Por Nilson Borges Filho (*)
O que leva um empresário – com anos de estrada – que presidiu uma das principais federações das indústrias do país e que se mantém à frente da instituição que representa o PIB brasileiro, a mentir, sem qualquer pudor, para salvar a pele de um político, expondo-se perante à opinião pública como alguém sem credibilidade? Qual a motivação que leva esse senhor a compactuar com uma história fantasiosa e eticamente comprometedora, colocando em risco a própria entidade que dirige? E como ficam, perante seus filiados, as representações regionais de uma federação de empresários, que se viram envolvidas no imbróglio, como se estivessem fazendo parte de um esquema fajuto para encobrir uma situação pra lá de suspeita?
Depois desses fatos, o que deve estar passando pela cabeça daquele empresário, que luta com dificuldade, que se vê obrigado a contrair empréstimos a juros extorsivos e submeter-se a uma carga tributária indecorosa? Enquanto procura entender a lógica dos acontecimentos, ele mesmo descobre que a contribuição que recolhe, mensalmente, em cima da sua folha de pagamento, está sendo utilizada para azeitar o bolso de um político desempregado.
Pior: tudo sob o manto do deboche, com justificativas subalternas de quem pagou e de quem foi o beneficiário do butim. O empresário correto, que está quites com suas obrigações fiscais e que não se utiliza de expedientes no paralelo e sabe que vai enfrentar um 2012 com a economia desacelerada, pensa o quê disso tudo?
O ministro está acuado e por mais que procure aparentar normalidade, o clima entre seus assessores é de preocupação. Gente do PT, que defende Pimentel em público, não esconde o desconforto e, observa, que o noticiário desfavorável ao ministro pode servir de alimento para a oposição nas eleições de 2012. Já se ouviu, em bom tom, que Pimentel não é nenhuma unanimidade no partido, mas a ordem do Planalto é para blindar o ministro, pois o resultado das palestras fantasmas pode ter abastecido o caixa da última campanha eleitoral.
O governo joga com o elemento tempo: os festejos de final de ano irão se constituir num aliado do ministro. Não está descartado o remanejamento de Pimentel para uma área com menos visibilidade, mas com mais poder estratégico junto à presidente. Desde, é claro, que não surjam novas denúncias, Pimentel continuará contando com a “confiança” da presidente. Até lá – segundo a rádio corredor – é trazer para o debate público o livro do jornalista Amaury Ribeiro sobre a privatização nos anos FHC e incentivar a raia miúda (o baixo clero) a bater na mídia. Muito embora ninguém leve a sério esses tipos, eles querem mostrar que existe uma reação ao que está sendo publicado contra o ministro.
(*) Nilson Borges Filho é doutor em Direito, professor e articulista colaborador deste blog.
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