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segunda-feira, agosto 08, 2011

GUSTAVO FRANCO NÃO VÊ BOLHA NENHUMA, NEM FRACASSO NEOLIBERAL, MAS O FIM DE UMA ERA DE KEYNESIANISMO FÁCIL.

"Teremos uma marcha lenta no Primeiro Mundo em razão da necessidade de corrigir os excessos fiscais. Não há espaço para políticas keynesianas de gasto nem para redução dos juros." A avaliação é de Gustavo Franco, 55, ex-presidente do Banco Central (governo FHC), para quem a crise pode significar "o fim de uma era de keynesianismo fácil".
 

Sócio-fundador da Rio Bravo Investimentos, Franco é o entrevistado desta segunda-feira na Folha de S. Paulo e vê uma "exaustão fiscal global" e advoga a redução dos gastos públicos. "Não vejo bolha nenhuma, muito menos fracasso neoliberal", diz. 

A entrevista é longa. Reproduzo três perguntas e respostas. A rigor Gustavo Franco vê no excessivo endividamento público e no gigantismo estatal com irrefreável irresponsabilidade fiscal, as raízes desse propalado colapso das economias dos países centrais.
Aqueles que viviam praguejando contra o capitalismo e torcendo pela decadência dos Estados Unidos já começam a medir as palavras de seus discursos palanqueiros. Tanto é que Gustavo Franco adverte que "era bom ficarmos nós, aqui no Brasil, bem quietos e prudentes, pois os nossos números fiscais não estão muito diferentes daqueles dos países com problemas." Tem razão. Leiam:
Vivemos o estouro de várias bolhas? Há quem afirme que a crise desses dias é a prova do fracasso neoliberal. É? Não vejo bolha nenhuma, muito menos fracasso neoliberal. É preciso olhar a situação com frieza, sem preconceitos ideológicos: o que estamos vivendo é o esgotamento do crescimento do Estado nas grandes democracias ocidentais, e mais o Japão, onde os níveis de endividamento público ultrapassaram medidas habitualmente aceitas de responsabilidade fiscal.
O mal-estar é causado pelo fato de que há deficits e dívidas enormes. Os gastos públicos têm que cair. Em cada sociedade há um grupo, como o Tea Party, que vai se opor a aumento de impostos. O enredo do impasse americano é global, e, por isso mesmo, foi tão impactante. É uma prévia do que vai ser visto em muitos países. É como se fosse o fim de uma era de keynesianismo fácil, onde tudo sempre se resolve com o gasto público, socializando perdas, ou acomodando sucessivas e inesgotáveis "conquistas", e coalizões cada vez maiores. Essa paralisação fiscal-financeira do Estado representa novo desafio, talvez início de um novo tempo.

Politicamente, quais serão os efeitos da decisão da S&P e todo o enrosco de Obama com o Congresso? A China já está reclamando.
Acho que o impacto pode até ser positivo, na medida em que mobiliza energias políticas para a busca de soluções. A China é um capítulo à parte, pois não tem os problemas fiscais próprios das democracias ocidentais por uma razão simples e óbvia: não é uma democracia. Para ser, e evitar uma primavera que pode ser tumultuada, teria que alterar muito de suas instituições ligadas ao mercado de trabalho e à seguridade social. O fato é que a China tem sido a fonte de um discurso meio vigarista sobre o "fracasso do modelo liberal" que na verdade é uma velha cantilena sobre a ineficiência da democracia.
Como o sr. avalia a fragilidade de economias como Itália e França? Como está a saúde financeira dos bancos europeus?
O temor alcança todos, e por isso era bom ficarmos nós, aqui no Brasil, bem quietos e prudentes, pois os nossos números fiscais não estão muito diferentes daqueles dos países com problemas. Nesses episódios de elevação da aversão ao risco, os mercados ficam procurando os países e as empresas fragilizados. Assinante lê a entrevista naíntegra AQUI

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