Mais uma vez destaco um texto veiculado pela grande imprensa. Está no Estadão mas não foi escrito por jornalista que integra a redação do ex-vetusto diário paulistano. O texto é de Nelson Motta, que além de saber muito sobre música, desta feita soube como ninguém sacar das letras de sambas e marchinhas carnavalescas as ironias e críticas que hoje são proibidas pela estupidez da patrulha do pensamento politicamente correto. O título do post é o original do artigo. Jamais verão, leitores, algum escrito deste gênero cometido por jornalistas das redações dos jornalões, cujos cérebros sofrem o emburrecimento decorrente do deletério pensamento politicamente correto. Por isso vale a pena ler o texto de Nelson Motta:
Como seu próprio nome antecipava, o bloco carnavalesco "Que merda é essa?", usando camisetas com Monteiro Lobato abraçado a uma mulata, enfrentou protestos irados de militantes que denunciaram o escritor por racismo contra Tia Nastácia e recomendaram ao Ministério da Educação o seu banimento das escolas públicas.
Com o avanço do politicamente correto, "Índio quer apito" será um dos próximos alvos, pela forma pejorativa de se referir aos nossos silvícolas, os verdadeiros donos da terra brasileira, enganados e explorados pelos brancos.
Por seu desrespeito à diversidade sexual e sua homofobia latente, Cabeleira do Zezé não deverá mais ser cantada nas ruas e em bailes, por estimular preconceitos contra homossexuais. Nem Maria Sapatão, a correspondente feminina da violência homofóbica contra o Zezé ("Corta o cabelo dele!" ). Além da ofensa ao profeta Maomé, ao compará-lo a um gay cabeludo. Por muito menos Salman Rushdie teve de passar anos escondido da fúria islâmica.
Precursor do politicamente correto, o fundamentalismo islâmico exigirá a proibição de Alá-Lá-Ô por usar com desrespeito o Nome Supremo em festas devassas e ofender o Islã. Um aiatolá dos Emirados Sáderes pode até emitir uma fatwa condenando os autores da blasfêmia à morte.
Pelo uso do termo pejorativo e racista "crioulo" não escaparão da condenação nem os ilustres afro-brasileiros Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Nelson Sargento, Anescarzinho e Jair do Cavaquinho, criadores do clássico Quatro Crioulos, em 1965. Além da palavra maldita, a música diz que eles ocupam boquinhas públicas, em plena ditadura:
"São quatro crioulos inteligentes / rapazes muito decentes / fazendo inveja a muita gente / muito bem empregados numa secretaria ?"
O Samba do Crioulo Doido, de Sérgio Porto, é pior: por sugerir que a burrice e a ignorância seriam exclusivas dos negros e associá-las ao mundo do samba. Puro preconceito: a estupidez não escolhe cor e também abunda no rock, na política e no esporte. E cada vez mais nos meios acadêmicos racialistas e politicamente corretos.
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2 comentários:
Amorim,
É preciso cuidado.
O Lobato advogava que a humanidade, tal como as vinhas, careciam da profilática poda.
Assim mesmo, nesses termos.
Humanidade, vinha, poda.
Quem há de negar que ele estava com a razão?
Mas como não tomar isso por ou como racismo?
O Motta sabe que é mas ganha o suficiente para dizer que não é.
É do jogo.
E no momento atacar e/ou defender o Lobato é um rendoso negócio.
Jacutinga
Bem, a música infantil "Atirei o Pau no Gato", já teve a letra alterada. Ficou uma droga que ninguém canta, a não ser que seja para assustar a criançada. Ainda cantam a letra original, que toda criança gosta. O que Lobato defendia ou acreditava, de bom ou de ruim, pode ser enfrentado com mais liberdade e educação e não com menos. E sem censura. Não há idiotia que resista, quando confrontada com mais educação e liberdade.
Dawran Numida
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