Erenice e Hideraldo: denúncia não foi apurada |
Em novembro de 2006, a então secretária executiva da Casa Civil da Presidência da República, Erenice Guerra, recebeu uma carta com denúncias graves. A correspondência falava sobre como grandes empreiteiras pagavam propina aos dois últimos ministros dos Transportes, Anderson Adauto e Alfredo Nascimento, a políticos do PL e a diretores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) durante o primeiro governo Lula. Endereçada à então chefe de Erenice, Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil na ocasião, a denúncia detalhava valores de obras, citava quem pagava e quem recebia dinheiro. Tudo muito semelhante ao esquema revelado no atual escândalo do Ministério dos Transportes.
A carta denúncia chegou ao governo depois de recebida em casa por um alto funcionário da Secretaria de Controle Interno do Palácio (Ciset), órgão que fiscaliza a lisura dos contratos firmados pela Presidência. O funcionário diz que a carta era anônima. Apesar de apócrifa, os auditores do Palácio se convenceram da necessidade de apurar. Diante do conteúdo delicado do documento, decidiram procurar Erenice Guerra. ÉPOCA ouviu dois funcionários da Ciset que acompanharam a história para saber o que aconteceu. De acordo com eles, depois de ler a carta, Erenice pediu um tempo para reflexão. Mais tarde, no mesmo dia, informou que não aceitaria a recomendação – mandar investigar a denúncia – para não criar problemas com a base governista no Congresso Nacional.
Hoje, lendo a carta com atenção, chega-se à conclusão de que, se as acusações tivessem sido apuradas, boa parte das suspeitas de corrupção surgidas nas últimas semanas – que levaram à demissão de mais de uma dúzia de funcionários dos transportes, entre eles o ministro Alfredo Nascimento – teria sido evitada. Leia a reportagem completa AQUICLIQUE E SIGA ---> BLOG DO ALUÍZIO AMORIM NO TWITTER
Um comentário:
PF culpa bancos por atraso em investigação de caso Erenice.
Bancos têm atrasado, segundo a Polícia Federal, a conclusão do inquérito aberto para investigar suposto tráfico de influência da ex-ministra Erenice Guerra e seus familiares na Casa Civil.
Apesar da Justiça ter concedido a quebra do sigilo bancário de alguns investigados com o prazo máximo de dez dias, tem havido uma "demora sistemática", de acordo com a PF, para que esses dados sejam enviados à Justiça pelos bancos.
Braço direito da presidente Dilma Rousseff no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Erenice deixou o ministério em setembro do ano passado, após a Folha revelar que ela tinha recebido um empresário que negociou contrato com firma de lobby de um filho dela.
Já foram ouvidas mais de 50 pessoas no inquérito, segundo a Folha apurou-- entre elas, funcionários da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e empresários ligados à família da ex-ministra.
A Polícia Federal pediu à Justiça, por conta dos atrasos nas quebras dos sigilos bancários, a renovação do prazo do inquérito por mais 30 dias. É a quinta vez que os investigadores pedem a prorrogação da investigação, que já dura dez meses.
A Folha apurou que haverão novas diligências dentro do inquérito na segunda-feira (25).
A CGU (Controladoria-Geral da União) encerrou em março as investigações de denúncias sobre o caso e encontrou três irregularidades "graves".
A controladoria considerou que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) beneficiou a empresa de telefonia Unicel, dirigida à época pelo marido de Erenice, ao conceder a ela uma faixa de frequência em condições privilegiadas e recomendou a suspensão da outorga.
A CGU também encontrou
"irregularidades" num convênio entre o Ministério das Cidades e a Fundação Universidade de Brasília que causou prejuízo de R$ 2,1 milhões aos cofres públicos, e na contratação pelos Correios da empresa aérea MTA Linhas Aéreas em contratos que somavam R$ 59,8 milhões.
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