos no período eleitoral no Estado.

Desse total, R$ 1,1 milhão tem relação direta, segundo a polícia, com o candidato reeleito Romero Jucá (PMDB), líder do governo no Senado.

A PF suspeita que esse dinheiro venha de "contratos e licitações para as áreas da saúde e infraestrutura desviados para a campanha".

"Aqui quem ganha eleição é quem tem dinheiro para comprar voto. A verdade é essa, eu não vou esconder", diz o superintendente da PF em Roraima, Herbert Gasparini.

Segundo a PF, da quantia de R$ 1,1 milhão, foram liberados R$ 910 mil porque o senador comprovou o destino. O dinheiro seria para gastos com as campanhas dele, da deputada federal eleita Teresa Jucá (PMDB), sua ex-mulher, e do deputado estadual eleito Rodrigo Menezes Jucá (PMDB), seu filho. Todos negam as acusações da PF. 

A polícia ainda investiga qual é origem desses R$ 910 mil. A PF suspeita de crimes de corrupção eleitoral, abuso do poder econômico. Se forem comprovados, podem resultar na inelegibilidade de Jucá. "O vínculo maior do dinheiro apreendido é com o senador [Jucá], disse.

Segundo ele, a PF vai fazer um cruzamento de informações para checar os dados. "Nós mostramos, inclusive, que contratos apresentados por eles são de pessoas que dizem que não trabalharam na campanha dos candidatos", afirma o delegado.

Desses R$, 1,1 milhão, a primeira apreensão relacionada a Jucá aconteceu na semana passada. Foram R$ 80 mil com um dos coordenadores da Jucá. Outros R$ 110 mil estavam uma coordenador da campanha de Teresa Jucá.

Na sexta, antevéspera das eleições, a PF fiscalizou uma transportadora de valores e encontrou R$ 800 mil. O carro-forte com o dinheiro foi levado à sede da polícia.

De acordo com Gasparini, Jucá contratou a a transportadora de valores desses R$ 800 mil apreendidos.

"Eu queria que ficasse claro que não é uma ação dirigida: nós fizemos uma investigação de inteligência e tivemos êxito. Os R$ 80 mil estão retidos até hoje e eram dele [Jucá]", disse o delegado.
Na antevéspera das eleições, após sair do escritório de Jucá, o empresário Amarildo Freitas teve o carro interceptado por agentes da PF. Perseguido pelos policiais, ele relatou ter se assustado e jogou pela janela do carro R$ 100 mil dentro de um pacote. Em depoimento, ele diz que recebeu o dinheiro das mãos do senador.

"No depoimento dele [Freitas] ficou claro que ele recebeu o pacote da mão do senador Jucá e do filho dele, Rodrigo Jucá. As provas são inquestionáveis", afirmou.

O superintendente da PF disse que, após o episódio, Jucá compareceu à sede da polícia. "Ele estava muito exaltado por causa da fiscalização. O que eu disse a ele? O senhor vai sair daqui com uma certeza: a Polícia Federal vai continuar fiscalizando quem quer que seja", disse. Da Folha.com

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